Quarta, 5 de dezembro de 2012
Carlos Newton, Tribuna da Internet
Com a saída do ministro Sepúlveda Pertence e a “renovação” do
colegiado, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República
perdeu completamente a independência e hoje funciona como órgão oficial
do Planalto para “lavagem” das denúncias de corrupção que atingem o
governo.
Na sessão de segunda-feira, por exemplo, não foi nenhuma surpresa o
fato de a Comissão ter decidido suspender o processo contra o
ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin, pela compra irregular de lanchas
pela pasta, até que seja finalizada auditoria por parte do Tribunal de
Contas da União. Essas lanchas, como se sabe, jamais tiveram uso e
acabaram doadas à Marinha. E a empresa que as fabricou foi patrocinadora
de outra ministra da Pesca, Ideli Salvatti, mas isso é outra história.
Agora, é justamente essa Comissão de Ética que o Planalto usa para
“apurar” o caso da namorada do ex-presidente Lula, que ele contratou
como chefe do Gabinete da Presidência da Repúblicas em São Paulo, cargo
tão necessário que já foi extinto pela presidente Dilma Rousseff.
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“INFORMAÇÕES”…
A Comissão decidiu pedir informações e intimar para que se pronunciem
a respeito das denúncias de irregularidades o ex-advogado-geral adjunto
da União, José Weber de Holanda Alves, os diretores afastados da
Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), os irmãos Paulo Vieira e Rubens Carlos Vieira, e a ex-chefe de
gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha.
Como se sabe, os intimados foram exonerados ou afastados do cargo há
duas semanas, depois que a Polícia Federal deflagrou a Operação Porto
Seguro, que investiga a venda de pareceres técnicos de órgãos federais
para atender interesses particulares.
O presidente do colegiado, Américo Lacombe, se apressou em
classificar como “problema íntimo” o fato de Rosemary Noronha ter usado
sua proximidade com o ex-presidente Lula para conseguir favores.
“Lula deveria se pronunciar se quiser. O presidente Lula, o problema
dele agora é um problema pessoal, um problema íntimo. Isso aí
(nomeações) nós vamos ver depois, temos que ir devagar, degrau por
degrau. Agora, vamos ouvir o que esses cidadãos têm a dizer”, alegou
Lacombe.
O prazo é de dez dias para que os intimados forneçam informações à
comissão. Os intimados poderão sofrer desde uma censura, pela qual
perdem a condição de reputação ilibada, até ter recomendada sua
demissão, o que é uma bobagem, já que todos foram demitidos.