Sábado, 9 de
novembro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Mas o comando petista sabia que o dia
15 seria inviável, então, quando o colocou na mídia, já previa um adiamento, o
que já foi feito para 30 de novembro, supõe-se que desta vez com a intenção de
que seja para valer. Mas mesmo sobre isto há incertezas. Domingo, o PT escolhe
suas direções nacional, estaduais e municipais em um tal de PED – Processo de
Eleição Direta –, uma coisa boa que os outros partidos não fazem. Já se sabe ou
supõe saber qual o grupo de tendências que vencerá o PED para a direção
estadual baiana, com Everaldo Anunciação para presidente. Esse grupo apoia o pré-candidato
a governador Rui Costa, também o preferido pelo governador Wagner.
Mas
outro postulante, José Sérgio Gabrielli, redobrou seus esforços e o senador
Walter Pinheiro, também postulante, é um perigo-pós escolha. Se o processo
interno no PT não for próximo de um consenso (e ameça não ser), pessoas que
vivem no ambiente do partido fazem uma previsão um tanto agourenta: o PT não
tem mais aquela militância antiga e brava, lutadora e espontânea. Existem duas
militâncias, atualmente: a mercenária (sanduíche, refrigerante, cachê,
transporte) e a das tendências. A primeira não é eficiente e é de curta
duração. “A segunda, se dá para empurrar sem muito suor um candidato a
governador, ela o faz, caso contrário, vai cuidar de eleger os deputados
ligados à tendência de cada um dos militantes”, analisa um destes.
O
PT, aparentemente, não tem mais que se preocupar com o PSB e a candidatura da
senadora Lídice da Mata a governadora – isso já está definido, Lídice já o
disse, ao acertar que o seu partido deixa o governo estadual em dezembro, no
contexto da reforma que o governador pretende fazer para substituir os
candidatos a mandatos eletivos nas eleições de 2014. O PT só tem de se
preocupar com os votos que a senadora vai tirar do candidato governista à
sucessão de Wagner, seja ele quem for.
E,
se alguém cometesse a indelicadeza e a estultícia de duvidar da palavra da
senadora, de que será candidata, o presidente nacional de seu partido e
candidato a presidente da República, Eduardo Campos, governador de Pernambuco,
confirmou em entrevista a candidatura dela na Bahia como coisa decidida,
líquida (ou sólida?) e certa.
Mas
o PT tem ainda de se acertar com os partidos “da base”. Existem aí alguns,
digamos assim, à falta de palavra mais apropriada, problemas. Um deles é o PDT,
que tem um aspirante declarado a candidato à sucessão de Jaques Wagner, o
presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo.
Em
plena pré-campanha a não menos de um ano. Nilo declara-se candidato, em público
e em privado, a governador, mas sabe-se que o PDT aceitaria, para ele algum
outro lugar na chapa de candidatos governistas às eleições majoritárias.
Poderia ser o candidato a vice-governador, por exemplo, já que existe uma
presunção de que seria coisa garantida, mansa e pacífica, a candidatura, do
ex-governador e atual ex-governador, Otto Alencar, ao Senado.
Otto
Alencar, presidente estadual do importante PSD, não se cansa de dizer que é
candidato a senador. Mas esta semana discordou da declarada disposição (tese
seria uma palavra inadequada) de escolha do candidato do PT ou “da base” a
governador até o dia 30 próximo, com anúncio oficial nesse dia. Para que,
argumentou ele, essa pressa? Ela não vai prejudicar, não vai causar desgaste,
mas a “tradição”, como qualificou, é a de anunciar o nome do candidato depois
do carnaval. E é mesmo, não por acaso. Antes do carnaval, quem, além dos
políticos, de uns poucos pacientes jornalistas e uns poucos empresários vai se
ligar em campanha eleitoral, tendo a grande farra pela frente? Mas por que Otto
Alencar externou sua tão natural opinião?
Isso
ele não chegou a explicar bem, mas parece óbvio. Para dar tempo a ver como as
coisas andam, como elas ficam, afinal, na Bahia como no Brasil. Na medida do
possível, claro, porque ele não é profeta e mesmo superado o carnaval muita
coisa pode acontecer.
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Este artigo foi
publicado originariamente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.