Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Um grito em defesa do Gama

Sexta, 29 de junho de 2012
Leia o texto a seguir, um verdadeiro grito em defesa da qualidade de vida dos moradores do Gama. Grito de Ariomar da Luz Nogueira, arquiteto candango.
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Por Ariomar, arquiteto candango


1 – DESAFETAR PARA ADENSAR SEM PLANEJAMENTO URBANO GERA CAOS NAS SETORIZAÇÕES URBANÍSTICAS

2 – GAMA – CIDADE PLATÔ;
Cidade ilha – banhada pelos rios Alado, Crispim, Ponte Alta (todos poluídos e assoriados), brejos e igarapés, cachoeiras e buritizais, Cidade do CG dos anos 60, - Cidade dos festivais, - Cidade do Futebol, - Cidade do Periquito.
Inicio meu estudo documento sobre um dos problemas mais agudos do urbanismo que é o adensamento. O adensamento populacional, se mal planejado, poderá se tornar um problema não somente agudo, mas sim crônico.
Espero que a população do Gama não permita que o agudo caos urbano se torne crônico na cidade e que pensem, sobretudo, na nossa qualidade de vida e dos nossos filhos, sem nos esquecer das gerações futuras. Que não deixem acontecer com o Parque da Prainha o que aconteceu com a implantação do Pró-DF, assentado sobre um rio subterrâneo.
A formação geológica do Parque da Prainha foi formada por um milagre da natureza – surgimento dos reinos mineral e vegetal.
Serviu de lazer para população gamense nas décadas de 60/70.
Destruí-lo é um crime contra a humanidade e a sociedade do Gama.

3 – DEVER DE OFÍCIO
É meu dever de ofício, alertar a população do Gama que o adensamento populacional horizontal, vai interferir com eminentes riscos às setorizações urbanísticas inclusive com possibilidades de proliferação de vetores.
Não devo calara, sou arquiteto e urbanista com juramento prestado a minha pátria em prol do melhoramento arquitetônico e urbanístico do mundo.

4 – O QUE É ADENSAMENTO
Segundo os dicionários:
s.m – espessamento, concentração.
v.t – condensar para fazer-se denso, compacto e espesso.
Imaginem adensar sobre uma infraestrutura existente para atender uma cidade nas décadas de 70/80!
No caso do Gama, com a ocupação dos becos – Lei dos Becos – Lei equivocada e vergonhosa. Portanto quem deve ser punido é o ESTADO – Poder executivo do DF. Por quê? Porque o Estado de Direito DF sancionou uma lei comprovadamente inconstitucional — Lei corporativista. Mais uma lei da desnecessária Câmara Legislativa do DF. O Estado deve ser punido?... Não os que acreditando no Estado, investiram seus recursos na sonhada casa própria!... No sentido político, o autorr da lei ou quem de Direito, deverá ser questionado politicamente?
Espero que o adensamento dos demais becos e pontas de quadra (esquinas e áreas verdes) não ocorra; Se tal fato ocorrer é o mesmo que tentar encher uma vasilha com capacidade de meio litro com um litro. Fatalmente haverá um transbordamento. – as perversas decisões políticas interferem até na lei da física – Com este exemplo, quero ilustrar o caso do iminente caos de todos os componentes da setorização urbanística, tais como: setorização sócio cultural, ambiental, urbanística e urbanística viárias, como também nas interferências diretas nos sistemas hídricos – captação de águas pluviais, sanitárias e abastecimento. Também outros sistema: De energia elétrica, de destinação de resíduos sólidos, ambientais e de mobilidade acessível.
·         Mobilidade acessível com erros e vícios
Os competentes governantes, sem capacitação técnica, desconhecem a NBR 9050, ao executar obras nos logradouros públicos com erros que poderão interferir na vida das pessoas com necessidades especiais ou não!...
Cadê a engenharia do DETRAN?
Semáforo vivo – balão setor central e várias passagens de pedestres na cidade do Gama.

5 – Sistema Hídricos
Após o adensamento e consequentemente:
·         Uso e ocupação do solo — o abastecimento hídrico necessita de uma usina de tratamento.
·         Uso e ocupação do solo — antes do adensamento, terreno permeável. Após adensamento, terreno impermeável.
·         Uso e ocupação do solo — antes do adensamento, lençol freático abundante, artéria viva.
Após o adensamento, lençol freático precário, artéria entupida.

