Quarta, 21 de dezembro de 2011
Da Agência Brasil
Brasília – Para quase um terço da população (29,4%), o desemprego é a
principal causa da pobreza no Brasil, seguido pela dificuldade de acesso
e má qualidade da educação (18,4%) e pela corrupção (16,8%). E apenas
6% acreditam que programas de distribuição de renda, como o Bolsa
Família, ajudam a resolver o problema. É o que aponta estudo divulgado
hoje (21) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a
percepção da pobreza, que entrevistou 3.796 pessoas em agosto deste ano.
Para a maioria dos entrevistados, os motivos que levam a um baixo nível
de renda são de natureza estrutural e não individual. Apenas 2,8% dos
entrevistados apontaram como causa da pobreza a preguiça ou comodismo.
Entre as soluções para melhorar a renda da população, a mais mencionada
foi a criação de empregos (31,4%) e a melhoria da qualidade da educação
(23,3%). Entretanto, 48,5% dos entrevistados concordam com a tese de que
o Brasil não vai erradicar a pobreza.
Sobre as medidas que o governo poderia tomar para reduzir o problema, o
aumento dos salários foi a resposta mais mencionada (18,6%), seguido do
estímulo para que as empresas contratem os mais pobres (11,5%) e do
apoio a pequenos agricultores (9,2%). Apenas 6% apostam nos programas de
transferência de renda, como o Bolsa Família, como forma de enfrentar a
pobreza.
De acordo com o Ipea, os dados sugerem que, na percepção social, “o
Estado tem um papel a cumprir para a superação da pobreza, seja no
sentido de incentivar mais empregos na economia, seja pela oferta de uma
educação de melhor qualidade, como sugerem as duas opiniões mais
frequentes entre a população”, segundo análise técnica sobre os dados do
estudo.
A pesquisa indica que há diferenças na percepção da população sobre
causas e soluções da pobreza, dependendo do nível de renda do
entrevistado. Entre a parcela mais pobre, que ganha menos de um quarto
do salário mínimo, mais de 40% apontaram o desemprego como principal
motivo para o problema. Já a parcela mais rica da população, com
rendimento acima de cinco salários mínimos per capita, enxergam
a dificuldade de acesso à escola e a má qualidade da educação como
principais causas da pobreza (38,5%), seguidos pela corrupção (18,5%) e
pelo desemprego (15,4%).