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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Distritais Luzia de Paula e Wasny apresentaram nesta quarta (21/11) emenda ao Projeto de LUOS (Lei de Usos e Ocupação do Solo) salvando o Centro Cultural Itapuã, no Gama, que por lei é Patrimônio Cultural Material do DF. A comunidade espera que os outros distritais aprovem a emenda

Quinta, 22 de novembro de 2018
Arquivo: Blog Gama Livre



Orquestra Sinfônica de Brasília no Cine Itapuã. Bons tempos!


EMENDA (ADITIVA) Nº 42, DE 2018 — CAF
(Dos Deputados LUZIA DE PAULA e WASNY DE ROURE)
Ao Projeto de Lei Complementar nº 132, de 2017, que "Aprova a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Distrito Federal — LUOS, nos termos dos arts. 316 e 318 da Lei Orgânica do Distrito Federal, e dá outras providências."


Acrescente-se  onde  couber  o  seguinte  artigo  ao  Projeto  de  Lei  Complementar no 132/2017:


Art.   (....)  Ficam  mantidos  os  parâmetross  de  ocupação do   solo  da  Região Administrativa do Gama  - RA II, previstos na Lei Complementar 728, de 18 de agosto de 2006,  referente ·ao imóvel localizado no Setor Leste, Praça  1,  Lote 1 (cinema), em obediência ao disposto na Lei 5.616, de 26 de fevereiro de 2016.


 Justificação


Inaugurado  em  28 de março de 1961,  o Cine ltapoã  do Gama, então de propriedade  da  Empresa Cinematográfica  Paulo  Pinto,  representou  durante décadas a maior opcção  de lazer e entretenimento  para a sociedade gamense. 0 cinema funcionou sob o comando da mencionada empresa até 1986, ano em que foi adquirido pelo Governo do Distrito Federal, que, inclusive, criou uma linha de crédito no Banco de Brasilia S/A (BRB) assegurando que os lojistas instalados nas laterais do prédio pudessem comprar as lojas ali existentes e nelas continuar desenvolvendo suas atividades comerciais.
Deve ser  ressaltado que  naquele ano  de  1986  o  Cine ltapoã  esteve na eminência de ser vendido para as antigas Casas da Banha, mas, graças ao trabalho de mobilização da sociedade gamense coordenado pelo Cineclube Porta Aberta, o espaço  continuou  destinado  à arte, vindo em  1988  a  ser  reinaugurado sob  a administração do  referido cineclube, que,  por  sua  vez,  mudou  radicalmente a programação cinematográfica, pois 0 cinema, em franca decadência, exibia aquela época filmes pornôs. A entidade passou a exibir no espaço filmes de arte, inclusive a programação do Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro, do qual foi coprodutor no mesmo ano, qual seja de 1988. 
            
No Cineclube Porta Aberta  (Cine Itapoã) foram lançados inúmero filmes nacionais, como: Jorge, um Brasileiro; Terra para Rose, Feliz Ano Velho; A Marvada Carne; Os Sermões de Padre Vieira;  além de vários curtas e médias metragens; das obras do falecido bombeiro/cineasta, Afonso Brazza; e do polêmico filme Je Vous Salue Marie,de Jean-Luc Godard.
Vários casais, que hoje são avós, se conheceram no Cine Itapoã, ou seja, diversos amores tiveram início no "escurinho daquele cinema". Inúmeras crianças conheceram a sétima arte pela primeira vez no referido cinema, tanto nos tempos antigos como sob a administração do Cineclube Porta Aberta, o que faz provar o valor afetivo que aquele espaço cultural tem para o Gama e sua comunidade.
Quanto ao aspecto arquitetônico deve-se dizer que a tecnologia adotada na estrutura do cinema era revolucionaria para aqueles inícios dos anos 60. A empresa proprietária do Cine Itapoã não economizou na sua construção, mesmo porque o seu proprietário era urn homem refinado, culto, elegante, andava sempre bern trajado, falava várias línguas. Paulo Pinto sempre foi líder da cinematografia nos tempos em que o cinema era o melhor negócio. E ele soube fazê-lo. Foi ele, diga-se nesta oportunidade,  o  primeiro  a  exibir  cinemascope no  Brasil,  lançando  "O Manto Sagrado" no Cine República (onde instalou a maior tela de cinema do mundo), em 22 de fevereiro de 1954, quando comemorava seus 42 anos e Sao Paulo sediava urn festival internacional de cinema dentro das comemorações de seu 4º centenário.
A citação contida no parágrafo anterior poderia ser considera desnecessária, mas não é, tendo  em  vista comprovar que  o Cine Itapoã  não foi edificado por nenhum aventureiro, mas sim por um dos mais respeitados empresários do ramo cinematográfico do Brasil, cujo grupo do qual era dono começou a ruir a partir de sua morte, em 1991, vítima de insuficiência respiratória, ocasionada por um câncer no pulmão.
O histórico cine Itapoã, que também sediou o Cineclube Porta Aberta, veio a se transformar  mais recentemente  no Centro Cultural Itapoã,  e, apesar de não contar mais com a efervescência de anos passados, ainda assim serve  a produção vários eventos artísticos/culturais, e por isso merece ser preservado e reformado para atender melhor a comunidade do Gama.
Com relação a preservação do espaço e da história do Cine Itapoã, foi apresentado nesta Casa Legislativa o Projeto de Lei nº 593/2015, de autoria do nobre Deputado Wasny de Roure, que após aprovado e sancionado foi convertido na Lei n0 5.616, de 26 de fevereiro de 2016, que "Declara o Centro Cultural Itapuã, na Região Administrativa do Gama — RA II, patrimônio cultural material do Distrito Federal", ou seja, não pode o GDF por meio do PLUOS propor a desconstrução da referida norma, a qual reputamos de grande relevância para a arte e a cultura no Distrito Federal, especialmente para a arte cinematográfica.
A exemplo do que propomos, citamos o que ocorreu com o Cine Drive-in de Brasilia, que teve a sua declaração de patrimônio cultural determinada pela Lei 6.055,  de  22  de  dezembro  de  2017,  que  teve  origem  no  Projeto  de  Lei  n° 1.608/2013, de autoria da Deputada Luzia de Paula. Há que se observar que a Lei Complementar n° 946, de 11 de setembro de 2018, que "Estabelece parâmetros de uso e ocupação para o Setor de Recreação Pública Norte — CRPN da Região Administrativa do Plano Piloto — RA I e dá outras providencias." cuidou de preservar o mencionado Drive-in, para tanto basta que se observe o seu art. 8°, que assim prescreve: “E vedada a altera ao Cine Drive-in de Brasflia, declarado patrimônio cultural do Distrito Federal por meio da Lei n° 6.055, de 22 de dezembro de 2017.".
Assim sendo, pugnamos pela aprovação da emenda em questão, a qual não tem outro fim que não seja o de preservar um espaço cultural para a comunidade do Gama e do Distrito Federal como um todo.

Sala das Comissões, em.............................

Deputada Luzia de Paula    Deputado Wasny de Roure
            Autora                                Autor















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