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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Laboratório mais moderno do mundo custa menos do que um estádio de futebol

Segunda, 29 de julho de 2013

Nádia Pontes (DW Brasil)
O primeiro laboratório nacional com tecnologia mais moderna do mundo assusta pelo valor, mas vai custar menos que um estádio de futebol. Para atender às especificidades internacionais, o projeto do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron está orçado em 650 milhões de reais. Ou seja, menos que um estádio de futebol. Para a dirigente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, é a ciência a chave para o desenvolvimento do Brasil.

Reunidos em Recife na semana passada, durante o 63º encontro da SBPC, pesquisadores brasileiros discutiram como fazer a ciência avançar no país, . Helena Nader, bióloga, cientista há mais de 30 anos e presidente da instituição desde 2011, não quer tirar recursos dos esportes – só quer que a ciência seja tratada da mesma forma.

Em entrevista por telefone, Nader disse que educação básica no Brasil é “muito ruim”, mas que, na universidade, o país forma pesquisadores competitivos, que quase nunca retornam ao país depois de uma temporada de estudos no exterior.

Qual a maior preocupação da sociedade científica no Brasil de hoje?
Helena Nader: É a legislação vigente hoje para a ciência. Nós estamos sob a égide de uma lei que não é voltada para a ciência: é uma lei geral, voltada para compras no sistema público. Para se comprar qualquer equipamento, ou reagentes, é necessário fazer pregão, diversas licitações… E às vezes é preciso comprar um equipamento para uma determinada pesquisa. São legislações que estão travando e burocratizando toda a ciência brasileira. É o maior entrave na vida do pesquisador.

Nós temos problemas no sistema de importação – as importações acabam levando meses, em alguns casos até um ano. Eu até comento que acho que é fantástico o que o Brasil já conseguiu fazer na ciência apesar de todo o esforço para o país não andar para frente (risos).

Na opinião da senhora, o Brasil tem condições de formar bons pesquisadores?
Para formação o Brasil está muito bem. Tanto que a grande maioria dos nossos estudantes que vão para fora do país – seja durante a graduação, na pós ou no doutorado –, é convidada a permanecer. Isso acontece, provavelmente, por causa do funil da seleção para se entrar na universidade brasileira.

Apesar da expansão da universidade pública no Brasil e do financiamento para estudo em universidades privadas, o número de brasileiros que chega às universidades é pequeno. A gente tem uma forte seleção e aqueles que entram são altamente competitivos.

A ciência no Brasil também está sendo feita em institutos de pesquisa ligados a diversos ministérios, como no Inmetro. O que nós não temos estruturado ainda como uma norma no país é a investigação no setor produtivo, nas empresas. Claro que existem exceções, como a Petrobras, que desenvolveu toda a tecnologia de exploração do Pré-Sal, a Embraer, que investe em doutores e pós doutores para fabricar aviões reconhecidos no mundo. Mas ainda não existe uma cultura de se fazer pesquisa na indústria. Mas está acontecendo uma tentativa de se reverter esse quadro.

Fonte: Tribuna da Imprensa