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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

De uma só vez, Ibaneis compra briga com três importantes setores

Quinta, 24 de janeiro de 2019
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

Governador Ibaneis elabora projetos que afetam diretamente servidores da Educação, da Saúde e usuários de passe estudantil. Foto de Hugo Barreto/Metropoles

Antes mesmo de completar um mês de trabalho, as propostas do governador Ibaneis Rocha o colocaram em choque com profissionais da Educação, da Saúde e estudantes usuários de passe livre.

Por Chico Sant’Anna
O governador Ibaneis Rocha deve gostar de briga. Nem mal o governo começou e ele já tem inimigos em três cantos do ringue. De um lado, os profissionais de ensino, que serão submetidos paulatinamente a um processo de militarização de até 40 escolas. Em outro, os estudantes do DF, que estão sob a ameaça de perderem o passe livre estudantil; e, por último – pelo menos por enquanto – os profissionais de Saúde, com o projeto que vai expandir para toda a rede de Saúde o modelo de gestão do Instituto Hospital de Base, visto por muitos especialistas como privatização da atenção à Saúde. Ibaneis ainda se atritou com deputados distritais ao ameaçá-los com processos jurídicos se não aprovassem suas propostas. Antes mesmo de terminar o mês de Janeiro, ele corre o risco de enfrentar greves duríssimas, que agreguem estudantes e trabalhadores, e ter dificuldades sérias de governar. Governantes que já passaram pelo Buriti sabem bem como é dificil governar tendo os servidores públicos e os jovens do DF contra a sua gestão.

A militarização das escolas, já extensamente debatida aqui em outros artigos, revela a inexistência de um projeto pedagógico mais profundo e eficaz. Levar militares da reserva para dentro das escolas, além de provocar um choque com a categoria dos educadores, em nada mudará as condições de ensino. Instalações, laboratórios, bibliotecas…, tudo continuará do mesmo jeito.

Ibaneis deveria se mirar no modelo exitosos dos Institutos Federais de Ensino. Além de mais baratos do que as escolas militares, são mais eficientes e produtivos e, o que é melhor, não provoca desgaste social e conflitos intercorporações, pelo contrário. Por que ele não faz um teste? Já que decidiu militarizar de pronto quatro escolas, por que não adota o modelo IFB em outras quatro, e avalia quem vai ter o melhor resultado.