Terça, 1 de novembro de 2011
Da Escola Nacionlal de Saúde Pública
O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca)
anuncia, nesta segunda-feira (31/10), sete recomendações para controle
da mortalidade do câncer de mama que complementam as lançadas em 2010,
por ocasião do Outubro Rosa. As recomendações lançadas em 2010 foram
focadas em ações de prevenção, detecção precoce e informação de
qualidade. As recomendações de 2011 representam um avanço porque
adicionam às anteriores novas recomendações focadas no tratamento das
mulheres com tumores malignos de mama. Ambas não têm força de lei, mas,
se forem seguidas pela sociedade brasileira, têm potencial para reduzir a
mortalidade decorrente do câncer de mama no Brasil, além de garantir
melhora na qualidade de vida de mulheres com a doença.
O anúncio das recomendações, ação pioneira do Inca, ampliou as
discussões sobre o tema em todo o país e contribuiu para impulsionar a
mobilização dos movimentos organizados de mulheres. Medidas como essas
fortalecem políticas públicas e contribuem para o controle do câncer de
mama no país.
O câncer de mama hoje é o responsável pelo óbito de 12 mil mulheres
por ano. É o tumor que mais mata a população feminina em todo o país,
com exceção da Região Norte. Por isso, o Inca pretende reunir
especialistas brasileiros, gestores, pesquisadores, ONGs e profissionais
de saúde para discutir políticas públicas e o papel da sociedade no
controle da doença. "O objetivo do Inca no Outubro Rosa é contribuir com
informação de qualidade para a sociedade sobre a doença. Esperamos que,
por meio desse amplo debate, essas recomendações possam ser
incorporadas na atenção às mulheres", afirmou o diretor-geral do Inca,
Luiz Antonio Santini.
Segundo publicação lançada pelo Inca Estimativas - Incidência de Câncer no Brasil 2010-2011,
o país terá 500 mil novos casos de câncer por ano. Desse total, 49.240
mil são relativos aos tumores de mama. As maiores taxas estimadas da
ocorrência deste câncer estão nos estados: no Rio de Janeiro 88,3 casos
de câncer de mama por cada 100 mil mulheres; no Rio Grande do Sul,
81,57, por 100 mil; no Paraná, 54,46, por 100 mil e em São Paulo, 68,04
por 100 mil.
Abaixo as sete recomendações do Inca para o tratamento do câncer de mama no país
O Inca recomenda que:
1. Toda mulher com diagnóstico de câncer de mama confirmado deve
iniciar seu tratamento o mais breve possível, não ultrapassando o prazo
máximo de 3 meses.
Estudos científicos mostram que atraso superior a três meses entre o
diagnóstico e o início do tratamento do câncer de mama comprometem a
expectativa de vida da mulher (sobrevida).
2. Quando indicado, o tratamento complementar de quimioterapia ou
hormonioterapia deve ser iniciado no máximo em 60 dias e o de
radioterapia no máximo em 120 dias.
O prazo para o início do tratamento complementar é um componente
crítico no cuidado do paciente com câncer de mama. Atrasos no início do
tratamento complementar aumentam o risco de recorrência local da doença e
diminuem a sobrevida. Em algumas situações de tratamento com
quimioterapia, a radioterapia pode ocorrer apos os 120 dias.
3. Toda mulher com câncer mama deve ter seu diagnóstico complementado com a avaliação do receptor hormonal.
Os receptores hormonais são proteínas que se ligam aos hormônios
mediando seus efeitos celulares. A avaliação é feita no material da
biópsia, que medirá um percentual dos receptores nas células tumorais. A
dosagem desses receptores permite identificar as mulheres que irão se
beneficiar do tratamento complementar chamado hormonioterapia. A
presença de receptores hormonais nos tumores de mama é alta na população
e aumenta com a idade.
4. Toda mulher com câncer de mama deve ser acompanhada por uma
equipe multidisciplinar especializada que inclua médicos (cirurgião,
oncologista clínico e um radioterapeuta), enfermeiro, psicólogo,
nutricionista, assistente social e fisioterapeuta.
O câncer de mama é uma doença complexa, cujo tratamento requer a
cooperação de diferentes profissionais e saberes. A experiência mundial
aponta que serviços que oferecem uma abordagem multidisciplinar e
multiprofissional têm melhor desempenho no tratamento do câncer de mama.
5. Toda mulher com câncer de mama deve receber cuidados em um
ambiente que acolha suas expectativas e respeite sua autonomia,
dignidade e confidencialidade.
Acolher as mulheres em suas necessidades nas diferentes etapas do
tratamento, por meio de abordagem humanizada que respeite seus direitos,
possibilita melhor enfrentamento da doença.
6. Todo hospital que trata câncer de mama deve ter Registro de Câncer em atividade.
Os Registros Hospitalares de Câncer coletam informações essenciais
para acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade do tratamento oferecido
à mulher. As informações dos Registros subsidiam a implementação de
políticas e ações de melhoria contínua na busca de padrões de excelência
no tratamento.
7. Toda mulher com câncer de mama tem direito aos cuidados
paliativos para o adequado controle dos sintomas e suporte social,
espiritual e psicológico.
O câncer é uma doença que fragiliza seu portador e familiares em
diferentes dimensões da vida. O suporte social, espiritual e psicológico
para os pacientes e familiares fortalece os sujeitos para o
enfrentamento da doença.
Investimento do Ministério da Saúde na área
Ministério da Saúde vai investir até 2014, R$ 4,5 bilhões em
prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama e de colo de
útero. O programa prevê a implantação de 50 centros para atendimentos em
mastologia ou ginecologia, que acelerarão o início do tratamento após a
confirmação do diagnóstico. A localização destes centros será definida
entre o Ministério e os estados, priorizando as regiões onde é menor o
acesso.
No tratamento, o programa visa reduzir o déficit por assistência
especializada, com a estruturação, até 2014, de 32 novos serviços
avançados em hospitais habilitados para o tratamento oncológico e a
substituição de equipamentos em 48 hospitais.