Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 5 de janeiro de 2019

Apesar da promessa de combate à corrupção e renovação política, ministério de Bolsonaro tem quase metade dos ministros com problemas na Justiça

Sábado, 5 de janeiro de 2019

Do IHU
Instituto Humanitas Unisinos

Por: Ricardo Machado e João Vitor Santos | 05 Janeiro 2019
No Brasil, a Justiça tarda e falha. Durante uma das campanhas mais duras ao Palácio do Planalto nas última décadas, Jair Bolsonaro mobilizou paixões em torno de um discurso que prometia acabar com a corrupção e promover renovação política e subiu a rampa presidencial. Se Paulo Guedes (Economia) era um nome certo no Ministério desde o início da campanha, Sérgio Moro (Justiça) foi de especulação improvável a confirmação entusiasta, e Ricardo Salles (Meio Ambiente), o último nome a ser anunciado.
Com a confirmação do alto escalão do novo governo, o cálculo final fica assim: dos 22 ministros de Bolsonarodez estão sendo ou já foram investigados pelo judiciário, inclusive com alguns dos ministros que confessaram os crimes cometidos. A razão pela qual tais ministros não estão presos variam de prescrição dos crimes a que são suspeitos, devido a demora do judiciário, a foro privilegiado dos que eram parlamentares. Da lista total, os responsáveis pelas pastas que foram ou são alvos de investigação são: Onyx LorenzoniAugusto HelenoPaulo GuedesTereza CristinaDamares AlvesLuiz Henrique MandettaMarcos PontesRicardo SallesMarcelo Álvaro Antônio e Gustavo Canuto.
A ampla cobertura midiática na última semana, desde a posse do novo presidente, manteve um tom laudatório em torno dos escolhidos de Bolsonaro. Entretanto, o verniz republicano de alguns políticos não sobrevive à primeira página de busca do Google. Para tentar compreender o perfil do atual ministério, mas sem análises políticas de fundo, o Instituto Humanitas Unisinos - IHU preparou uma reportagem com informações que pontuam a trajetória profissional, política e pública dos chefes de pasta da esplanada dos Ministérios. Ao final de cada minibiografia, apresentamos os links, na maior parte deles de órgãos oficiais, de onde as informações foram coletadas e podem ser checadas. O atual Ministério é resultado, também, de assimetrias na celeridade do judiciário, que, em caso de decisões de segunda instância e com base na Lei da Ficha Limpa, poderia indeferir as homologações dos postulantes aos cargos.
A reportagem é de Ricardo Machado e João Vitor Santos, jornalistas, que trabalham no Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

Eis a reportagem.


Onyx Lorenzoni - Ministro da Casa Civil

(Foto: Geraldo Magela/Agência Estado)

O princípio da carreira política de Onyx Lorenzoni é no sindicalismo, atuando no Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul, na década de 1980. Entre 1995 e 2003, foi deputado estadual no Rio Grande do Sul. Há 21 anos faz parte do partido DEM (antigo PFL), a sigla tem ao menos sete integrantes sendo investigados na Operação Lava-Jato. Em maio de 2017, quando as delações de executivos da JBS foram homologadas pelo judiciário, o atual ministro admitiu ter cometido o crime de Caixa 2 em 2014, quando recebeu, ao menos, R$ 100 mil não declarados nas contas de campanha. Contudo, ele nega o repasse de outros R$ 100 mil em 2012. O caso se tornou ainda mais famoso quando Sergio Moro, Ministro da Justiça, afirmou que se deveria relevar o caso, afinal Lorenzoni havia pedido desculpas. Crítico ao Estatuto do Desarmamento, a campanha de Onyx Lorenzoni, em 2014, recebeu doação de R$ 100 mil de duas das maiores empresas de armas e munições do Brasil: a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e a Forjas Taurus S.A. Quatro anos antes, a Taurus repassou R$ 150 mil para a campanha de Onyx, mesmo valor doado pela Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições.

