Sábado, 1 de agosto de 2015
Do blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lunagaretti
Bomba caseira no Instituto Lula é ameaça à democracia |
A
presidenta Dilma Rousseff repudiou com firmeza o atentado ao Instituto
Lula, independentemente de as imagens das câmeras de segurança
evidenciarem que se tratava de mera intimidação. Os criminosos queriam
apenas fazer barulho, não causar verdadeiros estragos ou ferir alguém.
Mas, o ato em si tem de ser repudiado, qualquer que haja sido a periculosidade. Portanto, ela está certíssima na sua avaliação:
"A intolerância é o caminho mais curto para destruir a democracia. Jogar uma bomba caseira na sede do Instituto Lula é uma atitude que não condiz com a cultura de tolerância e de respeito à diversidade do povo brasileiro".
Assim como estava erradíssima em janeiro de 2012, quando ignorou
olimpicamente um episódio muito mais grave, conforme qualquer um
depreende deste alerta que lancei na ocasião:
Tentativa de explodir o Sintusp era uma irrelevância |
"... ecos do frustrado atentado ao Riocentro ressoam na denúncia do Sindicato dos Trabalhadores da USP, de que acaba de ocorrer uma 'criminosa tentativa de sabotagem no Sintusp': quando os funcionários chegaram para trabalhar no dia 12, encontraram pastas e documentos revirados e todos os botões do fogão industrial abertos, sem que tivessem sido violados os cadeados de entrada nem as fechaduras das portas que dão acesso à entidade e salas internas.
Funcionários e estudantes se recordam de terem visto, na véspera, vigilantes da empresa Evik e policiais à paisana rondando o sindicato.
...Este é o último capitulo de (...) uma verdadeira ofensiva repressiva feita por parte da reitoria e do governo, que se dá através de processos administrativos, criminais e ações de espionagem contra os diretores e ativistas do sindicato e estudantes que lutam em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos".
Dercy Gonçalves explica |
Ou seja, daquela vez uma simples faísca poderia ter mandado o Sintusp
pelos ares, mas a presidenta da República enterrou a cabeça na areia,
como costuma fazer quando é atingida a esquerda autêntica. Chegou ao
cúmulo de esparramar copiosas lágrimas retóricas por um oficial da PM
agredido nos protestos de rua, num momento em que manifestantes e
repórteres eram simplesmente barbarizados pela corporação.
Adota postura diametralmente oposta quando a vítima é boa companheira, ou seja, pertence à fatia da esquerda que antes qualificávamos de reformista e agora está mais desvirtuada ainda (a ala governista do PT, p. ex., se tornou verdadeira contradição em termos, uma esquerda neoliberal).
Também não me lembro de ter ouvido então a maioria das vozes hoje
erguidas exaltadamente contra o terrorismo, numa overdose de indignação
democrática. Por que será?