Sábado, 23 de junho de 2012
Por
Ivan de Carvalho

A ausência de um prefeito
no 2 de Julho, partindo garboso do Largo da Lapinha, era inimaginável. Hoje é
considerada quase uma certeza, embora possa ainda sofrer uma reviravolta. É que
não foi anunciada a data do retorno de João Henrique a Salvador, mas apenas que
a viagem iria durar “menos de 30 dias”. Então, ele está à vontade para
prosseguir no mundo encantado de Walt Disney além do 2 de Julho ou
apresentar-se no desfile para os aplausos ou vaias da galera.
Mas, se chegar de fininho e
aparecer de surpresa na Lapinha quando a cidade ainda o julgava no exterior,
isto pode até funcionar como uma excelente jogada de impacto. Se ele, sem que
seja esperado, aparece, ali, sob sol ou chuva, cumprindo o “dever cívico”,
solidário com Joana Angélica, Maria Quitéria, o general Labatut, os caboclos e
os outros heróis, correria o risco de se tornar um deles.
E o pesadelo? Bem, ele pode
estar povoando, pelo menos por enquanto, as mentes do governador Jaques Wagner
e do candidato do PT a prefeito, deputado Nelson Pelegrino. Por uma
circunstância muito especial: a greve dos professores da rede estadual de
ensino, que no 2 de Julho já terá superado os 80 dias, se não acabar antes. Um
esforço político, aliás, está sendo feito para abreviar a greve, mas o desfecho
é incerto, pois o PSOL e o PSTU, que têm influência predominante no movimento
grevista, não são de jogar conversa fora. São pau, e pedra, o fim do caminho.
Pode-se imaginar – e digo
isso porque já tem muita gente imaginando coisas a respeito – “grupos de vaias”
às margens das pistas do desfile, o que não pode ser combatido, por causa da
liberdade de expressão, embora esta forma de expressão contenha forte dose de
incivilidade. Mas é muita usada no mundo quase todo.
Espera-se que no topo dos
prédios mais altos do caminho do cortejo não se formem “grupos de ovos” nem
“grupos de sacos de água” e muito menos “grupos de lançamento de rolos de fitas
adesivas”, estes últimos bastante ativos contra José Serra quando ele disputou
com Dilma Rousseff a presidência da República. Essas coisas são agressões que,
dependendo de seus efeitos, podem até ser tipificadas como crimes de lesão
corporal leve. Estratégia defensiva pode ser o uso de chapéus, guarda-chuvas e
guarda-ovos.
Será deseducada e nada
democrática a atuação de “grupos de lançamento de bolinhas de papel”, embora
quando José Serra foi atacado dessa forma, não faltou quem declarasse a coisa
uma brincadeira, mais para rir que para reclamar. Mesmo que à bolinha de papel
haja precedido o rolo de fita adesiva, conforme comprovado por imagens
inequívocas, escamoteadas na TV. De qualquer sorte, o ataque com bolinha de
papel pode ser considerado até crime de injúria, a depender do que esteja
escrito no papel da bolinha.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.