Gustavo Bebianno - Ministro da Secretaria-Geral da Presidência

(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Formado em direito pela PUC-Rio, Gustavo Bebianno Rocha é advogado e Mestre em Finanças Corporativas pela University of Illinois, Estados Unidos, e possui pós-graduações em Gestão Corporativa pelo IBMEC-RJ, em Administração de Empresas pela PUC-Rio e em Direito da Economia e da Empresa pela FGV-RJ. Bebianno, antes de assumir o cargo, foi presidente interino do PSL e ex-advogado de Bolsonaro, cujo convívio o levou à Esplanada.

General Carlos Alberto - Ministro da Secretaria de Governo

(Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O escolhido para a Secretaria de Governo é o general-de-divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz. Graduado na Academia Militar das Agulhas Negras, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, também formou-se em Engenharia Civil na PUC-Campinas. Ainda, foi graduado no nível de política e estratégia no United States Army War College, nos EUA. Entre 2000 e 2001 foi adido militar em Moscou, na Rússia. Entre 2006 e 2009, foi o comandante da Operação Minustah, no Haiti, que se iniciou em 2004. Depois de 13 anos de presença militar brasileira no Haiti, houve certa redução da violência, mas a miséria no país caribenho não foi reduzida.

General Augusto Heleno - Ministro da Segurança Institucional

(Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Com formação inicial no Colégio Militar do Rio de Janeiro, Augusto Heleno, ingressou no Exército, em 1966. Formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1969. Foi Comandante da Escola Preparatória de Cadetes e Adido Militar na França e na Bélgica. De junho de 2004 a setembro de 2005, foi o primeiro comandante militar da Operação Minustah. Em 2011, quando era chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, assinou contratos com empresas prestadoras de serviço aos Jogos Mundiais Militares no valor de R$ 22 milhõesque o Tribunal de Contas da União considerou irregulares. Esse não é o primeiro cargo de Heleno no Executivo, tendo sido adjunto do Gabinete Militar da Presidência da República em 1992, durante a gestão de Collor e, em 2002, convocado para chefiar o Centro de Comunicação Social do Exército do ex-presidente Lula, que em 2009 o nomeou para a chefia do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.

Sergio Moro - Ministro da Justiça

(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Sergio Moro tornou-se célebre como o juiz federal que comandou a Operação Lava Jato, em que houve centenas de operações da Polícia Federal onde foram presos políticos, empresários, doleiros e pessoas investigadas por corrupção passiva e ativa. Moro cursou o Program of Instruction for Lawyers em Harvard e possui título de mestre e doutor em Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná - UFPR. Esta, contudo, não é a primeira investigação de corrupção que ficou sob a tutela de Moro, afinal ele trabalhou no Caso do Banestado, no início dos anos 2000. Durante a CPI do Banestado, realizada em 2003, o delegado da Polícia Federal José Castilho Neto informou que foram movimentados irregularmente R$ 124 bilhões (sem valores corrigidos). Segundo dados do site da Polícia Federal, os valores investigados na Lava Jato somam R$ 12,5 bilhões.

General Fernando de Azevedo - Ministro da Defesa

(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Fernando de Azevedo é mais um militar que atuou na Operação Minustah, no Haiti, e agora faz parte do governo Bolsonaro. Sua formação é predominantemente marcada por cursos regulares da carreira de oficial do Exército. Ascendeu ao posto de General em 2014 e atuou como coordenador Geral de Defesa de Aérea por ocasião dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e também exerceu a chefia do Estado-Maior do Exército. Sua última função pública, antes de assumir o Ministério da Defesa, foi como assessor especial do presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli.

Ernesto Araújo - Ministro das Relações Exteriores

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Ernesto Araújo é diplomata desde 1991. Conhecido por suas posições ao que ele classifica como “globalismo”, tem posições contrárias ao multilateralismo, marca registrada da diplomacia brasileira. Seu último cargo no Itamaraty foi de diretor do Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos. Em seu discurso de posse foi de citação em grego do evangelho de São João a Olavo de Carvalho, o astrólogo e youtuber, a quem atribui a responsabilidade, ao lado de Bolsonaro, pelas mudanças, no seu ponto de vista positivas, ocorridas no Brasil. O beletrismo de seu discurso ainda contou ainda com citações a Raul Seixas e apelos à leitura de Clarice Lispector ao invés de publicações como Foreign affairs e New York Times.

