Domingo, 24 de novembro de 2013
“Como seres humanos merecem nossa compaixão, apesar da punição. Como modelo de conduta, ídolos seguidos por muitos, merecem a execração, pelo mal causado a quem merecia ter um modelo mais digno para seguir”
Amilcar Faria*
Fim algum é suficientemente nobre para justificar o uso de um meio torpe para alcançá-lo!
Al’Camir
O jornalista, escritor e ex-preso político Celso Lungaretti, em seu texto E agora, Josés?, publicado no Congresso em Foco no último sábado (16), referindo-se a Zé Dirceu e José Genoíno fez algumas colocações que suscitam maiores reflexões.
Segundo ele, “a prisão sempre foi um acontecimento normal na vida de um revolucionário”, que não tem do que se envergonhar (com o que eu concordo) por ser preso por tentar abolir a exploração do homem pelo homem.
Mas o que não é normal, e que deve vexar qualquer consciência, é uma pessoa que já teve tantos ideais ser preso, não por tê-los, mas por deixar de tê-los. Porque só alguém sem ideais públicos e sem a compreensão da importância da troca periódica do poder (para a democracia) pode engendrar e tentar executar a perpetuação de um plano de poder particular, ainda que partidário. Não é uma democracia fortalecida o que querem alguns Josés.
O ex-preso político diz não concordar “com a decisão de alegarem inocência, que é a mesma de quase todos os criminosos comuns”, mas deixa de considerar que para assumir a responsabilidade de suas ações a pessoa precisa estar sob a proteção de algum escudo, seja o da lei, seja o dos ideais, seja o da verdade, seja o da consciência limpa (e convicta), seja o da virtude. Talvez nenhum escudo conseguisse lhes justificar o injustificável perante a própria consciência.