Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Diante dos alunos, ex-PM pagou de matador. Agora será investigado

Sexta, 1º de novembro de 2019
Do site da Ponte

31/10/19 por Arthur Stabile

Após denúncia da Ponte, Corregedoria da PM investigará Norberto Florindo Júnior, que revela ter cometido chacinas, matado mulheres grávidas, bebês e 100 suspeitos em socorro médico


A Justiça de São Paulo determinou que a Corregedoria da Polícia Militar investigue possíveis crimes cometidos pelo ex-PM Norberto Florindo Júnior enquanto integrante da tropa. Conforme denunciado pela Ponte, o agora professor da Alfa Concursos, escola para concurseiros, admite e se vangloria de termatado mulheres, bebês e suspeitos feridos enquanto os socorria ao hospital.

O MP (Ministério Público) de São Paulo confirma que a Justiça solicitou a abertura de investigações após as reportagens divulgadas pela Ponte. O promotor de Justiça Militar Edson Correa Batista concordou com o pedido e, assim, a Justiça encaminhou a investigação para a Corregedoria da PM. A série de reportagens também mostrou que a AlfaCon possui como acionista aSomos Educação, controlada pela Kroton, maior grupo privado de educação do Brasil e como o fundador da empresa, Evandro Guedes, exalta tortura cometidas quando agente penitenciário federal.
Corregedor da PM paulista, o coronel Marcelino Fernandes ainda não havia recebido a determinação quando questionado pela Ponte. No entanto, explica que existe, sim, a possibilidade de Norberto responder por atos cometidos enquanto policial militar. “Se não estiver prescrito, os crimes são apurados”, explica Marcelino.
Nas gravações, o professor de Direito ensina aos aspirantes a policiais militares técnicas de tortura e execução. Entre as práticas, mostra como se deve matar um suspeito baleado. “Bandido ferido é inadmissível chegar vivo ao pronto-socorro. Só se você for um policial de merda. Você vai socorrer o bandido, como?! Com esta mão, você vai tampar o nariz e, com esta, a boca”, diz Norberto, revelando ter prestado “100 socorros, eu nunca perdi um paciente [risos]. Todos que socorri chegaram mortos, todos”.