Paulo Guedes - Ministro da Economia
(Foto: Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Paulo Roberto Nunes Guedes tornou-se muito conhecido durante a campanha de Jair Bolsonaro pelo alcunha de “posto ipiranga”. Mentor intelectual da política econômica do atual governo, Paulo Guedes é formado pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, com mestrado na Fundação Getúlio Vargas - FGV e doutorado em Política Fiscal pela Universidade de Chicago, Estados Unidos. É um dos fundadores do banco Pactual, que possui carteiras de investimento em ações. Além disso teve participação na fundação do Instituto Millenium, que se dedica a incentivar investimentos em capital financeiro. É um ferrenho defensor de privatizações e cortes nos gastos públicos, mas não toca no assunto da auditoria da dívida pública, que, segundo orçamento aprovado, em 2019 destinará R$ 758 bilhões ao sistema financeiro. Paulo Guedes é alvo de investigação do Ministério Público Federal por desvio de recursos de fundos de pensão de companhias estatais administradas por empresas de consultoria do economista.

Tarcísio Gomes de Freitas - Ministro da Infraestrutura

(Foto: Vilson Dias/Agência Brasil)
Tarcísio Freitas, que assume a pasta da Infraestrutura, é formado em engenharia civil pelo Instituto Militar de Engenharia - IME. É pós-graduado em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getulio Vargas - FGV, em Gestão de Cadeia de Suprimento e Logística pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército e bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras. Esse não é o primeiro cargo no Executivo assumido por Freitas, em 2011, durante a gestão de Dilma Rousseff foi nomeado diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura Transporte - DNIT. É servidor de carreira da Controladoria-Geral da União - CGU. Em 2016, durante a CPI da Funai, Freitas atribuiu ao órgão a “culpa” pela demora de licenciamento ambiental no Brasil, o que atrapalharia empreendimentos.

Tereza Cristina - Ministra da Agricultura

(Foto: Michel Jesus / Câmara dos Deputados)
Tereza Cristina é deputada federal eleita pela segunda vez pelo Estado do Mato Grosso, engenheira agrônoma e empresária do agronegócio, setor que representa e defende politicamente. Ela é uma das autoras Projeto de Lei 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país. Durante sua gestão na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo, a Seprotur, manteve relações com Joesley e Wesley Batista, da JBS, arrendando terrenos de sua família ao mesmo tempo que o governo estadual dava isenções ficais à empresa. Segundo reportagem publicada pela revista Piauí, a atual ministra acumula R$ 9,1 milhões em dívidas com bancos e fundos de pensão. O nome de Tereza Cristina veio por meio de um consenso da Frente Parlamentar Agropecuária - FPA, também conhecida como bancada ruralista.

Ricardo Vélez Rodriguez - Ministro da Educação

(Fonte: Agência Brasil)
Professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, Ricardo Vélez Rodriguez é colombiano naturalizado brasileiro. Possui graduação em filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana, graduação em teologia pelo Seminário Conciliar de Bogotá, mestrado em filosofia pela PUC-Rio, doutorado em filosofia pela Universidade Gama Filho e estágio pós-doutoral pelo Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron, Paris. Rodriguez chegou ao Ministério por indicação de Olavo de Carvalho à equipe de transição. Fiel combatente ao globalismo, em seu blog prega o que chama de "combate ao marxismo". Em um de seus textos, intitulado Um roteiro para o MEC, afirmou que os brasileiros se tornaram "reféns" de um sistema de ensino "alheio às suas vidas" e "afinado" com uma tentativa de impor a "doutrinação de índole cietificista e esquistada na ideologia marxista". Sua promessa é de um controle maior sobre as universidades públicas e maior atenção e investimento à educação básica.

