Segunda, 24 de agosto de 2015
Mariana Jungmann – Repórter da
Agência Brasil
Em seu primeiro discurso público após ter sido denunciado
por corrupção no Supremo Tribunal Federal, o senador Fernando Collor (PTB-AL)
voltou a acusar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de persegui-lo.
Da tribuna do Senado, Collor chamou o procurador-geral de “fascista” e
“sujeitinho à toa” e questionou que ele tenha condições morais de comandar o
Ministério Público.
“É esse tipo, sujeitinho à toa, de procurador-geral da
República, da botoeira desse senhor Rodrigo Janot, que queremos entregar à
sociedade brasileira? Possui ele estabilidade emocional? Sobriedade sempre lhe
falta nas vespertinas reuniões que ele realiza na procuradoria. Possui ele
estabilidade emocional, repito, sobriedade, perfil democrático? Mais do que
isso, está ele dotado da conduta moral que se exige para um cargo como esses?”,
questionou o senador.
“Estamos, sim, diante de um sujeito ressacado, sem eira nem
beira, que se intitula senhor do braço e do cutelo e que acha que tudo pode e
tudo faz a seu bel-prazer, desconectando as instituições e esterilizando – ele
conhece bem isso – os poderes da República, que garantem a nossa democracia.
Trata-se, afinal, de um fascista”, completou Collor.
Rodrigo Janot foi indicado pela presidenta Dilma Rousseff
para ser reconduzido ao cargo de procurador-geral da República e deverá passar
por sabatina no Senado na próxima quarta-feira (26). No mesmo dia, se for
aprovado pelos membros da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, o nome
dele seguirá para votação no plenário do Senado.
Único senador denunciado formalmente por Janot até o
momento, Collor acusou o procurador de cometer abusos contra o Senado quando
membros do Ministério Público coordenaram operação junto com policiais federais
que resultou na invasão a seu apartamento funcional, em 14 de julho. O senador
apresentou em plenário um vídeo feito durante a entrada dos policiais em seu
apartamento para busca e apreensão de documentos e declarou que irá encaminhar
o material para conhecimento da Comissão Diretora do Senado.
“Como visto naqueles lamentáveis acontecimentos, a verdade é
que, infelizmente, rebrotando de seu féretro, a equipe do Sr. Janot pode, às
5h40 da manhã, mesmo sem apresentar mandado judicial, arrombar apartamento
funcional e invadir a privacidade de qualquer senador. Hoje fui eu, amanhã
poderá ser qualquer um de nós com assento nesta Casa”, afirmou.
Na última quinta-feira (20), Janot apresentou denúncia
contra os primeiros parlamentares envolvidos na Operação Lava Jato. Além de
Collor, também foram denunciados o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), e a ex-deputada e atual prefeita de Rio Bonito (RJ), Solange
Almeida. Ainda são investigados 12 senadores e 21 deputados.
A assessoria da Procuradoria-Geral da República informou que
não irá comentar as declarações do senador.