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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 12 de setembro de 2017

SindSaúde diz que declarações do secretário de saúde são irresponsáveis e que ele mede o servidor com sua própria régua

Terça, 12 de setembro de 2017
Do SindSaúde

Um corpo não ocupa dois espaços ao mesmo tempo

12/09/2017 Por SindSaúde DF
 

Secretário de Saúde, Humberto Fonseca, pega uma exceção e transforma em regra e joga a população contra os servidores

O secretário de Saúde, Humberto Fonseca, preferiu expor o servidor público quando disse que pediu 30 demissões por apresentação de atestados médicos falsos e generalizou uma categoria de 32 mil servidores. Dessa forma, Fonseca tensiona uma relação que deveria ser bem mais saudável entre paciente e quem trabalha nas unidades de saúde, pela prática insistente do governo em jogar a população contra o servidor.

Ele pegou uma exceção e transformou em regra. As consequências das declarações de Fonseca feita à imprensa nesta terça-feira podem agravar uma situação que já é caótica, quando expõe uma categoria pelas 30 demissões. E mais uma vez, joga a responsabilidade ao servidor pela inoperância da saúde pública do DF.

Sendo assim, é sempre bom refrescar a memória dele e dos brasilienses. Mostrar o perfil de quem está expondo toda uma categoria de servidores. Humberto Fonseca foi um servidor fantasma do Senado Federal.

Explicamos (ou melhor, relembramos): Em 8 de agosto de 2002, Fonseca foi convocado pelo Senado Federal em um concurso público, onde foi aprovado como consultor legislativo. Sua carga horaria no Senado era de 40h semanais.

Mas fatos curiosos rondam a vida profissional do secretário. Em 2005, ele foi aprovado na Escola de Saúde do GDF (ESCS), conforme o Diário Oficial de 21 de maio de 2005, como aluno do curso de Medicina, um curso que normalmente tem duração de 5 anos com período integral.



Já em 15 de março de 2011, o secretário foi nomeado como residente em Medicina da Família e Comunidade em Sobradinho. É bom lembrar que residência tem carga horária de 60h semanais de segunda a sexta. 

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O questionamento que fica é: como Humberto Fonseca conseguiu se desdobrar para ser servidor e residente médico ao mesmo tempo? Quando foi questionado pela imprensa, logo no início de sua gestão à frente da SES, disse apenas que seu horário no Senado era “flexível”.

A resposta de Fonseca não convenceu ninguém à época. Não convenceu a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, também. “Ele mede o servidor com a régua dele. Eu quero que o secretário Fonseca aponte um servidor que recebe sem trabalhar, como ele foi acusado de fazer no Senado Federal, recebendo dinheiro que é público, sem prestar o serviço devido. Ele é um despreparado para ser secretário”.

Humberto Fonseca disse ainda que a maior parte das justificativas dos servidores para os atestados médicos era a precariedade da estrutura da Saúde para trabalhar. Para isso, respondeu ele, foi criado um “Núcleo de Saúde do Servidor”. Pois bem, a Secretaria de Saúde foi questionada sobre a demanda que esse núcleo recebe e onde fica a unidade. Até agora, a SES e o secretário estão calados. Mentiram?

E outra: O "Núcleo de Saúde do Trabalhador", por acaso, repõe material, medicamentos, insumos, cobre escalas, interage com os pacientes e soluciona os problemas cotidianos enfrentados pelos trabalhadores? É isso que os adoece! O secretário se manifesta de forma leviana porque não conhece a realidade de um serviço de saúde caótico, como ele transformou a SES.