Damares Alves - Ministra dos Direitos Humanos

(Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)
Advogada, educadora, pastora evangélica e assessora parlamentar, Damares Alves ficou com uma cadeira no ministério enquanto seu então chefe, o senador Magno Malta (PR-ES), teve as expectativas frustradas e não ingressou no primeiro escalão do novo governo. Fiel apoiador de Bolsonaro (foi ele quem conduziu a oração no primeiro pronunciamento do presidente eleito ao vivo em redes de televisão), Malta não escondeu a decepção. Mas não é só essa polêmica que envolve o nome de Damares. Recém anunciada, causou furor com suas posições conservadoras na área de Direitos Humanos até que revelou ter sido vítima de abuso sexual, o que quase a levou ao suicídio. Na semana de sua posse no ministério, voltou a ser alvo de críticas – e muitos memes na internet – por ter declarado que nesse governo o Brasil viverá uma nova era, onde “menino veste azul e menina usa rosa” e que “menino pode sim ser chamado de príncipe e menina de princesa”. Questionada sobre o fato, disse ter uma força de expressão e que a comunidade LGBT não terá nenhum direito tolhido na sua gestão. Em meados da década de 1980, foi uma das fundadoras do Comitê Estadual de Sergipe do Movimento Nacional Meninas e Meninos em Sergipe e há mais de 20 anos vem atuando no Congresso como assessoria na área de Direitos Humanos, especialmente no combate à pedofilia e proteção da infância. A ONG Atini, fundada por Damares, é alvo de investigação do MPF por suspeita de tráfico e sequestro de crianças, além de incitação de ódio a indígenas.

Osmar Terra - Ministro da Cidadania

(Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
Mais uma “herança” do Governo Temer, Osmar terra será responsável por esse novo Ministério que reunirá os antigos ministérios do Desenvolvimento Social, do Esporte e da Cultura. Deputado desde 2001, e reeleito mais uma vez em 2018, é formado em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e especializado em Saúde Perinatal, Educação e Desenvolvimento do Bebê na Universidade de Brasília – UNB. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS), concluiu o mestrado em Neurociência. Ainda foi secretário de Saúde em gestão peemedebista no Rio Grande do Sul e tem suas atuações voltadas para políticas da primeira infância.

Luiz Henrique Mandetta - Ministro da Saúde

(Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados)
Responsável pelo plano de governo de Jair Bolsonaro para área de saúde, Luiz Henrique Mandetta é deputado federal pelo Democratas de Mato Grosso do Sul. Ainda foi secretário de Saúde de Campo Grande. Médico formado pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, com especialização em Ortopedia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –UFMS, possui especialização em Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas. Está sendo investigado por suposta fraude em licitaçãotráfico de influência e Caixa 2 no contrato para implementar um sistema de informatização na saúde em Campo Grande, no período no qual foi secretário, chegando a ter os bens bloqueados em uma ação civil pública relativa ao caso. Aos jornais O Globo e Folha de S.Paulo, ele negou qualquer irregularidade na aquisição e instalação do sistema de Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde – Gisa e disse que explicou o caso a Bolsonaro. O Gisa custou quase R$ 10 milhões entre recursos federais e municipais e auditorias apontam prejuízo de cerca de R$ 6 milhões em pagamentos indevidos.

Bento Costa Lima - Ministro de Minas e Energia

(Foto: Saulo Cruz / MME)
Representante da Marinha na esplanada dos ministérios, Bento Costa Lima entrou para a Marinha na década de 1970. Vinha atuando como diretor-geral de desenvolvimento nuclear e tecnológico da Marinha e faz parte do conselho de administração da Nuclebrás, autarquia responsável por desenvolver o programa nuclear brasileiro. Entre outros cargos que ocupou estão: observador das forças de paz da ONU em Sarajevo; assessor parlamentar do ministro da Marinha no Congresso e comandante dos submarinos Tamoio e Toneleiro. Ainda passou pela chefia de gabinete do Estado-Maior da Armada; do comandante da Marinha e Comandante em Chefe da Esquadra, além de secretário de ciência, tecnologia e inovação da Marinha. É pós-graduado em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília; possui MBA em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas; e MBA em Gestão Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Tenente-coronel Marcos Pontes - Ministro da Ciência e Tecnologia

