Quinta, 7 de agosto de 2013
Do PCB
O Foro de São Paulo, do qual o PCB é membro fundador, a cada ano
aprofunda seu processo de institucionalização e de perda de identidade.
A posse de Lula em 2002, foi o momento de inflexão. Já
descaracterizado e degenerado ideologicamente, o PT hegemoniza de forma
incontestável o Foro de São Paulo e o coloca a serviço do projeto de
desenvolvimento do capitalismo brasileiro, com o objetivo estratégico de
uma integração latino-americana sob hegemonia brasileira, para fazer do
país uma potência mundial.
O Foro de São Paulo transformou-se em correia de transmissão do
capitalismo brasileiro que, valendo-se da morte de Chávez, aparelha e
expande o MERCOSUL (uma integração de mercados), para ocupar mais
espaços e engolir e enterrar a ALBA, a integração soberana, solidária e
complementar de Nossa América.
Tentando afirmar o Foro como braço regional do neodesenvolvimentismo
brasileiro, o PT passa a privilegiar os processos eleitorais em
detrimento das lutas de massas, procurando em cada país contribuir
política e materialmente para a eleição de governos alinhados com a
hegemonia brasileira. Isto significou a descaracterização do Foro de São
Paulo, nascido como uma articulação antiimperialista com caráter
anticapitalista.
Nessa guinada, gradativamente foi sendo anulado o protagonismo de
organizações revolucionárias e privilegiou-se uma ampliação
quantitativa, heterogênea, policlassista, com ênfase em partidos
socialdemocratas e social-liberais, chegando ao ponto de o Foro ser
integrado hoje por partidos antagônicos e adversários em seus países. O
papel principal passou a ser dos partidos que participam de governos e
os que podem se tornar governo, o que significa garantia de contratos
para empresas brasileiras.
Uma vez tendo se fortalecido na América Latina, o Foro de São Paulo
agora tem o objetivo de se internacionalizar como uma alternativa
mundial reformista, inclusive em contraposição ao movimento comunista
internacional.
Apesar dessa análise, o PCB está presente neste evento, para lutar
contra a hegemonia reformista, dialogando com as forças políticas com as
quais temos afinidades, contribuindo modestamente para uma necessária
articulação revolucionária latino-americana. A nosso juízo, os
reformistas, mais do que nunca, são grandes inimigos da revolução
socialista, pois iludem os trabalhadores e os desmobilizam, facilitando o
trabalho do capital.
Documento do Comitê Central do PCB ao Fórum de São Paulo