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Quarta, 21 de janeiro de 2015
Joaquim Levy
(Hoje em Dia)
- O novo Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou, há alguns dias, que,
no financiamento a empresas, é preciso abandonar o "patrimonialismo"
e apoiar a "igualdade de oportunidades" e a "impessoalidade"
do Estado.
O que o Ministro
quis dizer com isso?
Será que ele estava
sugerindo que acredita que uma empresa nacional, que paga dos mais altos juros
do mundo, dispõe das mesmas oportunidades que empresas estrangeiras que captam
recursos a juros dez vezes mais baixos em seus países de origem, ou recebem
descarada ajuda governamental, de países como a Espanha, recentemente condenada
pela UE por financiar e apoiar, desde a última década do século passado,
"ilegalmente", segundo as regras europeias, a internacionalização de
suas empresas, especialmente na América Latina?
Os Estados não
costumam ser impessoais. Eles servem às nações na formulação e execução de
estratégias, estabelecidas segundo a época e os desafios, escolhendo os setores
nacionais que irão apoiar, para a execução de projetos e programas voltados
para a conquista do desenvolvimento, e de poder e projeção econômica, militar e
geopolítica, em um mundo cada vez mais competitivo.
Dizer que o Estado
deve ser "impessoal" em um planeta em que a Europa e os EUA,
principalmente, funcionam na base do lobby - com a permanente troca de
favores entre políticos, estado e iniciativa privada - em que o Pentágono, por
exemplo, escolhe, há anos, na base do compadrio, as empresas que irão participar
do desenvolvimento e fabricação de suas armas e sistemas, fartamente
financiados com dinheiro do contribuinte, e com acesso vetado por lei para
empresas estrangeiras como a Embraer, obrigada a se associar a uma empresa
local para vender aviões à USAF; e existem bancos de fomento que tem como única
missão apoiar setores e empreendedores locais, como é o caso do Eximbank, e
de outras instituições congêneres da Coréia, Japão, Alemanha, só
pode ser um devaneio romântico ou um insulto à inteligência da Nação.
Todos os países - ou
ao menos os de maior sucesso, sempre investiram em cientistas,
empreendedores, ideias, empresas e projetos. E para cada Krupp, Rockfeller,
Agnelli, Volkswagen, Bayer, Boeing, bem sucedidos, há bilhões em recursos em
dinheiro público aplicados em dezenas de empreendedores e empresas que irão
fracassar, em um processo permanente de tentativa e erro, que é fiel retrato de
como caminham as nações ("capitalistas" ou "socialistas") e
a humanidade.
Está certo, vamos
acabar com o "patrimonialismo". Mas o que representa o governo pagar
bilhões de reais em juros, dos mais altos do mundo, aos bancos e aos sistema
financeiro, todos os anos, senão o mais inútil "patrimonialismo"?
O que o Brasil
precisa, não é deixar de financiar suas empresas - como fez o BNDES, por
exemplo, com o consórcio do qual tomava parte o Bradesco, na polêmica
privatização, a preço irrisório, da Vale do Rio Doce, nos anos 1990.
E, sim, escolher,
abertamente, publicamente, como deve investir seus recursos, em benefício do
país e dos brasileiros, e fazê-lo decididamente, com critérios transparentes, e
sem hipocrisia, como fazem as outras nações do mundo.