Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O caso Aras – A vergonha foi dos senhores senadores

Sexta, 5 de julho de 2013
Jornais apontam que foi por pura retaliação ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que o Senado rejeitou na última quarta (3/7) a indicação do procurador federal Vladimir Barros Aras para o CNMP, Conselho Nacional do Ministério Público. Articulações de senadores do PMDB, PT e PTB, à frente Fernando Collor, derrotaram Aras. Ele precisava de no mínimo 41 votos a favor. Obteve 38. Dezessete senadores votaram contra.

Vejam só! O argumento que teria derrotado Vladimir Aras foi o de que ele seria ligado ao procurador-geral, aquele que ajudou, no STF, a condenar à cadeia figurões da República atolados no Mensalão do PT (é verdade que esses ainda não foram empurrados para dentro das grades, e não sabemos, em razão de outras articulações que acontecem por aí, se serão. Mas isso são outros quinhentos). Em que mãos –ou cabeças– se encontra o nosso (???) Senado.

O argumento de que era necessário se vingar de Roberto Gurgel não foi, efetivamente, o único. Foi apenas um.

O fato é que Aras não foi indicado por obra e graça de Roberto Gurgel. A indicação foi feita por seus pares do Ministério Público Federal de todo o Brasil. Baiano, construiu sua carreira com dignidade e, ainda bem, sem temer os poderosos. Quando precisava acusar, dentro de sua missão constitucional, acusava.

Para ajudar a entender melhor a recusa de seu nome pelos senadores seria bom conhecer a sua trajetória dentro do MP Federal. Suas denúncias, inclusive contra políticos de direita e de alguns que ainda se autointitulam como de esquerda. Dentre as ações de Aras, denúncias contra ACM Júnior (DEM), hoje prefeito de Salvador. E também contra Jaques Wagner, atual governador da Bahia, petista e cutista. E ainda contra Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA), deputado federal e um dos principais líderes tucanos.

A recusa dos senadores ao nome de Aras, tudo indica, é uma recusa à atuação dele no combate à corrupção, ou, vamos lá, à "malfeitos" cometidos por políticos. O procurador baiano sempre foi um defensor ferrenho da missão do Ministério Público, missão que os mesmos senadores que o derrotaram na votação da última quarta-feira queriam banir da Constituição pela aprovação da Pec 37, a da impunidade. Aquela Pec que a sociedade, nas ruas, derrotou.

Você pode acessar o BLOG DO VLAD, que aborda "temas de Justiça criminal, direitos humanos, lavagem de dinheiro, crime organizado, cooperação internacional, segurança pública e o que mais valer a pena". Há, a partir de hoje, um link do Blog do Vlad na coluna à direita do Gama Livre.