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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

SUS, patrimônio da população do DF

Quarta, 23 de janeiro de 2019 
Por tudo isso, a CLDF deve dar um exemplo de sua autonomia, respeito àqueles que lhes delegaram o poder de votar, dizendo NÃO ao PL que deseja destruir o SUS, na Capital da República Federativa do País - na Cidade da Esperança. 

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Ex-diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB. (2014-2018)

SUS, patrimônio da população do DF

O Distrito Federal não pode viver sem o Sistema Único de Saúde (SUS), afinal, trata-se de uma obra construída pelos movimentos sociais, desde os estudantes, professores, trabalhadores do campo e da cidade, intelectuais, profissionais de saúde, entre tantos outros.

Todos defendem o SUS, mas as privatizações a céu aberto são evidências claras do seu esfacelamento.

Até quando vamos assistir às pessoas desmaiando nas portas dos hospitais, agonizando entre a vida e a morte, para, em seguida, ouvirmos a falácia de “novos investimentos“ à mudança de modelo de atenção à saúde dessas pessoas?

Até quando vamos ouvir discursos soltos aos ventos daqueles que restringem as unidades de atendimento, enquanto deveriam incentivar a participação dos Movimentos Sociais na defesa da universalização da saúde?

Até quando necessitamos dizer que o SUS é a maior Política Pública capaz de cuidar de milhões de brasileiros que nunca tinham acesso às ações e serviços de saúde público, integral e de qualidade? 

E mais, avançado, técnico e científico, desde as ações de imunização, prevenção das IST/AIDS, ao controle dos principais agravos (hipertensão, diabetes ...), por meio das visitas domiciliares dos Agentes Comunitários de Saúde, de sol a sol, até transplantes de alta tecnologia.

Até quando necessitamos repetir que a Secretaria de Saúde do DF já foi exemplo para outras Secretarias Estaduais e Municipais, em várias ações, desde a rede básica aos hospitais?

Até quando precisamos “avisar” aos governantes, que nada entendem do SUS, que esse é um sistema eficiente, eficaz, e que cumpre sua responsabilidade sócio sanitária de fazer a vigilância à saúde de 100% da população, e atende, diretamente, mais de 70% daqueles que denominamos SUS DEPENDENTES?

Nós que ajudamos a desenhar, esse grandioso Sistema, temos consciência dos desafios que ele vem apresentando ao longo de sua existência (30 anos), circunscritos na integração das políticas públicas, no subfinanciamento, na gestão, no modelo de atenção, mas, sobretudo na atitude política e republicana de não tomarmos ATALHOS, ainda que reconhecendo as diversidades, complexidades das crises éticas e morais de vários gestores que não respeitam os bens públicos.

Sim, vários são os desafios do SUS, repito, mas não vamos resolver com promessas eleitorais, com propostas que levam o sistema para um fim trágico.

Não podemos deixar que governo algum faça das doenças da nossa gente fonte de lucro. A saúde do nosso povo não está à venda em gôndolas de supermercado. Não adianta sucatear a Secretaria e colocar, OUTRA VEZ, a culpa nos SERVIDORES, quando sabemos as raizes do problema: entregar ao setor privado os hospitais e outros serviços que requerem alto consumo de equipamentos, medicamentos, salários... Dito outra vez, entregando na bandeja o ouro. Deixando para nós, trabalhadores da saúde, a função de fazermos milagres com migalhas para organizar a Atenção Básica, a vigilância. Pois bem, essas ações, eles não querem. Não lhes rendem fatura em urnas.

Hoje, a maior parte do parlamento é contra o SUS, são tão conservadores que acham que não é preciso mais termos políticas públicas, e que o mercado dá conta de tudo. Uma grande simplificação, desconhecimento do papel vital do Estado na vida pública.

Por tudo isso, a CLDF deve dar um exemplo de sua autonomia, respeito àqueles que lhes delegaram o poder de votar, dizendo NÃO ao PL que deseja destruir o SUS, na Capital da República Federativa do País - na Cidade da Esperança. 

Esperança que tenho nos(as)Deputados(as) em derrotá-lo no plenário, ao pronunciarem a seguinte mensagem, “aqui é a casa do povo, e em seu nome os mandatos serão exercidos”.


Professora Fátima Sousa