Sábado, 30 de junho de 2012
Por Ivan de Carvalho

Quase tudo não é tudo. Pelo
menos três coisas importantes o PT não conseguiu para reforçar a candidatura do
perseverante deputado Nelson Pelegrino, que pela quarta vez representa seu
partido em tentativas para chegar à prefeitura da capital. Se houvesse ganho as
prévias internas do PT para Walter Pinheiro em 2008 seria a quinta vez. Vamos
reconhecer e fazer justiça – é muita estrada.
Mas o governo e o PT não
conseguiram para a candidatura de Pelegrino, além de várias coisas de modesta
relevância, assegurar a integração da administração do prefeito João Henrique
na campanha eleitoral. Isso foi buscado com especial empenho por intermédio do
PP, partido que o prefeito integra e que, em troca, indicaria o candidato a
vice na chapa de Pelegrino. Mas, depois de tudo muito bem arrumado pelos
outros, o prefeito fez o que já chamei de uma “estonteante manobra” que
desarrumou as coisas. Pelegrino vai fazer campanha com o apoio do PP e o
prefeito vai cuidar do último semestre de sua administração de oito anos.
Outra coisa relevante que o
PT não conseguiu para Pelegrino foi o apoio do PTN, cujo presidente estadual é
o deputado João Carlos Bacelar, secretário municipal de Educação e que vem
fazendo um excelente trabalho desde que assumiu a pasta. O PTN é um pequeno
partido, mas em Salvador tem densidade eleitoral. E, liberado Bacelar por João
Henrique, decidiu seu partido apoiar o candidato a prefeito com o qual tem não
recente afinidade, o democrata ACM Neto.
Uma terceira coisa também
não pôde ser satisfatoriamente obtida. Desde que o ex-senador César Borges foi
nomeado para a vice-presidência de Governo do Banco do Brasil, ficou evidente
que o PR, que ele preside na Bahia, ingressaria na coligação, caso o governador
e o PT quisessem. Quiseram e, de repente, dando grande importância a isso,
talvez pela detecção de um crescimento da candidatura peemedebista de Mário
Kertész, criando a hipótese “intolerável” de um segundo turno com este e ACM
Neto, excluído o candidato do PT.
Como se sabia que iria, o
PR foi. Levou seu tempo de propaganda eleitoral “gratuita” no rádio e
televisão, que se agrega ao da coligação encabeçada pelo PT. Não levou parte de
sua bancada de deputados estaduais e, na bancada federal, o deputado com liderança
eleitoral expressiva em Salvador, Maurício Trindade, que era pré-candidato do
PR a prefeito, resolveu apoiar ACM Neto. Isso extrapolou as expectativas e o
candidato democrata deve estar rindo para as paredes.
Mas certamente foi
relevante para o PT e seu candidato a decisão – ainda que previsível – do PDT
de apoiá-los, ao invés do lançamento de candidato próprio e foi importante a
decisão do PC do B de imolar no altar petista a candidatura por meses e meses
tão afirmada da deputada Alice Portugal. Também com a comunista Olívia Santana
tornando-se vice na chapa de Pelegrino, isso resolveu um problema para este
candidato. E o lugar de vice nas três principais chapas (ACM Neto, Mário
Kertész e Nelson Pelegrino) coube a pessoas negras – nos casos de ACM Neto e
Pelegrino, mulheres.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.