Terça, 17 de setembro de 2013
Danilo Macedo, repórter da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff anunciou, por meio de nota, o
adiamento da visita de Estado que faria aos Estados Unidos em outubro.
De acordo com o texto, "tendo em conta a proximidade da programada
visita de Estado a Washington – e na ausência de tempestiva apuração do
ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar
as atividades de interceptação – não estão dadas as condições para a
realização da visita na data anteriormente acordada".
Segundo a nota oficial, a decisão foi tomada pelos dois presidentes -
Dilma Rousseff e Barack Obama. "Dessa forma, os dois presidentes
decidiram adiar a visita de Estado, pois os resultados desta visita não
devem ficar condicionados a um tema cuja solução satisfatória para o
Brasil ainda não foi alcançada", acrescentou a nota, entregue pelo
porta-voz da Presidência, Thomas Traumann.
"O governo brasileiro confia em que, uma vez resolvida a questão de
maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo
possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica e
patamares ainda mais altos", diz o texto.
A nota oficial ressalta a importância e diversidade do relacionamento
entre os dois países, fundado no respeito e na confiança mútua. "Temos
trabalhado conjuntamente para promover o crescimento econômico e
fomentar a geração de emprego e renda. Nossas relações compreendem a
cooperação em áreas tão diversas como ciência e tecnologia, educação,
energia, comércio e finanças, envolvendo governos, empresas e cidadãos
dos dois países”.
No entanto, pondera que as práticas de espionagem não condizem com a
relação de amizade entre Brasil e Estados Unidos. “As práticas ilegais
de interceptação das comunicações e cidadãos, empresas e membros do
governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania
nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência
democrática entre países amigos”.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou ontem (16)
para a presidenta da República, Dilma Rousseff, para tratar da viagem.
Desde a divulgação de denúncias de que os Estados Unidos espionaram
dados da presidenta, e depois da Petrobras, o governo passou a cogitar o
adiamento da visita. A presidenta se reuniu ontem (16) com o ministro
das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, para discutir o
retorno dado pelo governo norte-americano aos questionamentos do Brasil
sobre as denúncias.
Figueiredo esteve em Washington na semana passada para tratar do
assunto com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos,
Susan Rice. Há dez dias, durante a Cúpula do G20, na Rússia, o
presidente Barack Obama se comprometeu com a presidenta Dilma a
responder aos questionamentos do governo brasileiro em uma semana, prazo
que expirou.