Do SindSaúde
Um corpo não ocupa dois espaços ao mesmo tempo
12/09/2017 Por SindSaúde DF
Secretário de Saúde, Humberto Fonseca, pega uma exceção e transforma em regra e joga a população contra os servidores
O secretário de Saúde, Humberto Fonseca,
preferiu expor o servidor público quando disse que pediu 30 demissões
por apresentação de atestados médicos falsos e generalizou uma categoria
de 32 mil servidores. Dessa forma, Fonseca tensiona uma relação que
deveria ser bem mais saudável entre paciente e quem trabalha nas
unidades de saúde, pela prática insistente do governo em jogar a
população contra o servidor.
Ele pegou uma exceção e transformou em
regra. As consequências das declarações de Fonseca feita à imprensa
nesta terça-feira podem agravar uma situação que já é caótica, quando
expõe uma categoria pelas 30 demissões. E mais uma vez, joga a
responsabilidade ao servidor pela inoperância da saúde pública do DF.
Sendo assim, é sempre bom refrescar a
memória dele e dos brasilienses. Mostrar o perfil de quem está expondo
toda uma categoria de servidores. Humberto Fonseca foi um servidor
fantasma do Senado Federal.
Explicamos (ou melhor, relembramos): Em 8
de agosto de 2002, Fonseca foi convocado pelo Senado Federal em um
concurso público, onde foi aprovado como consultor legislativo. Sua
carga horaria no Senado era de 40h semanais.
Mas fatos curiosos rondam a vida
profissional do secretário. Em 2005, ele foi aprovado na Escola de Saúde
do GDF (ESCS), conforme o Diário Oficial de 21 de maio de 2005, como
aluno do curso de Medicina, um curso que normalmente tem duração de 5
anos com período integral.
Já em 15 de março de 2011, o
secretário foi nomeado como residente em Medicina da Família e
Comunidade em Sobradinho. É bom lembrar que residência tem carga horária
de 60h semanais de segunda a sexta.
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O questionamento que fica é: como
Humberto Fonseca conseguiu se desdobrar para ser servidor e residente
médico ao mesmo tempo? Quando foi questionado pela imprensa, logo no
início de sua gestão à frente da SES, disse apenas que seu horário no
Senado era “flexível”.
A resposta de Fonseca não convenceu
ninguém à época. Não convenceu a presidente do SindSaúde, Marli
Rodrigues, também. “Ele mede o servidor com a régua dele. Eu quero que o
secretário Fonseca aponte um servidor que recebe sem trabalhar, como
ele foi acusado de fazer no Senado Federal, recebendo dinheiro que é
público, sem prestar o serviço devido. Ele é um despreparado para ser
secretário”.
Humberto Fonseca disse ainda que a maior
parte das justificativas dos servidores para os atestados médicos era a
precariedade da estrutura da Saúde para trabalhar. Para isso, respondeu
ele, foi criado um “Núcleo de Saúde do Servidor”. Pois bem, a
Secretaria de Saúde foi questionada sobre a demanda que esse núcleo
recebe e onde fica a unidade. Até agora, a SES e o secretário estão
calados. Mentiram?
E outra: O "Núcleo de Saúde do
Trabalhador", por acaso, repõe material, medicamentos, insumos, cobre
escalas, interage com os pacientes e soluciona os problemas cotidianos
enfrentados pelos trabalhadores? É isso que os adoece! O secretário se
manifesta de forma leviana porque não conhece a realidade de um serviço
de saúde caótico, como ele transformou a SES.