Dirceu recebia pagamentos do esquema desde a
época em que foi ministro. “José Dirceu foi beneficiário. Queremos mostrar que
ele e Fernando Moura [outro preso hoje] foram os agentes responsáveis pela
instituição do esquema Petrobras desde o tempo do governo Lula. Desde aquela
época [da Casa Civil], passando pelo mensalão, pela condenação [pelo Supremo Tribunal
Federal], pelo período em que ele ficou na prisão. Sempre com pagamentos. Esses
são os motivos com os quais estão baseadas a prisão”
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Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil
O ex-ministro José Dirceu, preso hoje (3),
preventivamente, na 17ª fase da Operação Lava Jato é apontado, pela Polícia
Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), como criador e
beneficiário do esquema de corrução na Petrobras. Segundo os investigadores,
Dirceu, na época em que era ministro da Casa Civil, no governo do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, nomeou Renato Duque para Diretoria de Serviços da
estatal, onde foi iniciado o esquema de superfaturamento de contratos da
Petrobras.
“É evidente que José Dirceu tem um papel importante na
indicação de pessoas para a Petrobras. Creio que chegamos a um dos líderes
principais, que instituiu o esquema Petrobras e que, durante o período como
ministro, aceitou que o esquema existisse e se beneficiou do esquema também”,
disse o procurador federal Carlos Fernando Lima.
Segundo ele, Dirceu recebia pagamentos do esquema desde a
época em que foi ministro. “José Dirceu foi beneficiário. Queremos mostrar que
ele e Fernando Moura [outro preso hoje] foram os agentes responsáveis pela
instituição do esquema Petrobras desde o tempo do governo Lula. Desde aquela
época [da Casa Civil], passando pelo mensalão, pela condenação [pelo Supremo Tribunal
Federal], pelo período em que ele ficou na prisão. Sempre com pagamentos. Esses
são os motivos com os quais estão baseadas a prisão”, explicou Fernando Lima.
Ao lado de Dirceu, Fernando Moura é apontado pela
força-tarefa da Lava Jato como um dos principais “líderes” do esquema de
corrupção. Foi ele quem levou o nome de Renato Duque a José Dirceu.
De acordo com Fernando Lima, a prisão de Dirceu foi
decretada porque, apesar de cumprir prisão domiciliar – em decorrência da
condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão –, ele
continuava agindo e recebendo recursos. Além disso, acrescentou o procurador, o
irmão de Dirceu, também preso hoje, esteve em várias empresas investigadas
fazendo cobrança de pagamento.
Segundo o delegado da Polícia Federal Igor Romário de
Paula, a 17ª fase da Lava Jato tem como “essência” a corrupção. Ela abrange,
além das empreiteiras já investigadas, empresas de prestação de serviços de
limpeza e informática para a Petrobras.
O delegado federal Marco Antonio Ancelmo acrescentou que
em todo o período de investigação da força-tarefa da Lava Jato, a empresa JD
consultoria, de José Dirceu, não comprovou efetivamente a prestação de
serviços, apesar da apresentação de notas fiscais emitidas como justificativa
para pagamentos feitos por empreiteiras com contratos com a Petrobras.
“A empresa JD consultoria era, praticamente, uma central
de pixulecos [termo usado pelos envolvidos no esquema em referência ao
pagamento de propina]. Por todo tempo que essa investigação funcionou, não há
uma comprovação que essa empresa tenha efetivamente prestado o serviço”, disse
o delegado. “Mesmo com todo tempo e todas as notas que foram divulgadas acerca
da JD, não ficou comprovado nenhum serviço prestado pela empresa”. A 17ª
Fase da Operação Lava Jato é denominada Pixuleco, em alusão ao termo.
Preso em Brasília, José Dirceu foi levado para a
Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal e depende de liberação
do STF para que seja transferido para Curitiba, onde estão concentradas as
ações da Lava Jato.
Perguntado se o ex-presidente Lula poderá vir a ser alvo
das investigações, o procurador afirmou que nenhuma hipótese pode ser
descartada. “Não se descarta nenhuma hipótese de investigação. Não vamos dizer
que estamos investigando ninguém da gestão anterior, ninguém da atual gestão.”
A defesa de José Dirceu informou que irá se manifestar
após ter acesso aos documentos que motivaram a prisão. Nas últimas semanas,
Dirceu apresentou pedidos de habeas
corpus preventivo para evitar uma prisão, mas os pedidos foram
negados pela Justiça Federal. Na ocasião, o advogado Roberto Podval argumentou
que a eventual prisão do ex-ministro não se justificava, pois ele está
colaborando com as investigações desde o momento em que passou a ser
investigado na Lava Jato, alegando que José Dirceu é alvo de uma “sanha persecutória”.
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