Domingo, 3 de fevereiro de 2013
Por Jamil Chade
O Estado de S. Paulo
LONDRES
– A Internet está se transformando no maior instrumento de vigilância
já criado e a liberdade que ela representa estaria seriamente ameaçada. A
avaliação é de Julian Assange, criador do Wikileaks e que, há sete
meses, vive na embaixada do Equador em Londres. Para ele, a web
redefiniu as relações de poder no mundo, se transformou no “sistema
nervoso central hoje das sociedades” e chega a ser mais determinante que
armas. O problema, segundo ele, é que esse poder está agora se virando
contra as populações.
O
australiano recebeu a reportagem do Estado para uma entrevista sobre seu
livro “Cypherpunks, Liberdade e o Futuro da Internet”, que está sendo
lançado no Brasil nesta semana pela Boitempo Editorial.
Apesar
de aparentar relaxado, não escondia a palidez de sete meses dentro de
um escritório. Em junho de 2012, ele optou por pedir asilo ao Equador,
diante de sua iminente deportação para a Suécia, onde é acusado de
assédio sexual. Segundo ele, sua decisão de pedir refúgio ao governo de
Quito tem como meta evitar sua extradição da Suécia para os EUA, onde
seria julgado pela difusão de documentos secretos. O Equador lhe
concedeu asilo. Mas a polícia britânica indicou que, assim que ele pisar
para fora da embaixada em direção ao aeroporto, seria detido. O
resultado tem sido um confinamento sem data para acabar.