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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Governo na Miséria: mais de 56 mil famílias carentes do DF ficaram sem receber ajuda

Quarta, 13 de janeiro de 2016
Governo do Distrito Federal acumula mais uma dívida

Atrasos do pagamento começaram no segundo semestre de 2015 e governo não tem data para a liberação
 
Francisco Dutra — Jornal de Brasília
Mais de 56 mil famílias carentes de Brasília estão sem receber duas parcelas mensais do DF Sem Miséria. Pagando parcelas entre R$ 20 e R$ 780, o programa é um complemento do Bolsa Família. O governo Rollemberg começou a atrasar os pagamentos no segundo semestre de 2015. A Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, gerenciada por Joe Valle, ainda não tem uma data para a liberação do benefício pendente.


Segundo a pasta, a dívida atual é de R$ 20 milhões. Em função do problema, o governo interrompeu o cadastro de novos contemplados no DF Sem Miséria. Os recursos foram solicitados à Secretaria de Fazenda em 2015. Mas, segundo a secretaria, os repasses não foram realizados. A Fazenda argumentou que não tinha condições orçamentárias e financeiras para a liberação dos recursos.

A Secretaria Adjunta de Desenvolvimento Social declarou que a liberação dos recursos agora dependerá do aval não apenas da pasta da Fazenda, mas também da autorização da Secretaria de Planejamento. A reportagem do Jornal de Brasília tentou falar diretamente com o secretário Joe Valle, mas as ligações não foram atendidas.

Críticas
O deputado distrital Wasny de Roure (PT) considera a situação gravíssima. “O governo Rollemberg não consegue gerenciar as políticas públicas de Estado. Está na hora de mudar discurso da centralidade da contabilidade para a centralidade nas demandas sociais. E neste caso, falamos de condições de sobrevivência”, criticou.

Na avaliação do distrital, a postura do governo é contraditória. Se por um lado o Executivo se queixa do alto subsídio para o Transporte Público e mantém os pagamentos, por outro, sacrifica programas sociais. Citando os restaurantes comunitários, o distrital lembrou que o governo aumentou o valor das refeições, sob o argumento da necessidade de economia dos cofres. Mas, em contrapartida, a comunidade carente deixou de frequentar os refeitórios.

Efeito poderá ser devastador, diz professor
“Uma coisa é deixar de pagar uma empresa, um fornecedor. Eles são grandes e têm gordura para queimar. Outra é não pagar para um segmento social desprotegido. O efeito disso nas famílias é devastador”, comentou o professor de Administração Pública da Universidade Brasília (UnB) José Matias-Pereira à respeito do atraso no DF Sem Miséria.
 Do ponto de vista do especialista, este caso é fruto da falta de experiência em gestão do governo Rollemberg associada à grave crise financeira sofrida pelos cofres públicos do DF. Na análise do professor, as extremas desigualdades do Brasil, justificam a existência de programas sociais. No entanto, Matias-Pereira defende que as ações tenham prazos e estratégias para que os beneficiados passem a se sustentar com os próprios esforços.

“Agora a situação no País está bastante desfavorável. Este cenário de crise está alavancando a volta do desemprego. O número de pessoas retornando para as classes D e F é assustador”, alertou o professor.

Matias-Pereira contou que estudos apontam que, aproximadamente, quatro milhões de pessoas no Brasil, incluindo o DF, regrediram financeiramente, vítimas da crise.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília