Terça, 26 de junho de 2012
Da Agência Brasil
Débora Zampier, repórter
A procuradora Léa Batista, uma das responsáveis por
denunciar o empresário Carlinhos Cachoeira e outros envolvidos na
Operação Monte Carlo, voltou a ser ameaçada por sua atuação no caso. A
procuradora, que atua no Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO),
recebeu um e-mail no último sábado (23) com palavras de baixo calão e ameaças a ela e sua família.
Léa já havia sofrido ameaça no último dia 13 de junho, mas a mensagem
era mais amena, em um tom ressentido. Assinada por alguém que se
denominou “Injustiçado”, a mensagem dizia que a procuradora estava sendo
muito dura no caso e que parentes de Cachoeira continuavam ganhando
dinheiro com a exploração ilegal de jogos.
Na mensagem desse sábado, o tom de intimidação e ameaça fica claro já no título do e-mail:
“Cuidado”. O remetente, que assina como Silvio Caetano Rosa, resume a
ameaça em apenas uma frase: “Sua vadia ainda vamos te pegar, cuidado,
você e sua família correm perigo”.
As ameaças à procuradora estão preocupando o presidente da Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho. Ele
encaminhou ofício nesta segunda-feira (25) ao corregedor do Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), Jeferson Coelho, pedindo
providências sobre o caso para “garantir à colega a segurança
imprescindível à boa consecução [execução] de suas atribuições”. A
expectativa é de que o CNMP analise o caso na sessão desta terça-feira
(26).
Léa e Daniel Resende são os representantes do Ministério Público na
Operação Monte Carlo, em Goiás, enquanto o procurador Carlos Alberto
Vilhena gerencia os desdobramentos do caso no Tribunal Regional Federal
da 1ª Região, em Brasília. A ANPR informa que não tem notícia de que os
outros procuradores do caso tenham sofrido ameaças, nem que algum deles
vá deixar o caso.
Na última semana, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
disse que “o Ministério Público não pode correr o risco de ser
surpreendido em razão de alguma ameaça”.
No último dia 13 de junho, o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima,
responsável pela ação penal derivada da Operação Monte Carlo, pediu afastamento do processo alegando ter sido ameaçado por pessoas ligadas ao grupo de Cachoeira. O juiz Alderico Rocha Santos assumiu o processo contra Carlinhos Cachoeira e outros réus da Operação Monte Carlo.