Quinta,
14 de fevereiro de 2013
Por
Ivan de Carvalho

A presidente Dilma Rousseff está com
excelentes índices de aprovação, segundo pesquisas de opinião pública, e o
Bolsa Família e outros programas sociais a sustentam, mas está claro que ela
enfrenta dificuldades. Estas são graves
na área da economia, onde o pibinho de 1 por cento ou menos em 2012 se destaca
junto com a inflação de janeiro, a maior dos últimos dez anos, considerada “preocupante”
pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ainda que o ministro Guido
Mantega faça dela pouco caso. O que também é grave, passando a idéia de
irresponsabilidade no Ministério da Fazenda.
Há outros
problemas muito relevantes na economia e esta – insuflada pela crise financeira
e econômica internacional – pode tornar-se rapidamente o calcanhar de Aquiles
do governo Dilma Rousseff.
Independente
disso, há uma percepção de que o eleitorado, de alguma maneira, está em busca
do novo (casos evidentes mais recentes da votação de Marina Silva para
presidente e até, para focarmos um caso local, da eleição de ACM Neto em
Salvador), depois de 10 anos (até agora, porque logo serão 12) de governo federal
do PT.
É claro que o PT detém hoje um
imenso poderio político-eleitoral, ampliado por aliados, uns seguros, outros a
depender das perspectivas de manutenção ou perda do poder. O PC do B, por
exemplo, é um aliado seguro, por vocação, vício ou falta de opção. O PR, que
atualmente se declara independente, ainda não sabe se volta a ser aliado ou vai
para a oposição (depende do tratamento que receba do governo). O PMDB tende a
ser tão seguro quanto exigente. Mas a
presidente está ganhando o apoio formal do PSD de Gilberto Kassab. Ocorre que o
PSB – este o dado mais novo e mais importante – dispõe-se a ser aliado em 2013,
mas adversário em 2014.
Às dificuldades de Dilma Rousseff
com a economia, soma-se essa idéia de que uma parte muito grande do eleitorado
busca “o novo”. Surfando nela, Marina Silva – que pelo PV, onde já não está,
conseguiu 20 por cento dos votos para presidente em 2010, forçando a realização
do segundo turno nas eleições – começa a organizar um partido para novamente
disputar a presidência.
O líder da oposição no Senado, Aécio
Neves, busca articular um discurso de candidato a presidente que possa embutir
a idéia do “novo” – embora seu partido, o PSDB, já haja governado o país
durante oito anos e representado a principal vertente oposicionista em três
eleições presidenciais perdidas, sem contar a candidatura de Mário Covas. A
esta idéia, Aécio Neves quer acrescentar a de uma gestão eficiente, que chama
de “choque de gestão”, expressão nem tão nova, que já usou ao concorrer ao
governo de Minas Gerais e ao exercê-lo.
Não é só pela idéia do “novo”, mas é
muito por ela que está entrando com muita disposição na sucessão presidencial o
governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Lula
chegou a falar em colocá-lo como candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff e
deslocar Michel Temer, do PMDB, para candidato de uma coalizão ao governo de
São Paulo. Isso mostra que Lula está apavorado com a idéia de Campos – com seu
PSB –, ao invés de apoiar o PT nas eleições presidenciais, tornar-se um
adversário. A sugestão de Lula desagradou o PMDB, Temer, o PSB e Eduardo Campos,
além do PT paulista. Foi tiro no pé. Diz o noticiário de ontem que Campos está
aguardando um encontro com Lula para dizer-lhe que não está disponível para
vice porque é candidato a presidente.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.