Terça, 11 de abril de 2017
Do Sinpro
Professores/as
e orientadores/as educacionais em greve aprovaram, na tarde desta
terça-feira (11), a continuidade da greve e a instalação da assembleia
geral permanente. Também deliberaram, durante a Assembleia Geral,
realizada na frente da Catedral Metropolitana de Brasília, a permanência
solidária da categoria aos/às 20 colegas em greve de fome e
acorrentados nas estátuas dos apóstolos em frente à igreja e iniciaram
uma vigília.
“Estamos em greve de fome porque a gente percebeu que o governo
Rollemberg está intransigente com a comissão de negociação e com nossa
categoria e vimos essa solução como a única capaz de resolver este
impasse”, disse Carlos Maciel, diretor do Sinpro-DF. A categoria
suspendeu a Assembleia Geral na manhã desta terça, que seria realizada
na Praça do Buriti, para se solidarizar com os/as 20 professores/as e
orientadores/as educacionais que se acorrentaram às estátuas dos quatro
evangelistas na frente da Catedral.
“Não poderíamos esperar nada diferente disso. A greve de fome é um
gesto de solidariedade de professores. Não é surpresa a reação e a
disposição dessa categoria de garra, e desse grupo especificamente. O
que vemos são pessoas dando uma demonstração de força e coragem de
iniciar uma greve de fome, acorrentadas na porta da Catedral. Isso tem
de mostrar para todos/as os/as trabalhadores e trabalhadoras deste país
que estamos vivendo um momento que irá exigir muito de nós. Esse é um
gesto que reafirma isso: a nossa disposição para a resistência”, avalia
Rosilene Corrêa, diretora do Sinpro-DF.
Ela disse que professores/as e orientadores/as educacionais esperam
que o Governo do Distrito Federal (GDF) entenda de uma vez por todas que
tem uma categoria em greve que merece respeito. Rosilene informou que
os/as professores/as em greve aguardam o retorno do governo sobre uma
solicitação de reunião enviada nesta segunda-feira (10) para o Palácio
do Buriti e até agora o governo não respondeu. “Estamos esperando que o
governo atenda rapidamente e mostre que ele tem a intenção de acabar com
esse impasse, o qual existe porque a intransigência do governo
permanece em não reconhecer nossos direitos”, afirma a diretora.
A categoria iniciou a Assembleia Geral na Praça do Buriti, nesta
terça, às 9h30, mas interrompeu a reunião e prosseguiu em passeata até a
Catedral para se unir aos/às 20 professores/as e orientadores/as
acorrentados nas primeiras horas desta terça às estátuas dos apóstolos.
No início desta tarde, a categoria aprovou e declarou estar em
Assembleia Permanente, ou seja, a qualquer hora o comando de greve pode
convocar a categoria para nova Assembleia Geral.
“Estamos no 28º dia de greve e hoje demos início a uma greve de fome
por tempo indeterminado. Nós fizemos de tudo para que este governo
receba a comissão, negocie e respeite esta categoria. Mas o GDF faz
vistas grossas a uma classe do funcionalismo que está paralisada desde o
dia 15 de março. Diante disso, vamos sim ficar em greve de fome por
tempo indeterminado”, afirma Iolanda Pereira, uma das professoras
acorrentadas e em greve de fome.
Cleber Soares, diretor do Sinpro-DF, recorda a realização de outras
greves de fome que professores tiveram de realizar no passado como gesto
extremo, mas de solidariedade com a categoria. “Essa não é a primeira
greve de fome realizada por professores em greve. Infelizmente, em 2012,
professores fizeram uma greve de fome em pleno governo Roriz, que se
negava a negociar e tínhamos uma igreja que preferia ficar alheia ao
processo que estava acontecendo. Felizmente algumas coisas mudaram.
Embora o governador seja Rodrigo Rollemberg, o governo continua
truculento, que obrigou a nossa categoria recorrer a essa forma de luta
que expõe as pessoas”, analisa o diretor.
Apesar de ver na greve de fome uma ação extrema, ele a considera, por
outra parte, um gesto de extrema generosidade de alguns/as
professores/as com o conjunto da categoria e com a luta. “E o que mudou é
a igreja que foi extremamente receptiva. O padre da Catedral nos
recebeu prontamente com a preocupação de resolver de imediato o
conflito. Fez contato com o bispo que, por sua vez, se sentiu
comprometido a achar uma solução imediata. Estamos aqui esperando. É uma
parte da história, mas uma parte que o governo é truculento, mas a
igreja, com uma atitude generosa, se comprometeu a interceder para
resolver esse conflito”.
A categoria permanece em frente à Catedral, em solidariedade aos/às
professores/as e orientadores/as educacionais em greve. “Enquanto o
governo estiver intransigente ficaremos aqui, em greve de fome.
Rollemberg vai às mídias e diz que está fazendo negociação com o
Sinpro-DF e efetivamente não há nenhuma proposta realmente”, disse
Letícia Montandon, diretora do Sinpro-DF e professora acorrentada e em
greve de fome.
Ela conta que resolveram sacrificar os próprios corpos “para que o
governador receba a comissão de notáveis, juntamente com a comissão de
negociação do Sinpro-DF, e ofereça uma proposta que faça esta categoria
sair da greve e volte a trabalhar. Queremos uma proposta de verdade e
não uma embromação porque o que está acontecendo é uma enrolação”.
Na avaliação do diretor Gabriel Magno, “a intransigência e a
truculência do GDF foram as atitudes que levaram o comando geral de
greve a realizar este ato extremo, na Catedral, em que professores e
professoras se acorrentaram em greve de fome desde às 9h”. Na caminhada
da Praça do Buriti para a Catedral, a categoria buscou dialogar com a
sociedade e, na porta da igreja, restabeleceram a Assembleia Geral e
deliberaram pela Assembleia Permanente.
“Isso significa que podemos convocar Assembleias Gerais a qualquer
momento e o encaminhamento fundamental de solidariedade e da tarefa
política da categoria é ficar na Catedral em vigília não só em
solidariedade, mas também para pressionar o GDF a receber e de fato
retomar o processo de negociação que tem sido negativo por causa da
truculência e da intransigência do governo Rollemberg”, afirmou Gabriel.
Confira a seguir fotos da vigília e da greve de fome:
(Fotos: Arquivo Sinpro-DF/Deva Garcia)