Terça, 26 de novembro de 2013
Ivan Richard, repórter da Agência Brasil
 Brasília – A cúpula do PSDB anunciou hoje (26) que apresentará 
denúncia à Comissão de Ética da Presidência da República contra o 
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por entender que ele agiu 
politicamente no caso da investigação, pela Polícia Federal, das 
denúncias de envolvimento de representantes da legenda no esquema de 
corrupção no metrô de São Paulo.
Os tucanos também pediram o afastamento de Cardozo do cargo. Em uma 
entrevista coletiva, com a presença dos principais nomes do partido, o 
PSDB avaliou que a saída do ministro é “condição sine qua non” 
para continuidade das investigações. “A ação do ministro da Justiça não 
coaduna com preceitos republicanos. A forma açodada como agiu o ministro
 e sua omissão tiram dele as condições de conduzir essas investigações”,
 disse o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG).
Os integrantes da legenda mencionaram a existência de um documento, 
encaminhado por Cardozo à PF, em que o ex-diretor da empresa Siemens 
Everton Rheinheimer faz denúncias sobre a prática de cartel das empresas
 que forneciam materiais e serviços para o metrô de São Paulo.
Segundo o PSDB, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica (Cade), Vinicius Carvalho, foi quem repassou o documento com 
as denúncias à PF. O Cade também investiga o esquema, além dos 
ministérios Público Federal e Estadual. O PSDB alega que partiu do Cade a
 denúncia contra membros do partido. A legenda também defende o 
afastamento de Carvalho.
Para Aécio Neves, o PT “usa as instituições” para se perpetuar no 
poder. “O PT faz um mal enorme à democracia ao se apropriar das 
instituições como patrimônio para tentar perpetuar o projeto de poder.”
 O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), comparou o 
caso ao episódio que ficou conhecido como “dossiê dos aloprados”, em que
 integrantes do PT foram presos pela Polícia Federal, duas semanas antes
 das eleições presidenciais de 2006, tentando comprar um dossiê que 
ligava o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, à 
máfia dos sanguessugas.
“Um documento não assinado, entregue na sua casa [do ministro], por 
um companheiro de partido [o secretário de Serviços da prefeitura de São
 Paulo, Simão Pedro (PT)] e que, ao final, o denunciante pede um cargo 
na Vale? O papel que o ministro fez não coaduna com o papel de um 
ministro de Estado”, reforçou Sampaio. “Esse documento nos causa 
repulsa”, acrescentou.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que, 
além de apresentar denúncia contra Cardozo na Comissão de Ética Pública,
 o partido tentará convocá-lo na Câmara e no Senado. “Contra aqueles que
 participaram disso vamos tomar medidas de natureza institucional e do 
ponto de vista pessoal. Do ponto de vista institucional, vamos atuar no 
Congresso para convocar o ministro da Justiça na CCJ [Comissão de 
Constituição e Justiça]”.
O secretário estadual de Energia de São Paulo, José Aníbal, um dos 
acusados de participação no esquema, classificou o documento como “uma 
fraude”. “A presidenta Dilma, se ela não sabia disso, agora está 
sabendo. Ou ela demite o ministro ou ela é cúmplice desse dossiê 
aloprado 2”, disse Aníbal.
 
 
 