(Foto: Bruno Peres / MCTIC)
Marcos Pontes ficou conhecido no Brasil e no mundo como o primeiro e único astronauta brasileiro, predicado que o levou ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 40 anos de carreira militar, foi aviador, piloto de caça e chegou ao posto de tenente-coronel. É engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA e mestre em Engenharia de Sistemas pela Naval Postgraduate School, Califórnia, EUA. Entrou na Força Aérea Brasileira em 1981 e foi instrutor, líder de esquadrilha de caça e piloto de testes. Sua carreira como militar se encerrou em 1998, quando foi selecionado por concurso público da Agência Espacial Brasileira para representar o Brasil na NASA na função de astronauta, uma carreira civil. Filiado ao PSL, atuou ativamente na campanha de Jair Bolsonaro e concorreu como suplemente a senador por São Paulo, na chapa de Major Olímpio. Ainda na campanha, foi anunciado por Bolsonaro que integraria seu ministério. Em 2006 foi investigado pelo Ministério Público Militar por envolvimento em atividades comerciais, o que era proibido para um servidor, fato que ele negou à época, mas depois da prescrição admitiu.

  

Ricardo Salles - Ministro do Meio Ambiente

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Depois de declinar da ideia de fundir os Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura, Bolsonaro resolveu manter as duas áreas separadas e nomeou Ricardo Salles como titular da pasta do Meio Ambiente. Último dos 22 ministros a ser anunciado, foi Secretário de Estado do Meio Ambiente de São Paulo entre 2016 e 2017 na gestão de Geraldo Alckmin – PSDB/SP e secretário particular do então governador de São Paulo. Advogado, Salles integra o Movimento Endireita Brasil e concorreu, pelo Partido Novo, a uma vaga de deputado federal por São Paulo, mas não conseguiu se reeleger. Seu nome está envolto numa série de polêmicas. A primeira diz respeito ainda a sua posse como Secretário de estado em São Paulo. Então filiado ao PP, Salles assumiu a secretaria em julho de 2016, após o partido apoiar a candidatura de João Doria – e PSDB à prefeitura de São Paulo. Ele deixou o cargo em agosto de 2017. Segundo apurou o portal de notícias G1 à época, a decisão foi política e influenciada pelo PP, que não estava satisfeito com o desempenho de Salles. Além disso, é réu numa ação de improbidade administrativa movida por quatro promotores do Ministério Público de São Paulo. Segundo MP, no governo Geraldo Alckmin, Salles e outras duas pessoas teriam fraudado o processo do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, no ano de 2016. A denúncia diz que os citados agiram com intenção de "beneficiar setores econômicos, notadamente a mineração, e algumas empresas ligadas à Fiesp [Federação das Indústrias de São Paulo]", e que "também foram modificados mapas elaborados pela Universidade de São Paulo a pedido da Fundação Florestal e a própria minuta de decreto do Plano de Manejo da mesma APA". O processo aguarda apreciação do Judiciário. Salles alega que as duas decisões liminares da Justiça sobre alterações no plano de manejo da Área de Proteção Ambiental do Tietê foram favoráveis até o momento e que ainda não há sentença. Bolsonaro chegou a comentar o fato, mas manteve a indicação. Além disso, no final de dezembro, o Ministério Público Eleitoral em São Paulo ajuizou ação no Tribunal Regional Eleitoral contra Ricardo de Aquino Salles por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social nas eleições de 2018. O MP Eleitoral pede a cassação do registro ou diploma de Salles, que, apesar de não ter sido eleito, está na primeira suplência, e ainda que seja decretada sua inelegibilidade pelo período de oito anos. Sob a presidência do Movimento Endireita Brasil, contratou anúncios publicitários no jornal Estado de S. Paulo às vésperas do período eleitoral. O Ministério Público aponta que o objetivo das propagandas foi promover ilegalmente sua candidatura.

Marcelo Álvaro Antônio - Ministro do Turismo

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Esse é um dos nomes que representa a Bancada Evangélica no atual governo. Marcelo Álvaro Antônio, cujo nome verdadeiro é Marcelo Henrique Teixeira Dias, foi um dos grandes nomes do PSL em Minas Gerais, sendo reeleito para o segundo mandato de deputado federal, como o mais votado de seu Estado, chegando a 230 mil votos. Sua vida política começou como vereador na capital mineira antes de se eleger deputado pela primeira vez, em 2014. O futuro ministro já foi filiado a PRPMDBPR e, em 2018, migrou para o PSL e coordenou a campanha de Bolsonaro em Minas Gerais. No ano passado, votou a favor do prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer para o Supremo Tribunal Federal – STF. Em 2016, votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. É empresário, com curso de engenharia civil, e a empresa Voicelider da qual aparece como sócio tem uma dívida ativa de R$ 59,9 mil reais no INSS.

