Terça, 17 de abril de 2017
André Richter – da Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin,
relator da Operação Lava Jato, determinou hoje (17) o envio dos
inquéritos envolvendo os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá
(PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL) para a Polícia Federal (PF). A
decisão dá início ao processo de investigação na PF, que poderá
solicitar quebra dos sigilos telefônico e fiscal, além da oitiva dos
próprios acusados.
As investigações envolvendo outros
parlamentares também deverão seguir o mesmo procedimento nos próximos
dias. Os inquéritos foram abertos pelo ministro, a pedido da
Procuradoria-Geral da República (PGR), para apurar citações aos nomes
dos parlamentares nos depoimentos de delação de ex-executivos da
empreiteira Odebrecht.
Aécio Neves e Romero Jucá são os que acumulam o maior número de pedidos de investigações
na Lava Jato, cinco ao todo. Renan Calheiros foi citado em quatro
inquéritos envolvendo a Odebrecht e passou a responder a 12
investigações na operação.
Outro lado
Após
a abertura da investigação, o senador Aécio Neves disse considerar
"importante o fim do sigilo sobre o conteúdo das delações". Segundo o
comunicado, a divulgação das colaborações premiadas foi solicitada pelo
próprio parlamentar a Fachin na semana passada. "[Aécio Neves] considera
que assim será possível desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta
correção de sua conduta", informou a assessoria do senador.
Já
Romero Jucá disse que "sempre esteve" e "sempre estará” à disposição da
Justiça para qualquer informação. "Nas minhas campanhas eleitorais,
sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas
aprovadas", disse o parlamentar, também por meio de nota.
Renan
Calheiros disse que a abertura dos inquéritos permitirá que ele possa
conhecer "o teor das supostas acusações para, enfim, exercer meu direito
de defesa sem que seja apenas baseado em vazamentos seletivos de
delações".
"Um homem público sabe que pode ser investigado. Mas
isso não pode significar uma condenação prévia ou um atestado de que
alguma irregularidade foi cometida. Acredito que esses inquéritos serão
arquivados por falta de provas, como aconteceu com o primeiro deles",
argumentou o senador e ex-presidente do Senado.