6 – Abastecimento de energia elétrica
  • Uso e ocupação do solo — Energia elétrica, a energia geradora do progresso tão necessário à vida.
Neste relato descrevo os danos causados pelo adensamento e não a importância indiscutível da energia elétrica na vida da população. Para que a mesma ocorra (energia elétrica), esta causa danos mutiladores no reino vegetal e consequentemente ao reino animal.
Pequenas hidroelétricas podem causar danos menores, devido a sua capacidade de produção de energia voltada para a produção de energia doméstica, caso de outros Estados com pequenos municípios (energia elétrica doméstica).
Com o adensamento populacional se faz necessário grande demanda de nergia elétrica, necessitando de grandes hidroelétricas, consequentemente:
Desmatamento, matança de rios, brejos e igarapés para a criação de lagos esverdeados e lamacentos, tão nefastos ao meio ambiente com constante ameaça a biodiversidade regional, a estrutura antropológica e sociológica das comunidades no seu habitat natural modificando o bioma.
  • Quanto ao consumo:
Com o andamento, haverá crescimento no consumo, e para a sua distribuição se faz necessário a implantação de redes específica ou de alta tensão.

7 – Destinação de resíduos sólidos
  • Uso e ocupação do solo – o adensamento contribui para a ampliação dos depósitos destinados a resíduos, seja através de aterros sanitários, por meio de reciclagem ou usinas de beneficiamento. Estas, trazendo um enorme desconforto a população, seja pelo mal cheiro e por animais, além de se tratar de um poluente ativo — é o progresso que queremos?

8 – AMBIENTAL
  • Uso e ocupação do solo – O PDOT-DF // PDL-GAMA veio interferir de forma significativa nas setorizações sócio cultural, ambiental, urbanística e urbanística viária desta cidade. Portanto, necessitando urgentemente de revisão. A sua maior interferência foi quanto a locação do Pró-DF e o adensamento populacional sem as observâncias dos impactos urbanos, tais como sócio cultural, ambiental, de vizinhança, abastecimento, resíduos sólidos e o maior complicador: O impacto viário.
Nada substitui a permeabilidade do solo

9 – SETORIZAÇÃO VIÁRIA
  • O uso e ocupação do solo – na década de 70/80, praticamente se concluiu a infra-estrutura urbana do Gama. Já apresentando estrangulamento viário em setores isolados nesse período.
Na década atual, o estrangulamento envolve todos os setores viários da cidade do Gama. Adensar é o mesmo que inviabilizar a setrorização viária atual. A ser que as vias seja adaptadas com estimativas de mais 50% para as próximas décadas.
O Gama a meu ver já está decidido quanto a sua ocupação. Com o adensamento do Setor de Indústria e Áreas Especiais.
Portanto, como arquiteto e urbanista, alerto que o adensamento populacional horizontal, com a ocupação de becos e pontas de quadras (esquinas e áreas verdes), vai interferir na qualidade de vida do referido setor. Setor já consolidado com seus edifícios de comprovada qualidade —(alguns construídos, outros sendo projetados e a serem construídos). Refiro-me aqui aos reflexos negativos nas setorizações anteriormente citadas com ênfase maior a urbanística viária. Sim, a mobilidade do setor estará comprometida tendo em vista que o mesmo se encontra entre os Setores Leste e Oeste, conflitando com o escoamento viário dos Setores Sul e Central. Com isto quero confirmar que o adensamento horizontal vai interferir negativamente nos valores imobiliários dos citados edifícios verticais.

10 – COMENTÁRIO
De Abelha: Bastião, estas notas explicativas esclarecem de fato o dano urbanístico causado pelo adensamento?

De Bastião: Sim, abelha, todo adensamento populacional urbano sem planejamento traz todas essas citadas consequencias e outras mais, principalmente com as intervenções do Poder Legislativo sobre o Executivo, interferindo nas normas técnicas reguladoras do urbanismo.
De Bem-te-vi: Xiii... Se as decisões políticas interferirem nas normas técnicas reguladoras do urbanismo, muito em breve, perderemos o símbolo azul e o verde do nosso Pavilhão Nacional.

11 – CONCLUSÃO
Uma mensagem de otimismo e de amor a minha cidade.
  • Para que tanto progresso irracional?
Cadê nossos brejos, as nossas nascentes, os nossos passarinhos, as nossas borboletas, os calangos e outros mais?...
Homenagem especial ao ativista cultural MÁRCIO VIEITES – a sua luta em defesa da cidade, da arte e da cultura, me fortalece. Você continua vivo nos nossos sentimentos.
  • Memória
“Construímos muros demais e pontes de menos” (Isaac Newton)

“Sou como a erva daninha, quanto mais me podam mais eu cresço” (Charles Chaplin)
A permeabilidade é a artéria que dá vida ao reino vegetal, proporcionando, assim, a existência da vida animal.

Ariomar — Arquiteto candango.