Quinta, 17 de outubro de 2019
Dos editores do
jornal O Canhoto
Como muitas ideias transgressoras,
o Canhoto foi semeado nas noites, regado a cerveja e a bons debates entre
amigos-camaradas, com a vitrola girando e boa música inspirando os sonhos
revolucionários de cada um. Já distantes do fogo da juventude, que a tudo
incendeia, mas igualmente apartados de qualquer envelhecimento de espírito, que
nos imobiliza, queríamos poder comunicar, sobretudo junto aos conterrâneos
gamenses, parte de nossas aflições políticas. O fascismo que avança, a
necropolítica que se impõe como solução aos problemas que ela própria cria, as
mentiras, a ausência do diálogo democrático, a falência das instituições, a
inversão dos valores, o retrocesso e o medo. Em meio a tudo isso, o Gama se
perdendo: águas que morrem, condomínios que brotam, violência que se espalha e
o fundamentalismo dominando as relações. Sofrem a arte e o amor.
De tudo isso, algo nos tocava mais
profundamente: a imobilidade e a apatia, a impassibilidade e a indiferença da
cidade diante de tantos retrocessos, sobretudo àqueles que mais nos atingem.
Não podemos estar do lado do silêncio. Queríamos nos unir às vozes de
resistência, aos gritos da ação. Queríamos estar junto dos grupos que como nós
acreditam na potência da periferia, na força que tem o povo do Gama. É preciso,
inclusive, repensar as estratégias de união progressista local visando a
organização popular e revolucionária. A informação e a cultura são para isso
fundamental. O Canhoto foi lançado com uma grande ambição, pois sonhar ainda é
lícito, mas ciente de nossas pernas curtas. A imprensa escrita anda démodé, mas
não desapareceu e tem grande importância articuladora, divulgadora,
sensibilizadora e de valorização de memórias e identidades. Além disso, é
preciso haver um contraponto à imprensa de papel local, tão à direita, servindo
a interesses espúrios e usando de um populismo bélico-religioso.
Pensando nisso, lançamos um
primeiro número experimental que saiu muito além de nossos desejos iniciais. No
dia 21 de setembro, com show de rock no telhado e a presença de muitxs
representantes dos movimentos políticos, sociais e culturais locais, saiu o Nº
01, Ano 01. Ficou disponível até esgotar no Sebo do Gama, livraria solitária
desta cidade, que insiste em funcionar na Feira Permanente. O objetivo é que o
Canhoto seja mensal, propondo-se um jornal popular, de política e cultura,
vinculado à vida gamense e comprometido com reflexões e debates que promovam
nossa (re)existência, alimente as forças de quem deseja a transformação pela
luta e una jovens, trabalhadorxs, mulheres, negrxs e LGBTs. Queremos promover,
junto aos que já se lançaram nesta semeaDURA, a inquietação tão necessária à
rebeldia que se escasseia ante à caretice que nos esmaga.
A 2ª edição já está na prensa e
será distribuída a partir do dia 20 de
outubro, domingo próximo, ao meio dia. Organizamos no Lazinha Bar um almoço musical, com a presença de artistas da cidade, em
palco compartilhado e microfone aberto. As 500 cópias desta edição serão
divididas entre os apoiadores, em pontos de distribuição: Let’s Rock Pub
(Mercadão Leste), Sebo do Gama e Natureza Jardim (Feira Permanente), Cine
Palomares (Santa Maria), Ateliê Fabrício Matos (Alternativo Center) e
Mercadinho do Natinho (CONIC). Deixamos em aberto as possibilidades de apoio na
distribuição (e financiamento). Quem quiser ajudar, de qualquer maneira, entre
em contato conosco.
Dados de contato dO Canhoto:
Link do Facebook para o Evento de Lançamento da 2ª Edição:
Dia: 20/10
Hora: 12 h
Local: Lazinha Bar, Qd 30 Loja 16 Setor Central, atrás da
Universal.
Instagram: @ocanhotodogama
Email: ocanhotodogama@gmail.com