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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Guedes deveria dar o exemplo e se oferecer para depor aos procuradores federais

Sexta, 4 de janeiro de 2019
 Da Tribuna da Internet
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Paulo Guedes evitou depor até conseguir o foro privilegiado
Carlos Newton 
O todo-poderoso ministro Paulo Guedes deveria descer de seu pedestal e dar um exemplo ao país, oferecendo-se para depor no Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que o Ministério Público Federal em Brasília abriu para investigar suas relações financeiras com diversos fundos de pensão. Afinal, Guedes está morando em Brasília, onde vem sendo conduzida a apuração da Procuradoria-Geral da República. Da última vez que foi convocado a depor, Guedes não deu a mínima e marcou uma viagem à Europa na mesma data. Acabou não indo, porque pegou uma infecção respiratória, segundo alegou para faltar ao depoimento.
Sem dúvida, ficou parecendo que Guedes estava esperando virar o ano, para ganhar foro privilegiado no Supremo, na condição de ministro da Economia, e colocar uma pedra sobre a investigação dos federais na primeira instância.

LEGAL, MAS AÉTICO – O procedimento de Paulo Guedes está dentro da lei.  Depois de ganhar foro privilegiado no Supremo, não precisa mais se preocupar em depor na primeira instância. Essa postura pode até ser legal, mas é inteiramente antiética e depõe contra o caráter do ministro.
Guedes é investigado sob suspeita de ter cometido crimes de gestão fraudulenta e temerária à frente de fundos de investimentos (FIPs) que receberam R$ 1 bilhão, entre 2009 e 2013, de fundos de pensão ligados a empresas públicas. Também é apurada a emissão e negociação de títulos imobiliários sem lastros ou garantias.
Entre os fundos de pensão que repassaram valores aos FIPs administrados por Guedes estão a Funcef, da Caixa, Postalis, dos Correios, Previ, do Banco do Brasil e BNDESPar, subsidiária de investimentos do BNDES. À época dos fatos apurados, os fundos eram geridos por pessoas indicadas pelo PT e PMDB.
DENÚNCIA OFICIAL – Reportagem do excelente jornalista Fábio Serapião, no Estado de S. Paulo, revela que a investigação foi aberta com base em relatórios oficiais da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que apontaram indícios de fraudes nos aportes feitos pelos fundos de pensão em dois fundos de investimentos criados pela BR Educacional Gestora de Ativos, empresa de Paulo Guedes. A investigação é conduzida pela força-tarefa Greenfield, responsável por apurar desvios nos principais fundos de pensão do País.
Em nota divulgada por seus advogados, Guedes afirmou que a abertura da apuração é “uma afronta à democracia”, mas na verdade é o próprio ministro da Economia que está afrontando a democracia e se desmoralizando, ao usar de subterfúgios para se livrar de prestar depoimento ao Ministério Público Federal.
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P.S. 1 – O que será que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, pensa dessa atitude de Guedes, ao escapar da força-tarefa? 

P.S 2 – Na prática, Guedes se equipara a Fabricio Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro que estava doente demais para depor, mas teve saúde suficiente para dar uma longa entrevista ao SBT. (C.N.)