Sexta, 29 de janeiro de 2016
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil
Com cerca de 30 mil novos casos por ano, correspondendo a uma
média de 15 pessoas contaminadas a cada 100 mil habitantes, o Brasil é o
único país do mundo que ainda não alcançou a meta da Organização das
Nações Unidas (ONU) para a hanseníase em 2015. O país é considerado em
processo de eliminação da doença quando atinge o nível de dez novos
casos a cada 100 mil habitantes.
A informação é do Movimento de
Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), que este
mês promove mês a campanha #JaneiroRoxo para marcar as ações em torno do
combate à doença, considerada a mais antiga da humanidade, além do dia
Mundial e Nacional de Combate à Hanseníase, comemorado no último domingo
de janeiro.
No Rio de Janeiro, o Morhan fez hoje (29) um dia de
ações lúdicas e informativas sobre a doença no Hospital Estadual Tavares
de Macedo, em Itaboraí, local onde funcionou uma colônia de isolamento
de pacientes. Esta semana também ocorreu, no Japão, o encontro do Apelo
Global para Erradicação do Estigma e do Preconceito contra Pessoas
Atingidas pela Hanseníase, que chegou à sua 11ª edição.
O coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, informou que o movimento do Apelo Global começou com os próprios pacientes.
“Todo
ano fazemos um apelo global. Já teve vários, cada vez com um tema. O
primeiro foi feito pelas próprias pessoas doentes, para acabar com a
doença e com o preconceito. O segundo foi assinado por presidentes e
prêmios Nobel da Paz, como Lula, Jimmy Carter e Dalai Lama. Depois,
foram organizações de direitos humanos, ordens dos advogados do mundo
todo e academias. Este ano, o foco são os jovens, de modo a envolvê-los
na causa”.
Segundo Custódio, o fato é importante para divulgar os
sintomas da doença e a necessidade de se fazer a detecção precoce. “O
Brasil não está detectando precocemente. Quase 10% dos novos casos
chegam no posto de saúde com sequelas. Não estamos fazendo exame de
contato, que detecta mais casos. Temos de manter o combate à hanseníase
na agenda política.”
O Ministério da Saúde informou que está
fechando os dados de 2015 da doença e deve divulgar o balanço e a
campanha de combate e conscientização na próxima semana.
A
hanseníase tem cura e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), com duração de seis meses a um ano, de
acordo com a forma da doença. Os principais sintomas são manchas
esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas; área de pele seca e com
falta de suor, com queda de pelos ou com perda de sensibilidade;
sensação de formigamento; dor e sensação de choque, fisgada ou agulhada
ao longo dos nervos dos braços e pernas; edema ou inchaço de mãos e pés;
diminuição da força muscular das mãos, pés e face; úlceras de pernas e
pés; e nódulo no corpo.
A doença é causada pela bactéria Mycobacterium leprae
e é transmitida pela respiração. O contágio ocorre quando há o contato
prolongado com pessoa doente sem tratamento. As crianças são mais
suscetíveis que os adultos. Para Custódio, a doença deixa de ser
transmissível assim que iniciado o tratamento. Entre os fatores de risco
estão o baixo nível sócioeconômico, a desnutrição e a superpopulação
doméstica.
“A doença acompanha a linha da miséria. Então, onde
tiver uma situação de vida pior terá mais. No Rio de Janeiro tem mais na
Baixada Fluminense, zona oeste, São Gonçalo e Campo dos Goytacazes,
onde ainda tem trabalhadores no corte da cana”.
O Morhan lançou
este mês o ZapHansen, canal informativo gratuito para tirar dúvidas
sobre hanseníase através do aplicativo para smatphone WhatsApp. O número
é (21) 979 120 108.