Segunda, 11 de dezembro de 2016
Ciro Gomes, que trocou o PROS pelo PDT em outubro de 2015 e deve ser candidato à Presidência
 Acuado dentro do próprio partido, o PDT, o senador Cristovam Buarque
 (DF) estuda se troca de legenda ou se termina o mandato sem filiação. O
 político faz duras críticas às movimentações feitas pelo PDT nos 
últimos anos, inclusive à recém-filiação dos irmãos Cid e Ciro Gomes. 
 Em entrevista ao iG, o parlamentar diz que Ciro e Cid, ambos 
ex-ministros, "não representam o sentimento de transformação que o 
Brasil quer". Para Buarque, o partido que representava os ideais do 
fundador Leonel Brizola é hoje "acomodado e agarrado ao PT".
 "Eu acho que [o ingresso dos Gomes no partido] é a tentativa de o PT, 
junto com o PDT, continuar no governo, apesar da decadência do Partido 
dos Trabalhadores. É a afirmação do continuísmo, em vez de ser a 
proposta de uma mudança de transformação do Brasil", avalia.
 Antes filiados ao PROS, os irmãos Gomes entraram no PDT em outubro de 
2015. Em dezembro, o partido lançou a pré-candidatura de Ciro à 
Presidência da República em 2018. Nos últimos meses, Carlos Lupi, 
presidente nacional da legenda, tem feito algumas viagens com ele para 
defender a permanência de Dilma Rousseff no poder.
 De acordo com Buarque, Lupi tem dito nos últimos dois anos aos seus 
correligionários que está se afastando do partido de Lula e Dilma para 
que possa "oferecer um rumo para o Brasil". Segundo o senador, porém, 
"cada vez que ele ameaça isso, o governo oferece um ministério, e aí 
todo descontentamento com o governo desaparece".
 O senador cita como exemplo a indicação do deputado federal André 
Figueiredo (CE) para o Ministério das Comunicações, em outubro passado. 
"Ele [Figueiredo] próprio liderou um movimento da bancada para sair do 
governo. A bancada de deputados se declarou fora da bancada do governo. 
Na hora em que se oferece um ministério, volta a ser a bancada mais 
governista do que o próprio PT", analisa.
 Na opinião de Buarque, as duas siglas são responsáveis pela situação 
pela qual o País se encontra atualmente, de "economia em decadência, 
caos social e política desorientada".
 "Nunca talvez o Brasil tenha precisado tanto de participação política, 
de presença política, o que faz com que nós, com mandato, tenhamos a 
obrigação muito grande de procurar um caminho para o Brasil. E eu tenho 
plena convicção, hoje, de que o PDT não vai ajudar a procurar um novo 
caminho para o Brasil."
 O senador afirma que ainda não tomou uma decisão sobre o seu futuro 
partidário, mas que tem conversado com lideranças do PDT, de outros 
partidos e com a sua própria base no Distrito Federal. Ele diz que é 
preciso buscar uma legenda que seja vista como "elemento de 
transformação" do Brasil.
 O ex-ministro da Educação Cid Gomes: para Buarque, ele não representa o que o Brasil precisa
 Uma das hipóteses seria terminar o mandato sem partido: "É a outra 
alternativa: sair da politica. Me licencio, não entro em nenhum partido,
 fico independente até terminar o mandato, e considero que a missão foi 
cumprida".
 Buarque pondera, no entanto, que em um momento de desemprego crescente,
 "inflação acima de 11%, educação destruída e Estado desorganizado", 
deixar a política mais atuante seria uma "irresponsabilidade". "Mas, 
para essa responsabilidade ser levada com seriedade, eu tenho de ter um 
veículo que permita ajudar o Brasil a mudar", discursa.
 O senador não adianta com quais legendas está em negociação. Nas 
próximas semanas, pretende finalizar as conversas e tomar uma decisão. 
"Uma decisão dessa a gente não pode comunicar antes de grandes conversas
 dentro do partido, das minhas bases. Tem gente que veio para o PDT por 
minhas mãos", explica.
 Procurado pelo iG, Ciro Gomes disse que não comentaria as afirmações do senador.

