Sábado, 7 de setembro de 2013
Foi a partir da ilha de Ascensão, a 2,5
mil quilômetros do Recife, que agentes de Barack Obama conseguiram
bisbilhotar conversas telefônicas e trocas de e-mails da presidenta
Dilma Rousseff
Claudio Dantas Sequeira e Josie Jeronimo — Revista IstoÉ
A cerca de 2,5 mil quilômetros do Recife (PE), numa região inóspita
do Atlântico Sul, existe uma pequena ilha de colonização britânica
chamada Ascensão. É lá que os agentes de Barack Obama captam
aproximadamente dois milhões de mensagens por hora. São basicamente
conversas telefônicas, troca de e-mails e posts em redes sociais. É
dessa pequena ilha que os técnicos da NSA, uma das agências de
inteligência dos Estados Unidos, vêm bisbilhotando as conversas da
presidenta Dilma Rousseff e de alguns de seus ministros mais próximos,
segundo especialistas ouvidos por ISTOÉ na última semana. A ilha de
Ascensão tem apenas 91 quilômetros quadrados e seria irrelevante se não
estivesse numa posição estratégica, a meio caminho dos continentes
africano e sul-americano. Ao lado de belas praias, sua superfície abriga
poderosas estações de interceptação de sinais (Singint), que se erguem
como imensas bolas brancas. Elas integram um avançado sistema de
inteligência que monitora em tempo real todas as comunicações de Brasil,
Argentina, Uruguai, Colômbia e Venezuela e fazem parte de um projeto
conhecido como Echelon (leia quadro à pág. 46), que envolve, além dos
Estados Unidos, Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália e Canadá.
INÍCIO DE TUDO
Documentos mostrados pelo ex-analista da CIA Edward Snowden indicam
que a interceptação americana partiu da ilha de Ascensão
O indicativo mais forte de que a invasão de Obama nas conversas da
presidenta Dilma e seus ministros se deu a partir da ilha está nos
próprios documentos exibidos por Edward Snowden, denunciando o esquema.
Neles, lê-se, na parte inferior, o grau de classificação “top secret”
(ultrasecreto), o tipo de documento Comint/REL (comunicação
interceptada) e sua divulgação (USA, GBR, AUS, CAN, NZL), exatamente as
siglas que indicam os países do sistema Echelon. “Há um alto grau de
probabilidade de que a NSA já tenha entrado não apenas no sistema de
comunicações da presidenta, mas em todos os sistemas nacionais
críticos”, alerta o consultor em segurança Salvador Ghelfi Raza, que já
trabalhou para o governo de Barack Obama.