Domingo, 16 de agosto de 2015
Da Tribuna da Internet
Jorge Béja
Hoje, sábado, 15.8.2015, faz 200
anos que Dom Bosco nasceu. Naquela manhã cinzenta e fria de 15.8.1815, na
cidade italiana de Castelnuovo, de Margarida Ochiena e Francesco Bosco, nasceu
um criança que recebeu o nome de Giovanni Melchior Bosco e que dedicou sua
vida, até morrer em 31 de Janeiro de 1888, à causa da juventude desamparada,
que perambulava pela cidade, assaltando e matando. Eram os “birichinis”. Ou
seja, os “Meninos de Rua” de hoje, do nosso Rio de Janeiro e de tantas outras
cidades do pais. Primeiro, Dom Bosco cativou o coração de Bartolomeu Garelli.
Era o mais vioilento deles. Chefiava os bandos e as quadrilhas. Depois, foi
ganhando a confiança de mais 10, de mais 100, 200… E assim, criou a Sociedade
Salesiana, em homenagem a São Francisco de Sales. Dom Bosco acabou,
definitivamente, com os “birichinis” daquela Itália dividida em reinos e fez
deles homens de bem.
CONVERSA COM O BRASIL
Agora, 200 anos depois, bem que Dom
Bosco precisaria, mais do que nunca, conversar com o Brasil, que parece ser nosso
ainda. Na realidade, o seu diálogo deveria ser com o mundo inteiro. Mas a
conversa com o Brasil só não seria dura porque Dom Bosco era doce e suave. Mas
será que nos dias de hoje essa mansidão surtiria efeito? Pois não vivemos numa
época em que uma multidão de meninos e meninas do Brasil se encontram ao
desamparo, sem nenhuma perspectiva de que o poder público lhes estenda as mãos
e os tire da miséria generalizada? Não vivemos numa época em que os exemplos
que partem dos chamados governantes são os piores que os jovens em formação
poderiam se defrontar e seguir? Em que de sua sonhada e profetizada Brasília
partem os mais hediondos crimes de lesa-pátria que nosso país jamais sofreu? Em
que a gastança do dinheiro público com o que é supérfluo e com o que é roubado
deixa ao desamparo milhões de brasileiros que não têm atendimento
médico-hospitalar,segurança e tantas outras imperiosas necessidades que, sem
elas, a vida se torna um inferno?
EDUCAR E EDUCAR
Esse calo, que endurece dia a dia
entre nós, dificultaria o diálogo com Dom Bosco. No entanto, pudesse Dom Bosco
abrir a boca e nos responder, por certo que começaria por fixar um ponto
inicial que se chama reconstrução nacional. Vamos reconstruir? Seria sua
primeira indagação ao Brasil. E se Dom Bosco fosse ouvido, diria em seguida:
então só por meio da educação da juventude. Daí em diante ficaria muito difícil
saber o rumo da conversa, pois o Brasil oficial anda envenenando a mocidade,
enfiando-lhe goela a dentro tudo o que não presta. E a juventude, mais por isso
do que por indisposição pessoal, anda tonta, completamente tonta e perdida, E,
quando atinge a lucidez, nada sente, nada enxerga de bom que lhe possa salvá-la
do completo abandono em que se encontra.
MESMO DESILUDIDO, VOLTARIA
Será que Dom Bosco, deparando-se com
esses governantes-teóricos-do-nada e ladrões de nossas riquezas, continuaria a
conversar? Será que afloraria nele a ira santa? Ou de chicote em punho
afugentaria os vendilhões do templo, templo que hoje se chama “escola” e
“patrimônio público”, muito parecidos a um balcão de fariseus, e que só tem
três competências e nada mais: deseducar, nada fazer e roubar. A primeira
impressão é que Dom Bosco sairia e iria embora desiludido. Mas mesmo assim,
batendo a porta muito mansamente, para não perturbar o seu ouvinte, sempre
necessitado de sua piedade. Mas logo em seguida, São João Bosco voltaria. Ele
sabe que o Brasil precisa dele, mesmo sem o querer e sem o saber, talvez. Ele
retornaria e, com voz baixa, muito baixa, diria alguma coisa parecida com essa
e só percebida por muito pouca gente: Pobre país!
E Dom Bosco arregaçaria as mangas da
batina surrada para começar a trabalhar e fazer com que a juventude
encontrasse uma trilha parecida com aquela que nos leva a dizer que encontramos
o Caminho da Vida, salvando o Brasil de amanhã, espantando, de vez, as aves
agoureiras que rondam nossas casas, nossas cidades e nosso palácios.