André Richter
- Repórter da Agência Brasil
Um dos delatores da Operação Lava Jato, Rafael Ângulo Lopez,
confirmou hoje (24) ao juiz federal Sergio Moro que fez pagamentos em dinheiro
ao ex-deputado federal Pedro Corrêa, que está preso em Curitiba. Outro delator,
o doleiro Alberto Youssef, confirmou que, além disso, doou a Corrêa R$ 7
milhões para a campanha do ex-parlamentar à Câmara dos Deputados em 2010.
Corrêa foi condenado na Ação Penal 470, o processo do
mensalão, e cumpria prisão em regime aberto antes de ser preso. No depoimento,
Lopez disse que viajava com dinheiro preso ao corpo para entrega-lo a pessoas
indicadas pelo doleiro Alberto Youssef, para quem ele trabalhava. O doleiro é
um dos operadores financeiros do esquema de corrupção na Petrobras. No
depoimento, o delator também relatou pagamentos para Aline e Fábio Correa,
filhos do ex-parlamentar.
Lopez, que assinou acordo de delação premiada com a
força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), disse que entregou dinheiro
pessoalmente a Correa. Os pagamentos ocorreram na residência dele, em Recife,
no apartamento funcional, em Brasília, e no escritório de Youssef. Segundo o delator,
os pagamentos eram feitos uma ou duas vezes por mês e variavam entre R$ 150 mil
e R$ 200 mil, somando valores que eram destinados ao ex-parlamentar e a
terceiros, indicados por ele.
Em uma planilha entregue aos investigadores, o delator disse
que identificava os pagamentos feitos com os dizeres "BAND" e as
iniciais do recebedor. Segundo ele, "BAND" significava bandidos, e
era utilizado para se referir a pagamentos para políticos. Em outro depoimento,
prestado nesta segunda-feira ao juiz Sergio Moro, o doleiro Alberto Youssef,
disse que os pagamentos ao ex-deputado ocorreram mesmo após a condenação no
STF. O doleiro também afirmou que doou R$ 7 milhões para a campanha política de
Correa à Câmara dos Deputados em 2010.
A defesa do ex-deputado informou que só vai se pronunciar
nos autos. O juiz Sérgio Moro marcou para a próxima quarta-feira (26) audiência
presencial para que Correa posse se defender das acusações.
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