Gustavo Canuto - Ministro do Desenvolvimento Regional

(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Graduado em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e em Direito pelo Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, Gustavo Canuto não é um desconhecido pelos corredores do Executivo. Ainda no governo Michel Temer, foi chefe de gabinete do Ministro da Integração Nacional e atuou na Secretarias de Aviação Civil e Geral da Presidência da República e na Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, sendo ainda servidor efetivo do Ministério do Planejamento. O Ministério de Desenvolvimento Regional é uma das pastas criadas pelo Governo Bolsonaro, absorvendo os antigos Ministérios das Cidades e Integração Nacional, que devem se tornar secretarias do novo ministério. Para Canuto, a fusão potencializa as políticas nacionais de desenvolvimento regional. Sua indicação ainda teve cheiro de polêmica, pois chegou a se comentar que vinha com a chancela do ex-ministro da Integração Nacional e governador eleito do Pará, Hélder Barbalho (MDB), figura bem próxima de Canuto, que nega a influência. O economista Mário Ramos Ribeiro, antecessor de Pádua Andrade no cargo e do qual tinha como chefe de gabinete Canuto, acusou ambos de omissos diante de denúncias de supostas irregularidades praticadas por dois servidores do antigo Ministério da Integração Nacional.

Wagner Rosário - Ministro da Controladoria-Geral da União

(Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Outra herança do governo Temer à gestão de Jair Bolsonaro é Wagner Rosário, que fica no comando da Controladoria Geral da União - CGU, assumido em junho de 2017. E não é por acaso, pois, além de ser classificado pelo Planalto como “de perfil técnico”, também tem formação militar. O mineiro de Juiz de Fora foi capitão do Exército com formação na Academia Militar das Agulhas Negras. É graduado em Ciências Militares e possui mestrado em Combate à Corrupção e Estado de Direito pela Universidade de Salamanca, da Espanha. Integra o quadro da AGU desde 2009, ocupando o cargo de auditor federal de Finanças e Controle. Além disso, trabalhou em investigações conjuntas de combate à corrupção, em articulação com a Polícia Federal, ministérios públicos (Federal e Estadual) e demais órgãos de defesa do Estado.

André Luiz de Almeida - Advocacia-Geral da União (AGU)

(Fonte: PGU)
André Luiz de Almeida é advogado formado pela Faculdade de Direito de Bauru, de São Paulo, doutor em Estado de Direito e Governança Global e mestre em Estratégias Anticorrupção e Políticas de Integridade pela Universidade de Salamanca. Almeida também é pastor na Igreja Presbiteriana Esperança, em Brasília. Funcionário de carreira da Advocacia Geral da União - AGU, exerceu os cargos de Corregedor-Geral e Diretor de Patrimônio e Probidade. Mais recentemente, coordenou equipes de negociação dos acordos de leniência celebrados pela AGU e Controladoria-Geral da União – CGU. Sua tese de doutorado, intitulada Sistema de Princípios para a Recuperação de Ativos Procedentes da Corrupção, e sua dissertação de mestrado, Recuperación de Activos Procedentes de la Corrupción, lhe concedera prêmio extraordinária em Salamanca. Por sua atuação em trabalhos relacionados à recuperação de ativos desviados em casos de corrupção, conquistou o Prêmio Innovare em 2011.

Roberto Campos Neto - Presidente do Banco Central

O economista Roberto Campos Neto não é o primeiro da família a ocupar um cargo na equipe econômica do governo federal. Seu avô, o também economista Roberto Campos comandou o Ministério do Planejamento durante o regime civil-militar, mais precisamente durante o governo de Humberto Castelo Branco (de 1964 a 1967). Mestre em Economia pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, Neto é mais um dos alinhados com ao Paulo Guedes e suas visões da Escola de Chicago acerca da ideia de “Estado mínimo”. Ele vinha atuando no mercado como Executivo do Banco Santander. Ainda tem passagens pelo Banco Bozano Simonsen. Vale ressaltar que, antes de ser alçado à principal cadeira do Banco Central, precisa passar por uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos e pelo plenário do Senado.

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