Segunda, 25 de janeiro de 2016
Matéria
polêmica no CB sobre a falência do SUS no DF. Atribuir apenas ao desinteresse
do medico pela ineficiência do Sistema Público é incorreto. É verdade que o
salário é atraente e a aposentadoria também. Mas faltam estrutura, insumos.
Porém, do meu ponto de vista, o crucial localiza-se na formação profissional.
Os nossos currículos acadêmicos estão distantes da realidade profissional.
Formamos especialistas, preocupados em rapidamente acumularem riquezas, sem a
necessária visão social de um médico de país em desenvolvimento. Os Clínicos
Gerais, os Pediatras e os Médicos Generalistas desaparecem e os especialistas,
que atendem por partes, aparecem nos seus lugares. E a sociedade contribui com
isso. Se temos uma dor de cabeça vamos ao neurologista fazer uma tomografia.
Não acreditamos quando o clínico nos diz que é apenas uma dor de cabeça.
Junta-se a isso, a inacessibilidade do paciente ao Sistema. Esta dor de cabeça
poderia ser resolvida pelo médico de família, mas a inexistência dele leva o
paciente ao Pronto Socorro à procura do especialista. Triste deformação! Quem
gerencia sabe disso, mas não tem projeto ou prioridade para modificar. Prefere
o discurso e a prática das soluções privatizantes, como as Organizações
Sociais.
(Maria José Maninha, médica, ex-deputada federal
e distrital e ex-secretária de Saúde do DF. Postagem de hoje, 25 de janeiro, no
Facebook)