Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Salve Senhor do Bonfim! Salve Oxalá! Salve o povo da Bahia. Salve o povo de Santo

Quinta, 17 de janeiro de 2019
Do Tribuna da Bahia

Foto: Reprodução /Jeito Baiano


Hoje todos os caminhos levam à Colina Sagrada

A Lavagem do Bonfim é uma das manifestações culturais mais significativas para os baianos, que vestem branco e percorrem 8km a pé em devoção ao Senhor do Bonfim
Por Rayllanna Lima
Todos os caminhos levam à Colina Sagrada nesta quinta-feira (17), quando ocorre a tradicional Lavagem do Bonfim, e milhares de baianos se vestem de branco para percorrer cerca de oito quilômetros entre a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Basílica do Senhor do Bonfim, ambas na Cidade Baixa. 
A festa começa a partir das 8h e é marcada pelo sincretismo religioso, envolvendo muita fé e devoção. No catolicismo, as homenagens são para Senhor do Bonfim. Já para o povo de santo, celebra-se Oxalá. 
O culto ecumênico será aberto com a bênção do padre José Ribamar, que fará a primeira cerimônia inter-religiosa do dia. Após a celebração, haverá alvorada de fogos, anunciando a partida da procissão, saindo da frente da Basílica de Nossa Senhora da Conceição, seguindo para a Colina Sagrada.

Uma novidade marca a lavagem deste ano: uma bandeira que mede aproximadamente 100 metros será levada pelos fiéis durante todo o cortejo. Branco também foi escolhido para marcar a Festa do Bonfim 2019, que engloba a lavagem. Na igreja, os devotos também usarão vestimentas da cor e rezarão pela paz na festa católica a ser realizada no domingo (20), Dia do Senhor do Bonfim.
"Nós queremos valorizar a tradição do povo baiano de vestir branco para subir a ladeira da Colina Sagrada. Assim, vestiremos branco durante toda a programação da festa para participar das atividades pedindo, suplicando ao Senhor do Bonfim a paz”, afirma o reitor da Basílica Santuário, padre Edson Menezes.
O uso de vestimentas brancas é uma mesclagem da devoção dos fiéis católicos e os fiéis de religiões de matrizes africanas. De acordo com a crença sincrética, Senhor do Bonfim é filho de Oxalá, também conhecido como Senhor do Pano Branco.
Em todos os anos, a lavagem é realizada na quinta-feira que antecede o segundo domingo após o Dia de Reis (6 de janeiro). Geralmente cai na segunda quinta-feira do mês de janeiro, mas este ano o festejo caiu no dia 17, na terceira, três dias antes da Festa do Bonfim (20 de janeiro).
Tradição
Um dos momentos mais esperados da Lavagem do Bonfim é quando as escadarias da Basílica Santuário são lavadas pelas baianas, ao som do Hino ao Senhor do Bonfim, quando é encerrado o ato religioso, entre 13h e 14h. Essa lavagem tem sentido de purificação e é feita com água de cheiro, banho de água de folhas e flores.
As chamadas baianas são mulheres geralmente ligadas aos cultos afro-brasileiros, como o candomblé, empunhando quartinhas de água de cheiro e caracterizadas com suas vestes e adornos que as tornaram mundialmente conhecidas.
Além de lavar as escadas, elas também lavam os pés de fiéis e distribuem água de cheiro e banhos de pipoca, um ato com intuito de realizar limpeza espiritual.
Profano
A tradicional Lavagem do Bonfim também é marcada pela junção entre o sagrado e o profano, se tornando ainda uma festa que atrai os olhares de turistas do mundo inteiro. 
Ao longo do cortejo, que conta com agremiações de entidades tradicionais como o Ilê Aiyê e Filhos de Gandhy, desfilam também bloquinhos carnavalescos, fanfarras e até DJs em microtrios.
História
De acordo com historiadores, o culto ao Nosso Senhor do Bonfim começou em 1745, quando a imagem do santo foi trazida pelo capitão português Teodósio Rodrigues de Farias, ao cumprir uma promessa que fez depois de ter sobrevivido a uma forte tempestade. As homenagens, no entanto, iniciaram de fato em 1754, ano em que a imagem foi transferida da Igreja da Penha, em Itapagipe, para a sua própria igreja, construída na Colina Sagrada.
A lavagem do adro da basílica teria começado a partir dos moradores da região, como preparação para a Festa do Bonfim. Por achar que o ato tinha assumido um caráter festivo exagerado e não-condizente com o local santo, a lavagem no interior do templo foi proibida em 1890 pelo Marquês de Santa Cruz, Manuel Victorino Pereira, chefe do governo provisório na época. Após a decisão, adeptos do candomblé começaram a fazer o cortejo para lavar as escadarias, reverenciando Oxalá – orixá correspondente ao Senhor do Bonfim. 
A tradição acontece sempre três dias antes do segundo domingo após a Festa de Reis (6 de janeiro). Antes era realizada apenas no Bonfim, mas depois foi estendida para o Comércio, colorindo de branco as ruas da Cidade Baixa. Depois da cerimônia religiosa, é a vez da parte profana entrar em cena, com as barracas montadas no entorno do Bonfim, muita música e manifestações culturais. Os festejos são encerrados com a também tradicional Segunda-Feira Gorda, no bairro vizinho da Ribeira.
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Do Gama Livre:

Alguém oferece a alguém. E se alguém oferece o outro alguém recebe. Os pecados dos bregas da Bahia e de Brasília

Lavagem do Bonfim, porque hoje é a segunda quinta-feira de janeiro

Quinta, 16 de janeiro de 2014
Por Taciano, Blog Gama Livre
Bons e saudosos tempos aqueles que, morador da Rua Benjamin Constant, que fica quase ao pé da Igreja do Bonfim, eu não perdia essa festa. A Lavagem do Bonfim é sempre na segunda quinta-feira do mês de janeiro. No domingo seguinte à lavagem é o último dia das comemorações. E na madrugada de domingo para segunda ocorre a Mudança da Ribeira. As barracas são transferidas para a Ribeira, onde acontece uma festa pagã, e que era tradicionalmente considerada o início do Carnaval Baiano. É a Segunda-Feira Gorda da Ribeira. Aí só dava samba de roda, charangas, bandinhas, alguns trios elétricos, e capoeira. E muita zoeira. E eu lá. Era bom, era bom demais.

Olha só, na imagem mais abaixo,  o trajeto que os baianos, e não só baianos, percorrem da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ao lado do Elevador Lacerda, até a Igreja do Bonfim.

Salve Senhor do Bonfim! Salve Oxalá!

É preciso muita energia para cobrir os quase oito quilômetros entre um ponto e outro sob um sol intenso e um calor de lascar. Bom que a brisa do mar e Oxalá ajudam.



Clique na imagem para melhor visualizá-la



Hino do Senhor do Bonfim
Glória a ti neste dia de Glória
Glória a ti redentor que há cem anos
Nossos pais conduziste à vitória
Pelos mares e campos baianos.

Dessa sagrada colina
Mansão da misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia

Glória a ti nessa altura sagrada
És o eterno farol, és o guia
És, Senhor, sentinela avançada
És a guarda imortal da Bahia.

Dessa sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia

Aos teus pés que nos deste o Direito
Aos teus pés que nos deste a Verdade
Trata e exulta num férvido preito
A alma em festa da nossa cidade.

Dessa sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia.