Segunda, 20 de julho de 2015
Por Mauro Santayana
http://www.maurosantayana.com
(Do blog) - Os segmentos
que hoje comemoram as dificuldades do governo - e do país - decorrentes, no
plano econômico e institucional, da Operação Lava-Jato, que não se iludam. O
alto empresariado brasileiro tem memória de elefante e da forma como estão
sendo tratadas suas empresas e seus dirigentes - na maioria das vezes sem
nenhuma prova real - dificilmente companhias de qualquer área de atividade,
principalmente as de construção, engenharia e infraestrutura, voltarão a
reservar um centavo de seu dinheiro para apoiar candidatos ou partidos
políticos no Brasil, por mais que a cínica "reforma" política em
andamento o permita, com a previsão de elástico patamar de gastos, para o qual,
na verdade, não há mais do que o céu como limite.
Já se provou, na
prática, que não existe mais doação legal de campanha em nosso país. Os
critérios de legalidade ou ilegalidade desse mecanismo podem ser mutantes,
subjetivos ou seletivos e dependem, basicamente, da eventual interpretação de
quem estiver investigando algo em um determinado momento.
Ao ver alguns de seus
principais colegas sendo algemados, e confinados indefinidamente na cadeia,
independentemente do pretexto ou da legislação, grandes empresários já admitem
que fugirão, doravante, do envolvimento com campanhas políticas como o diabo da
cruz, mantendo delas a mesma distância de uma multidão se afastando,
apavorada, em polvorosa, de um bando de leprosos nos tempos de Jesus.
O fechamento, que,
pelo menos nos próximos anos, tende a ser praticamente definitivo, das
torneiras do financiamento empresarial, deverá privilegiar, individualmente, os
candidatos mais ricos, mas também levará, paradoxalmente, mais água para o
moinho - e mais votos - para os partidos que tiverem maior penetração junto às
chamadas organizações populares, e por meio delas, junto às camadas menos
favorecidas da população.