Segunda,
26 de novembro de 2013
Por
Ivan de Carvalho

No fim de semana anterior, outro
aspirante petista ao governo, José Sérgio Gabrielli (ex-candidato a governador,
ex-presidente da Petrobrás e atual secretário do Planejamento) teve seu próprio
evento, com objetivo idêntico ao produzido no último sábado pelo senador Walter
Pinheiro – afirmar a postulação, mostrar que está na batalha e dar a
demonstração de força possível.
Gabrielli até foi um pouco mais longe
que Pinheiro, ao tomar uma iniciativa que não dá para caracterizar como
meramente burocrática, mas sim como ostensivamente política. Formalizou a
pré-candidatura com uma carta entregue ao comando estadual do PT, comunicando
que postula representar a legenda nas eleições para governador e pedindo que
seu nome seja levado à avaliação do diretório estadual.
O outro aspirante petista confirmado ao
governo é o secretário-chefe da Casa Civil do governo do Estado, deputado Rui
Costa, mas ele – sob a sombra do governador, que neste caso tem parecido mais
densa que a de Lula, estimulador político da candidatura de Gabrielli – vem
preferindo atuar nos bastidores, aliás, com muito afinco.
O quarto aspirante era o duas vezes
ex-prefeito de Camaçari, ex-coordenador geral da campanha eleitoral de Wagner
para o governo e ex-presidente da UPB, Luiz Caetano, que fez todo o esforço
possível para consolidar sua pretensão de disputar o governo baiano no ano que
vem, mas profere, no momento, um discurso que dá todas as indicações de que foi
convencido (imagino, não juro) pelo governador a mirar outro alvo.
Caetano está falando sem parar em
consenso, em fórmula que leve à unidade e marcou, coincidentemente, para o dia
29 um evento em que anunciaria sua posição oficial e final. Está oficialmente
previsto para o dia 30, pela direção do PT, o anúncio do nome que representará
o partido (e o governo) nas eleições para a sucessão de Wagner. O que se diz e
repete sem desmentidos até aqui é que, no dia 29, Caetano anuncia sua
desistência (trocando a candidatura a governador pela candidatura a uma cadeira
na Câmara federal) e seu apoio a Rui Costa. Isto, na véspera do evento do dia
30, supõe-se que para causar impacto. Uma suposição um pouco fajuta, não porque
Caetano não seja uma liderança petista expressiva, que é, mas porque anunciar o
que todo mundo já sabe não impacta coisa alguma.
Bem, voltando aos eventos e demais
iniciativas de José Sérgio Gabrielli e Walter Pinheiro – das quais participaram
petistas, mas também com direito à presença de lideranças governistas de outros
partidos governistas – a firme impressão que fica é a de que, ainda que o
partido reconheça no governador Jaques Wagner a condição de “condutor do
processo” – que ele proclama abertamente e, na real, não se lhe pode negar, os
petistas estão querendo mostrar que condutor é uma coisa e dono é outra. Usando
esta ou outra palavra equivalente, Wagner já disse isso mesmo, que é condutor,
mas não é dono. Parece que este é o entendimento que alguns postulantes e
tendências petistas querem transpor do mundo das ideias ao mundo real.
EM
TEMPO 1 – Note-se a luta entre o PDT e o PP (outra forma de dizer é entre o
presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo e o presidente estadual do
PP, Mário Negromonte) pela candidatura a vice-governador na chapa governista.
Há cerca de mês e meio, o PDT e Marcelo Nilo (este é, oficialmente, candidato a
governador, mas seu partido aceita outro lugar na chapa às eleições
majoritárias) promoveram um importante evento numa churrascaria. Ontem, no
Hotel Matiz, foi a vez do PP e Mário Negromonte fazerem a mesma coisa.
EM
TEMPO II – A ministra baiana Eliana Calmon pediu sua aposentadoria no
Superior Tribunal de Justiça a partir de 18 de dezembro. Compulsoriamente, só
teria de sair no fim do ano que vem. A decisão consolida sua candidatura ao
Senado pelo PSB da Bahia e, automaticamente, aumenta a distância entre este
partido e o PT no Estado.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan
de Carvalho é jornalista baiano.