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(Millôr Fernandes)

sábado, 24 de novembro de 2018

O primarismo e reacionarismo de Bolsonaro, acabando o projeto do "Mais Médico"

Sábado, 24 de novembro de 2018
Por
Hélio Fernandes




Tudo pode ser esperado e admitido em matéria de baixaria política e administrativa, de um homem com a formação e  falta de convicções democráticas do Bolsonaro. Alguns achavam que só depois da posse, se mostraria de corpo inteiro. Mas revelou toda a falta de caráter, tirando Moro da magistratura para a carreira política, duas coisas que ele sempre negou.

E sem esperar a posse, e portanto sem poderes, fez intervenção, sem pudor ou constrangimento, no que funcionava muito bem e servia à coletividade. Foi apoiado pelo presidente corrupto e usurpador que há anos governa (?) sem qualquer restrição ao "mais médicos". Cumpriu as ordens de Bolsonaro, ajudado pelo ortopedista indicado para ministro da Saúde. Em vez de se defender das tremendas acusações de irregularidades com dinheiro publico, faz campanha contra o que funciona. Vou mostrar como agiram os EUA, em dois episódios, um com os cubanos, notáveis craques do futebol americano. São requisitados por grandes clubes, contratados, ganham fortunas. As autoridades esportivas ou políticas, não querem saber o que fazem com o dinheiro que recebem.

O outro episódio envolve as maiores autoridades dos EUA e de diversos países. Terminada a Segunda Guerra Mundial, criada a ONU, resolveram construir uma sede que fosse arquitetônica e politicamente uma referencia extraordinária. Os EUA reivindicaram que a sede fosse construída em Nova Iorque. Logo surgiram vetos de todos os lados, com alegações: “Os EUA vetarão a presença de governantes, com os quais não concordam".

Os EUA apresentaram dois trunfos, que lhe garantiram sediar a ONU em Nova Iorque. Já havia pedido a Oscar Niemeyer, tido e havido como o maior arquiteto do mundo, um projeto antecipado. Ele entregou logo o projeto que se complementou com quadros e painéis de Portinari, atrações na hora e até agora. (Niemeyer acabara de projetar a sede do Partido Comunista Francês, um monumento).

O segundo trunfo, um documento compromisso; os representantes de todos os países, qualquer que fosse sua ideologia, teriam toda liberdade, na ONU ou fora dela, Teriam segurança garantida e reforçada, andariam tranquilamente pelas ruas.

O grande inimigo dos EUA, Fidel Castro, esteve mais de 10 vezes discursando na ONU, sem protesto ou contrariedade. Depois das sessões, gostava de frequentar restaurantes badalados. Nunca foi desrespeitado, era atração.

PS- Se o fato ocorresse no Brasil, Bolsonaro presidente, proibiria todos. Sobre Fidel, diria, "esse bandido não entra no Brasil".

Fonte: Tribuna da Imprensa