Segunda, 9 de fevereiro de 2015
Do Blog do Siro Darlan / Carta Maior
Por Leandro Severo (*)
Em 1941,
enquanto milhões de homens e mulheres derramavam seu sangue pela liberdade nos
campos da Europa e da União Soviética, a elite dos círculos financeiros dos
Estados Unidos já traçava seus planos para o pós-guerra. Como afirmou Nelson
Rockefeller, filho do magnata do petróleo John D. Rockefeller, em memorando que
apresentava sua visão ao presidente Roosevelt: “Independente do resultado da
guerra, com uma vitória alemã ou aliada, os Estados Unidos devem proteger sua
posição internacional através do uso de meios econômicos que sejam
competitivamente eficazes...” (COLBY, p.127, 1998). Seu objetivo: o domínio do
comércio mundial, através da ocupação dos mercados e da posse das principais
fontes de matéria-prima. Anos mais tarde o ex-secretário de imprensa do
Congresso americano, Gerald Colby, sentenciava sobre Rockefeller: “no esforço
para extrair os recursos mais estratégicos da América Latina com menores
custos, ele não poupava meios” (COLBY, p.181, 1998).
Neste mesmo ano,
Henry Luce, editor e proprietário de um complexo de comunicações que tinha
entre seus títulos as revistas Time, Life e Fortune, convocou os
norte-americanos a “aceitar de todo o coração nosso dever e oportunidade, como
a nação mais poderosa do mundo, o pleno impacto de nossa influência para
objetivos que consideremos convenientes e por meios que julguemos apropriados”
(SCHILLER, p.11, 1976). Ele percebeu, com clareza, que a união do poder
econômico com o controle da informação seria a questão central para a formação
da opinião pública, a nova essência do poder nacional e internacional.
Evidentemente
para que os planos de ocupação econômica pelas corporações americanas fossem
alcançados havia uma batalha a ser vencida: Como usurpar a independência de
nações que lutaram por seus direitos? Como justificar uma postura imperialista
do país que realizou a primeira insurreição anticolonial?
A resposta a
esta pergunta foi dada com rigor pelo historiador Herbert Schiller: “Existe um
poderoso sistema de comunicações para assegurar nas áreas penetradas, não uma
submissão rancorosa, mas sim uma lealdade de braços abertos, identificando a
presença americana com a liberdade – liberdade de comércio, liberdade de
palavra e liberdade de empresa. Em suma, a florescente cadeia dominante da
economia e das finanças americanas utiliza os meios de comunicação para sua
defesa e entrincheiramento onde quer que já esteja instalada e para sua
expansão até lugares onde espera tornar-se ativa” (SCHILLER, p.13, 1976).
Foi exatamente
ao que seu setor de comunicações se dedicou. Estava com as costas quentes, já
que as agências de publicidade americanas cuidavam das marcas destinadas a
substituir as concorrentes europeias arrasadas pela guerra. O setor industrial
dos EUA havia alcançado um vertiginoso aumento de 450% em seu lucro líquido no
período 1940-1945, turbinado pelos contratos de guerra e subsídios
governamentais. Com esta plataforma invadiram a América Latina e o mundo.
Com o suporte do
coordenador de Assuntos Interamericanos (CIIA), Nelson Rockefeller, mais de mil
e duzentos donos de jornais latinos recebiam, de forma subsidiada, toneladas de
papel de imprensa, transportada por navios americanos. Além disso, milhões de
dólares em anúncios publicitários das maiores corporações eram seletivamente
distribuídos. É claro que o papel e a publicidade não vinham sozinhos, estavam
acompanhados de uma verdadeira enxurrada de matérias, reportagens, entrevistas
e releases preparadas pela divisão de imprensa do Departamento de Estado dos
EUA.
A vontade de
conquistar as novas “colônias” e ocupar novos territórios como haviam feito no
século anterior, no velho oeste, não tinha limites. No Brasil, circulava desde
1942, a revista Seleções (do Reader’s Digest), trazida por Robert Lund, de Nova
York. A revista, bem como outras publicações estrangeiras, pagavam os devidos
direitos aduaneiros por se tratarem de produtos importados, mas solicitou, e
foi atendida pelo procurador da República, Temístocles Cavalcânti, o direito de
ser editada e distribuída no Brasil, com o argumento de ser uma revista sem
implicações políticas e limitada a publicar conteúdos culturais e científicos.
Assim começou a tragédia.
Logo chegou o
grupo Vision Inc., também de Nova York, com as revistas Dirigente Industrial,
Dirigente Rural, Dirigente Construtor e muitos outros títulos que vinham
repletos de anúncios das corporações industriais. Um fato bastante ilustrativo
foi o da revista brasileira Cruzeiro Internacional, concorrente da Life
International, que apesar de possuir grande circulação, nunca foi brindada com
anúncios, enquanto a concorrente americana anunciava produtos que, muitas
vezes, nem sequer estavam à venda no Brasil.
Ficava claro que
os critérios até então estabelecidos para o mercado publicitário, como tempo de
circulação efetiva, eficiência de mensagem e comprovação de tiragem, de nada
adiantavam. O que estava em jogo era muito maior.
Um papel
importantíssimo na ocupação dos novos mercados foi desempenhado pelas agências
de publicidade americanas. McCann-Erickson e J. Warter Thompson eram as
principais e tinham seu trabalho coordenado diretamente pelo Departamento de
Estado. Para se ter uma ideia a McCann-Erickson , nos anos 60, possuía 70
escritórios e empregava 4619 pessoas, em 37 países, já a J. Warter Thompson
tinha 1110 funcionários, somente na sede de Londres. Os Estados Unidos tinham
46 agências atuando no exterior, com 382 filiais. Destas 21 agências em sociedade
com britânicos, 20 com alemães ocidentais e 12 com franceses. No Brasil atuavam
15 agências, todas elas com instruções absolutamente claras de quem patrocinar.
No início dos
anos 50, Henry Luce, do grupo Time-Life, já estava luxuosamente instalado em sua
nova sede de 70 andares na área mais nobre de Manhattan, negócio imobiliário
que fechou com Nelson Rockefeller e seu amigo Adolf Berle, embaixador americano
no Brasil na época do primeiro golpe contra o presidente Getúlio Vargas. Luce
mantinha fortes relações com os irmãos Cesar e Victor Civita, ítalo-americanos
nascidos em Nova Iorque. Cesar foi para a Argentina em 1941 onde montou a
Editorial Abril, como representante da companhia Walt Disney, já Victor, em
1950, chega ao Brasil e organiza a Editora Abril. Neste mesmo período seu
filho, Roberto Civita, faz um estágio de um ano e meio na revista Time, sob a
tutela de Luce e logo retorna para ajudar o pai.
Poucos anos
depois, o mercado editorial brasileiro está plenamente ocupado por centenas de
publicações que cantavam em prosa e verso o american way of life.
Somente a Abril, financiada amplamente pelas grandes empresas americanas, edita
diversas revistas: Claudia, Quatro Rodas, Capricho, Intervalo, Manequim,
Transporte Moderno, Máquinas e Metais, Química e Derivados, Contigo, Noiva,
Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Almanaque Tio Patinhas, a Bíblia Mais Bela do
Mundo, além de diversos livros escolares.
Em 1957, uma
Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, comprova que “O
Estado de São Paulo”, “O Globo” e “Correio da Manhã” foram remunerados pela
publicidade estrangeira para moverem campanhas contra a nacionalização do
petróleo.
Em 1962, o grupo
Time-Life encontra seu parceiro ideal para entrar de vez no principal ramo das
comunicações, a Televisão. A recém-fundada TV Globo, de Roberto Marinho. Era
uma estranha sociedade. O capital da Rede Globo era de 600 milhões de
cruzeiros, pouco mais de 200 mil dólares, ao câmbio da época. O aporte dado
“por empréstimo” pela Time-Life era de seis milhões de dólares e a empresa
tinha um capital dez mil vezes maior.
Como denunciou o
deputado João Calmon, presidente da Abert (Associação Brasileira de Empresas de
Rádio e Televisão): “Trata-se de uma competição irresistível, porque além de
receber oito bilhões de cruzeiros em doze meses, uma média de 700 milhões por
mês, a TV Globo recebe do Grupo Time-Life três filmes de longa metragem por dia
– por dia, repito... Só um ‘package’, um pacote de três filmes diários durante
o ano todo, custa na melhor das hipóteses, dois milhões de dólares” (HERZ,
p.220, 2009).
O Brasil e o
mundo estão em efervescência. A tensão é crescente com revoluções vitoriosas na
China e em Cuba. A luta pela independência e soberania das nações cresce em
todos continentes e os EUA colocam em marcha golpes militares por todo o
planeta. A Guerra Fria está em um ponto agudo.
É nesse quadro
que a Comissão de Assuntos Estrangeiros do Congresso dos EUA, em abril de 1964,
no relatório “Winning the Cold War. The O.S. Ideological Offensive” define:
“Por muitos anos
os poderes militar e econômico, utilizados separadamente ou em conjunto,
serviram de pilares da diplomacia. Atualmente ainda desempenham esta função,
mas o recente aumento da influência das massas populares sobre os governos,
associado a uma maior consciência por parte dos líderes no que se refere às
aspirações do povo, devido às revoluções concomitantes do século XX, criou uma
nova dimensão para as operações de política externa. Certos objetivos dessa
política podem ser colimados tratando-se diretamente com o povo dos países
estrangeiros, em vez de tratar com seus governos. Através do uso de modernos
instrumentos e técnicas de comunicação, pode-se hoje em dia atingir grupos
numerosos ou influentes nas populações nacionais – para informá-los,
influenciar-lhes as atitudes e, às vezes, talvez, até mesmo motivá-los para uma
determinada linha de ação. Esses grupos, por sua vez, são capazes de exercer
pressões notáveis e até mesmo decisivas sobre seus governos” (SCHILLER, p.23,
1976).
A ordem estava
dada: “informar”, influenciar e motivar. A rede está montada, o financiamento
definido.
O jornalista e
grande nacionalista, Genival Rabelo, exatamente nesta hora, denuncia no jornal
Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro: “Há, por trás do grupo (Abril), recursos
econômicos de que não dispõem as editoras nacionais, porém muito mais
importante do que isso está o apoio maciço que a indústria e as agências de
publicidade americanas darão ao próximo lançamento do Sr. Victor Civita, a
exemplo do que já fizeram com as suas 18 publicações em circulação, bem como as
revistas do grupo norte-americano Vision Inc.” (RABELO, p.38, 1966)
Mas é necessário
mais. É preciso enfraquecer, calar e quebrar tudo que seja contrário aos
interesses dos monopólios, tudo que possa prejudicar os interesses das
corporações. A General Eletric, General Motors, Ford, Standard Oil, DuPont,
IBM, Dow Chemical, Monsanto, Motorola, Xerox, Jonhson & Jonhson e seus
bancos J. P. Morgan, Citibank, Chase Manhattan precisam estar seguros para
praticar sua concorrência desleal, para remeter lucros sem controle, para
desnacionalizar as riquezas do país se apossando das reservas minerais.
Várias são as
declarações, nesta época, que deixam claro qual o caminho traçado pelos EUA.
Nas palavras de Robert Sarnoff, presidente da RCA – Radio Corporation of
America – “a informação se tornará um artigo de primeira necessidade
equivalente a energia no mundo econômico e haverá de funcionar como uma forma
de moeda no comércio mundial, convertível em bens e serviços em toda parte”
(SCHILLER, p.18, 1976). Já a Comissão Federal de Comunicações (FCC), em informe
conjunto dos Ministérios do Exterior, Justiça e Defesa, afirmava: “as
telecomunicações evoluíram de suporte essencial de nossas atividades
internacionais para ser também um instrumento de política externa” (SCHILLER,
p.24, 1976).
É esclarecedor o
pensamento do delegado dos Estados Unidos nas Nações Unidas, vice-ministro das
Relações Exteriores, George W. Ball, em pronunciamento na Associação Comercial
de Nova Iorque:
“Somente nos
últimos vinte anos é que a empresa multinacional conseguiu plenamente seus
direitos. Atualmente, os limites entre comércio e indústria nacionais e
estrangeiros já não são muito claros em muitas empresas. Poucas coisas de maior
esperança para o futuro do que a crescente determinação do empresariado
americano de não mais considerar fronteiras nacionais como demarcação do
horizonte de sua atividade empresarial” (SCHILLER, p.27, 1976).
A ação
desencadeada pelos interesses externos já havia produzido a falência de muitos
órgãos de imprensa nacionais e, por outro lado, despertado a consciência de
muitos brasileiros de como os monopólios utilizam seu poder de pressão e de
chantagem. Em 1963, o publicitário e jornalista Marcus Pereira afirmava em
debate na TV Tupi, em São Paulo: “Em última análise, a questão envolve a velha
e romântica tese da liberdade de imprensa, tão velha como a própria imprensa.
Acontece que a imprensa precisa sobreviver, e, para isso, depende do
anunciante. Quando esse anunciante é anônimo, pequeno e disperso não pode
exercer pressão, por razões óbvias. É o caso das seções de ‘classificados’ dos
jornais. Mas poucos jornais têm ‘classificados’ em quantidade expressiva. A
maioria dos jornais e a totalidade das revistas vivem da publicidade comercial
e industrial, dos chamados grandes anunciantes. Acho que posso parar por aqui,
porque até para os menos afoitos já adivinharam a conclusão” (RABELO, p.56,
1966).
Não é difícil
perceber o quanto a submissão aos interesses econômicos estrangeiros levou a
dita “grande mídia” brasileira a se afastar da nação. A se tornar, ao longo dos
anos, em uma peça chave da política do Imperialismo. Em praticamente todos os
principais momentos da vida nacional se inclinaram para o golpismo e a traição.
Já no primeiro golpe contra Getúlio, depois, contra sua eleição, contra sua
posse, contra a criação da Petrobrás, contra a eleição de Juscelino, contra
João Goulart, contra as reformas de base, apoiando a Ditadura, apoiando a
política econômica de Collor, apoiando Fernando Henrique e suas privatizações,
atacando Lula.
Hoje, ela
novamente tem lado: o das concessões de estradas, portos e aeroportos, o dos
leilões de privatização do petróleo e da necessidade da elevação das taxas de
juros, do controle do déficit público com evidentes restrições aos
investimentos governamentais, ou seja, da aceitação de um neoliberalismo
tardio.
Porque atuam
desta forma? Genival Rabelo deu a resposta: “Um industrial inteligente desta
cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro me fez outro dia, esta observação, em
forma de desafio: ‘Dou-lhe um doce, se nos últimos cinco anos você pegar uma
edição de O Globo que não estampe na primeira página uma notícia qualquer da
vida americana, dos feitos americanos, da indústria americana, do
desenvolvimento científico americano, das vitórias e bombardeios americanos. A
coisa é tão ostensiva que, muita vez, sem ter o que publicar sobre os Estados
Unidos na primeira página, estando o espaço reservado para esse fim, o
secretário do jornal abre manchete para a volta às aulas na cidade de Tampa,
Miami, Los Angeles, Chicago ou Nova Iorque. Você não encontra a volta às aulas
em Paris, Nice, Marselha, ou outra cidade qualquer da França, na primeira
pagina de O Globo, porque, de fato, isso não interessa a ninguém. Logo, não
pode deixar de haver dólar por trás de tudo isso...’ Outro amigo presente, no
momento, e sendo homem de publicidade concluiu, deslumbrado com seu próprio
achado: ‘É por isso que O Globo não aceita anúncio para a primeira página. Ela
já está vendida. É isso. É isso!’. ‘E muito bem vendida, meu caro – arrematou o
industrial – A peso de ouro’ ” (RABELO, p.258, 1966).
(*)
Delegado à Conferência Nacional de Comunicação, Secretário Municipal de
Comunicação em São Carlos entre 2007 e 2012 e membro do Partido Pátria Livre.
Referências:
COLBY, G; DENNETT, C. Seja feita a vossa vontade: a conquista da Amazônia, Nelson Rockefeller e o evangelismo na idade do Petróleo. Tradução: Jamari França. Rio de Janeiro: Record, 1998.
COLBY, G; DENNETT, C. Seja feita a vossa vontade: a conquista da Amazônia, Nelson Rockefeller e o evangelismo na idade do Petróleo. Tradução: Jamari França. Rio de Janeiro: Record, 1998.
HERZ, D.
A história secreta da Rede Globo. Porto Alegre: Dom Quixote, 2009. Coleção
Poder, Mídia e Direitos Humanos.
RABELO,
G. O Capital Estrangeiro na Imprensa Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1966.
SCHILLER,
H. I. O Império norte-americano das comunicações. Tradução: Tereza Lúcia
Halliday Petrópolis: Vozes, 1976.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22201 (*)
Delegado à Conferência Nacional de Comunicação, Secretário Municipal de
Comunicação em São Carlos entre 2007 e 2012 e membro do Partido Pátria
Livre.
(1) O Grupo ABRIL editou também a revista Realidade entre 1966 e 1968. Hoje edita 54 títulos, entre os quais VEJA e mais suas 8 edições locais, e cinco revistas em quadrinhos, por sua subsidiária Abril Jovem.
(1) O Grupo ABRIL editou também a revista Realidade entre 1966 e 1968. Hoje edita 54 títulos, entre os quais VEJA e mais suas 8 edições locais, e cinco revistas em quadrinhos, por sua subsidiária Abril Jovem.
Referências: COLBY, G; DENNETT, C. Seja feita a vossa vontade: a
conquista da Amazônia, Nelson Rockfeller e o evangelismo na idade do
Petróleo. Tradução: Jamari França. Rio de Janeiro: Record, 1998. HERZ,
D. A história secreta da Rede Globo. Porto Alegre: Dom Quixote, 2009.
Coleção Poder, Mídia e Direitos Humanos. RABELO, G. O Capital
Estrangeiro na Imprensa Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1966. SCHILLER, H. I. O Império norte-americano das
comunicações. Tradução: Tereza Lúcia Halliday Petrópolis: Vozes, 1976.
Outros livros recomendados:
- Tio Sam chega ao Brasil – a penetração cultural americana – de Gerson Moura, Ed. Brasiliense – São Paulo – 5ª edição [1ª Ed. 1984]
- O Imperialismo Sedutor – a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra – Antonio Pedro Tota – Companhia das Letras – São Paulo – 2000
- A Invasão Cultural Norte-Americana – Júlia Falivene Alves São Paulo – Moderna – 1988 – 26ª edição.