Terça, 30 de julho de 2013
por James Petra
Artigo publicado originariamente no resistir.info
por James Petra
Artigo publicado originariamente no resistir.info
O Brasil testemunhou um dos mais gritantes retrocessos
sócio-económicos da moderna história mundial: de uma
dinâmica nacionalista de industrialização para uma economia
exportadora primária. Entre meados da década de 1930 e meados da
década de 1980, o Brasil cresceu a uma taxa média de cerca de 10%
no seu
sector manufactureiro, em grande medida com base em políticas
intervencionistas do estado, subsídios, protecção e
regulação do crescimento de empresas públicas nacionais e
privadas. Mudanças no "equilíbrio" entre o capital
nacional e estrangeiro (imperial) começaram a verificar-se a seguir ao
golpe de 1964 e aceleraram-se após o retorno da política
eleitoral nos meados da década de 1980. A eleição de
políticos neoliberais, especialmente com a eleição do
regime Cardoso em meados da década de 1990, teve um impacto devastador
sobre sectores estratégicos da economia nacional: a
privatização generalizada foi acompanhada pela
desnacionalização dos altos comandos da economia e a
desregulamentação maciça de mercados de capitais. O regime Cardoso preparou o cenário para o fluxo maciço de
capital estrangeiro nos sectores agro-mineral, financeiro, seguros e
imobiliário. A ascensão das taxas de juro, como exigido pelo FMI,
o Banco Mundial e o mercado especulativo imobiliário elevaram os custos
da produção industrial. A redução de tarifas de
Cardoso acabou com subsídios à indústria e abriu a porta a
importações industriais. Estas políticas neoliberais
levaram ao declínio relativo e absoluto da produção
industrial.
A vitória presidencial do auto-intitulado "Partido dos Trabalhadores", em 2002, aprofundou e expandiu o "grande retrocesso" promovido pelos seus antecessores neoliberais. O Brasil reverteu para tornar-se um exportador primário de commodities, como soja, gado, ferro e minérios que se multiplicaram, as exportações de material de transporte e manufacturas declinaram. O Brasil tornou-se uma dos principais exportadores de commodities extractivas do mundo. A dependência do Brasil das exportações de commodities foi ajudada e compensada pela entrada maciça e a penetração de corporações imperiais multinacionais e de fluxos de financeiros por bancos além-mar. Os mercados além-mar e os bancos estrangeiros tornaram-se a força condutora do crescimento extractivo e da morte industrial.
Para ter um melhor entendimento da "grande reversão" do Brasil de uma dinâmica nacionalista-industrializante para uma vulnerável dependência imperial conduzida pela extracção agro-mineral, precisamos resumidamente rever a economia política do Brasil ao longo dos últimos cinquenta anos a fim de identificar os "pontos de viragem" decisivos e a centralidade da política e da luta de classe.