Quinta, 20 de dezembro de 2012
Governador Agnelo Queiroz, segundo o Google, em malaio, a frase aí de cima quer dizer ‘isso dá encrenca’
Por Elio Gaspari, publicado anteriormente na Folha de São Paulo e em O Globo
Oscar Niemeyer vivia seus últimos dias quando o governador de
Brasília, Agnelo Queiroz, assinou em Cingapura um contrato para
redesenhar a região de Brasília. Quando o arquiteto morreu, no último
dia 5, a doutora Dilma decretou luto oficial, velou-o no Planalto e
disse que “a gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”. A
doutora tinha oito anos quando Lucio Costa, Niemeyer e JK sonharam e o
Plano Piloto de Brasília aconteceu.
O comissário Agnelo assinou com a empresa de consultoria Jurong um
contrato de 38 páginas que prevê o planejamento de uma cidade-aeroporto,
um polo logístico, um centro financeiro e a ampliação do polo
industrial JK.
O documento é um magnífico blá-blá-blá de consultores. Pode dar em
qualquer coisa, inclusive nada. Custará R$ 8,6 milhões e deverá estar
concluído em 18 meses. A empresa foi dispensada de licitação porque os
comissários entenderam que tem “notória especialização”, com experiência
em 148 cidades de 46 países na Ásia, África e Oriente Médio.
Zero na Europa ou nos Estados Unidos. Uma página da internet oferece
um vídeo com o acervo da firma. É um pesadelo. Ou a Jurong não tem o que
mostrar ou não sabe contratar produtores de vídeos.