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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

É o bicho! Rogério de Andrade é preso ao chegar para depor no Rio

Segunda, 11 de fevereiro de 2019
Por Douglas Corrêa – Repórter da Agência Brasil
O contraventor Rogério de Andrade foi preso hoje (13) quando prestava depoimento na 4ª Vara Federal Criminal do Rio. Andrade foi intimado a depor em um outro processo que corre na mesma vara federal e quando chegou ao prédio recebeu ordem de prisão. A decisão é do juiz federal Gabriel Borges Knaff.

O magistrado determinou a expedição de mandados de prisão para Rogério e Fernando de Miranda Ignacio, Paulo Cézar Pereira do Nascimento, César Augusto Borges Medeiros e Paulo César Oliveira, que estão sendo procurados pela Polícia Federal. Todos foram condenados a 10 anos de prisão em regime fechado.

O processo é referente à Operação Gladiador, de dezembro de 2006, que investigou o pagamento de propina a policiais por chefes das máfias de máquinas caça-níquel. Todos foram condenados por contravenção, descaminho e associação criminosa.

Fernando de Miranda Ignacio é genro do contraventor Castor de Andrade e Rogério, seu sobrinho. Com a morte de Castor começou uma briga entre os familiares pelo espólio do jogo do bicho de Castor, considerado à época o contraventor de maior prestígio na cúpula do jogo do bicho no Rio.

Com a guerra, o filho de Castor, Paulinho Andrade e o segurança, foram assassinados numa emboscada, quando Paulinho deixava o escritório na Barra da Tijuca. O crime foi atribuído a Rogério Andrade, primo de Paulinho. Fernando Ignacio, então, defendendo os interesses de sua esposa, começou uma guerra com Rogério Andrade com mortes de seguranças de ambos os lados, que durou vários anos.

Rogério Andrade estava de terno quando chegou à Justiça Federal. Ele foi levado pela Polícia Federal ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito e, em seguida, para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte, onde já esteve o ex-governador Sérgio Cabral, antes de ser transferido para o Complexo de Gericinó, por regalias na prisão.
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Vale a pena ler:

Jogo do bicho e ditadura militar: a história da aliança que profissionalizou o crime organizado


Este livro-reportagem é daqueles raros que esgota – destrincha até não sobrar dúvida – o assunto a que se dedica: a histórica e macabra sociedade entre jogo do bicho e ditadura militar. Seus personagens principais, Anísio, o "papai" da Beija-Flor, Castor de Andrade, o benfeitor da Mocidade Independente, e Capitão Guimarães, militar e torturador dos calabouços da ditadura, cresceram e apareceram (não sem muito sangue) no ambiente terrivelmente favorável dessa parceria. 

Neste Os porões da contravenção, Aloy Jupiara e Chico Otavio recriam a fauna de terror em que os bicheiros foram buscar os braços que lhes garantiriam segurança, território e organização. E vão muito além de escancarar – o que por si só já representaria um marco jornalístico – as manobras por meio das quais o regime não apenas protegeu, mas permitiu e mesmo estimulou, o desenvolvimento sustentável do crime organizado no Rio de Janeiro e, logo, no Brasil.