Quarta, 27 de janeiro de 2016
Carolina Gonçalves – Repórter da Agência Brasil
A publicitária Nelci Warken, que prestou serviços à Cooperativa
Habitacional dos Bancários (Bancoop), foi a primeira pessoa detida na
22ª fase da Lava Jato na manhã de hoje (27), batizada de Triplo X. Em
entrevista concedida há pouco, os investigadores da operação anunciaram
ainda que já estão presos Ricardo Honório, um dos sócios do escritório
da empresa Panamaense Mossack Fonseca no Brasil, e Renata Pereira Brito
que trabalhava com Honório.
A empresa é responsável pela offshore
Murray, que adquiriu um condomínio imobiliário no Guarujá, litoral
paulista, inicialmente construído pela Bancoop, presidida entre 2005 e
2010 pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso em abril do ano
passado. O empreendimento foi repassado para a empreiteira OAS em 2009,
em função de uma crise financeira da cooperativa.
O nome da
operação faz alusão a Murray que mantém um triplex no condomínio. A
Polícia Federal apura se houve ocultação de patrimônio na operação e se
as unidades foram usadas como repasse de propina.
“Além dos
possíveis crimes de sonegação fiscal e ocultação de patrimônio, há
indícios de que os imóveis foram usados para pagamento de propina a
pessoas que hoje são proprietárias”, explicou o delegado da Lava Jato,
Igor Romário.
O delegado acrescentou ainda que outras três
pessoas que tem mandado de prisão temporária expedido estão no exterior.
Uma delas é Maria Mercedes, administradora do escritório da Mossack no
Brasil. Outra pessoa que já foi localizada e notificada é Ademir Auada,
funcionário da empresa responsável por abrir diversas offshores. Auada também é esperado na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.
O
sexto mandado de prisão temporária foi expedido em nome de Luis
Fernando Ernandez Ribeiro que não foi localizado pela PF. Todos estão
ligados à Mossack Fonseca.
O delegado Igor Romário disse que as
buscas e apreensões – 15 mandados – nas residências indicadas já foram
concluídas. Na 22ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de hoje
(27) em São Paulo e Santa Catarina para apurar suspeitas de corrupção,
fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, ainda existem dois
mandados de condução coercitiva. Com estes mandados, a PF já ouviu hoje o
depoimento de Eliana Pinheiro de Freitas e Rodrigo Andres Fernandes,
também funcionários da Mossack.
Procurador da Lava Jato, Carlos
Fernando dos Santos Lima acrescentou que ainda está sendo investigada a
existência de uma estrutura criminosa para facilitar a abertura de
empresas offshores – em paraísos fiscais - e contas no exterior
para esconder dinheiro de propina fruto de atividades irregulares
envolvendo negócios da Petrobras.
Três dos réus – [Renato] Duque
[ex-diretor de Serviços da Petrobras], Mário Góes [empresário] e [o
ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro] Barusco - tinham offshores abertas pela Mossack.
“A
Mossack Fonseca que é uma empresa com sede no Panamá e tem escritórios
no mundo inteiro, inclusive em São Paulo. Esta empresa continuava
promovendo a abertura de offshores no exterior”, disse Lima ao mencionar a continuidade das atividades, mesmo depois do início da Lava Jato.
Segundo
o procurador, estas atividades foram confirmadas com a quebra de
sigilos telefônico que indicam a abertura destas contas tanto para
investigados da operação quanto para outras pessoas.
Lima
conclamou pessoas que não estão envolvidas nas investigações a se
explicarem para a PF. “Porque estão usando este sistema que é um sistema
de fraude”, afirmou. O procurador explicou que manter dinheiro no
exterior é lícito, desde que seja declarado aos órgãos brasileiros, como
a Receita Federal.