Domingo, 2 de outubro de 2011
Por http://urbanistasporbrasilia.wordpress.com
Urbanistas contra a Expansão do Setor Hoteleiro Norte
A indignação está alcançando a consciência dos moradores de Brasília
e dos brasileiros que não residem na cidade mas reconhecem o a
importância da preservação do seu patrimônio. Na medida em que vemos
brotar do solo edifícios gigantescos, de valor estético discutível e
pertinência questionável, ao custo de expressivas fortunas como o
Estádio Nacional, a sociedade estrecece. Qual será o próximo “monstro”
que construirão em nossa cidade, com nossos recursos, sem que haja a
devida cunsulta à Sociedade? A resposta será 901 Norte, caso a sociedade
não se organize. A iniciativa privada é muito eficiente quando se trata
de auferir lucros e, como vimos na 2a. Audiência Pública de
apresentação do PPCUB , realizada no dia 24/09, o Poder Público em
Brasília está definitivamente comprometido com esses interesses. Vimos
técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação – SEDHAB,
juntamente com a equipe da empresa terceirizada e contratada para
elaborar os estudos, apresentarem propostas para o Plano de Preservação
do conjunto tombado, que oscilavam entre superficiais a pouco
eficientes. Isso quando não eram equivocadas ou permissivas. (1) Ao
mesmo tempo, os técnicos calaram-se em relação ao projeto da quadra 901
Norte – Expansão do Setor Hoteleiro, cuja audiência de desafetação de
área pública para finalizar o processo de parcelamento e venda já está
marcado para outubro próximo.
Quem leu o editorial do Correio Brasiliense deste domingo não viu
nenhuma manifestação de alerta em face do que está por vir. Apenas a
confirmação de que o Governador, o Secretário de Desenvolvimento Urbano e
o Administrador da RA de Brasília já tem como certa a realização da 901
Norte. Contudo, uma colunista desse jornal não se calou. A cronista
Conceição de Freitas, com a expressão “um sopro de luz na escuridão”, se
referiu movimento Urbanistas por Brasília, e aos que estão se movimentando contra a proposta deformadora do Plano de Lucio Costa.(2) Entre
os que não estão se calando face ao problema estão professores da UnB
como Benny Schwasberg e Frederico Flósculo, o IAB/DF na pessoa de seu
presidente, arq. Paulo Henrique Paranhos, os arquitetos-urbanistas Tânia
Battella, representante da pró-federação em defesa do DF e Luiz
Fillippe Torelly, todos signatários do Manifesto elaborado pelo
movimento Urbanistas por Brasília contra o parcelamento da 901 Norte pela Terracap.
Contudo, uma colunista desse jornal não
se calou. A cronista Conceição de Freitas, com a expressão “um sopro de
luz na escuridão”, se referiu movimento Urbanistas por Brasília, e aos que estão se movimentando contra a proposta deformadora do Plano de Lucio Costa.(2) Entre
os que não estão se calando face ao problema estão professores da UnB
como Benny Schwasberg e Frederico Flósculo, o IAB/DF na pessoa de seu
presidente, arq. Paulo Henrique Paranhos, os arquitetos-urbanistas Tânia
Battella, representante da pró-federação em defesa do DF e Luiz
Fillippe Torelly, todos signatários do Manifesto elaborado pelo
movimento Urbanistas por Brasília contra o parcelamento da 901 Norte pela Terracap.
A situação de expansão urbana desordenada
e a realização de projetos discutíveis que não respeitam o patrimônio
da cidade, também chama a atenção de observadores internacionais como o
arquiteto-urbanista franco-argentino, consultor da UNESCO Raúl
Pastrana que, em artigo recente no site Vitruvius, alerta: “Trato de no
exagerar hablando de la degradación de la ciudad que he podido
constatar, tanto del Plano Piloto como de las ciudades satélites. Trato
de abordar con realismo, pero sin concesiones ni censura, la situación
actual de la ciudad de Brasilia que es grave, alarmante, y en varios
aspectos, irreversible”. (3) Mais adiante o urbanista alerta:
“La Brasilia, y no solo la del Plano
Piloto, que quieren y están construyendo hoy los especuladores está
destinada a una población de elevados recursos, aquella de alto poder
adquisitivo. Guiados únicamente por el espíritu de lucro los
especuladores que actúan en Brasilia, solo quieren construir, no importa
donde, no importa que, no importa como, pero solo para aquellos que
puedan pagar, para aquellos clientes que les permitan el beneficio más
alto posible. No importa si para ello hay que ocupar el espacio público,
si hay que construir en terrenos non-aedificandi, si hay que privatizar
la orilla del lago u otras áreas verdes, si construyendo torres de 15
pisos donde el reglamento estipula seis se cierra el paisaje de la
ciudad … siempre se puede esperar que todo esto será regularizado un
día, tal vez por el próximo PDOT!?”
Pelo que vimos na audiência pública deste
sábado e alguns colegas puderam acompanhar em audiências anteriores do
PPCUB e do PDOT, as preocupações do eminente consultor são procedentes.
Nesta semana o movimento Urbanistas por Brasília vai entregar o
Manifesto(4) e lista de assinaturas às entidades representantes do
Patrimônio, do Governo e da Sociedade: Iphan, Icomos, Unesco, CREA,
entre outras, a fim de alertar os representantes da sociedade. Esperamos
que o nosso “sopro de luz” alcance a população e se torne
progressivamente mais forte a ponto de levar da cidade as intenções que
colocam em risco sua história e a qualidade de vida de seus cidadãos.
(1)Alguns dos questionamentos
relacionados ao PPCUB e ao PDOT/2009 foram colocados pela
arquiteta-urbanista Tânia Battella na Audiência Pública do PPCUB e
encontram-se registradas no documento Requerimento da Pró-Federação.
(2)Íntegra da crônica em Correio Brasiliense, Domingo, 25/09/2011 – página Cidades – no. 35.
(3)Site Vitruvius, Junho de 2011. http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.133/3948