Sábado, 16 de setembro de 2017
Jornal francês se refere a Michel Temer como "cadáver político"
Do Jornal do Brasil
Matéria publicada nesta sexta-feira (15) pelo Le Monde fala sobre as
novas acusações do procurador-geral da República Rodrigo contra o
presidente Michel Temer.
O diário salienta: "Janot lançou sua última flecha há alguns dias de deixar o cargo".
Monde
descreve Rodrigo Janot como "importante figura na luta contra a
corrupção e um feroz caçador de políticos, além de lembrar que seu
mandato expira dia 17.
Na acusação contra Michel Temer ao Supremo
Tribunal, o procurador acusou o presidente de "participação em uma
organização criminosa" e "obstrução da justiça".
Monde destaca a iniciativa de Janot como "histórica que, em um Brasil transformado em um vaudeville* onde os casos de dinheiro sujo se tornaram tão frequentes que acabaram parecendo algo normal".
Esta
é a segunda denúncia apresentada em menos de dois meses contra o
presidente e pode levar à sua demissão. A primeiro, por "corrupção
passiva", foi bloqueada pelo Congresso, lembra o periódico. Graças ao
apoio de um terço dos deputados, o chefe de Estado escapou de ir a
julgamento.
Segundo os analistas, esta segunda acusação poderia ter o mesmo destino. Monde
lembra que Michel Temer é conhecido como mestre das negociações
políticas. Em troca de favores, concedido aos deputados, particularmente
aqueles descritos como "baixo clero", pertencentes a pequenos partidos,
trocou apoio por medidas caras e polêmicos (destinados, por exemplo, a
abrir reservas naturais para mineração).
"Para não ser afastado o
presidente que se apresenta como um homem que está sofrendo e sendo
"perseguido" por um promotor que lhe prometeu uma "inimizade capital",
também se beneficia da pequena recuperação da economia.
O
vespertino avança: "Para registro, o septuagenário é suspeito de ter
comprado o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha, como ele do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, que está
cumprindo uma pena de 15 anos de prisão".
"Michel Temer também é
apresentado como o "chefe da organização" de uma extensa rede de
distribuição de subornos. Entre seus capangas seria o chamado "o homem
com a bolsa", Rocha Loures, suspeito de ter sido portador de uma maleta
de 500 mil reais de subornos pagos pela JBS e seu ex-ministro Geddel
Viera Lima, preso após a descoberta de um bunker de 51 milhões de reais.
Mas
as últimas reviravoltas do caso JBS sugerem que o contratado teria
previamente organizado um esquema com um membro do Ministério Público
para fornecer elementos para escapar da própria prisão. Um vaudeville*, eles disseram.
No
entanto, continua Le Monde, mesmo que Michel Temer escape de um
julgamento, a flecha disparada por Rodrigo Janot continua sendo
fatal. Apreciado por apenas 5% dos brasileiros, Michel Temer assume a
aparência de um cadáver político.
Se os mercados financeiros
ainda acreditam nele, as reformas que ele pretende liderar parecem, se
não comprometidas, pelo menos reduzidas. Tornando-se a encarnação da
decadência de um antigo mundo político, onde tanto a esquerda como a
direita estão mergulhadas em assuntos sombrios.
Para finalizar, Le Monde
avalia que brasileiros estão sofrendo quase que uma overdose de
escândalos de corrupção e as vezes preferem desviar seu olhar e tampar o
nariz enquanto aguardam as eleições presidenciais de 2018.
*
Vaudeville foi um gênero de entretenimento de variedades predominante
nos Estados Unidos e Canadá do início dos anos 1880 ao início dos anos
1930, que misturava diversas atrações distintas e tinha como característica as reviravoltas.