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(Millôr Fernandes)

sábado, 16 de junho de 2012

Depoimentos de governadores na CPMI do Cachoeira deixaram fatos obscuros

Sábado, 16 de junho de 2012

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O líder do PSOL, deputado Chico Alencar, afirmou que as declarações dos governadores Marconi Perillo (PSDB) e Agnelo Queiroz (PT), de Goiás e do Distrito Federal, respectivamente, não foram suficientes para esclarecer os fatos envolvendo seus governos e o esquema do contraventor Carlos Cachoeira. Marconi e Agnelo prestaram depoimentos, na condição de testemunhas, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, no Senado, esta semana.

“Estou entre aqueles que está insatisfeito”, declarou Chico Alencar. Segundo ele, muitos fatos continuam nebulosos e obscuros na relação entre Cachoeira e os governos de Goiás e do Distrito Federal.

Mas o deputado avaliou que a organização criminosa de Cachoeira avançou e atingiu muito mais o governo de Goiás do que o Distrito Federal. “O Estado de Goiás foi capturado pelo esquema, que tentou avançar no DF, mas acabou parando por causa dos escândalos que estouraram”, disse Chico Alencar.

Segundo o líder do PSOL, outra questão que ficou muito clara nos dois depoimentos foi a conduta de dois partidos políticos, o PT e o PSDB. Ambas as legendas queriam proteger seus governadores, enquanto a oposição atacava. “Essa é a contradição da má política brasileira, não se investiga a fundo para proteger aliados. O tom varia de acordo com quem está de testemunha, mas esse duelo partidário não ajuda, não colabora com os trabalhos da CPMI”.

Chico Alencar avaliou ainda que dois depoimentos serão mais significativos dos que os dos governadores, os de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e de Fernando Cavendish, ex-presidente da empresa Delta. No entanto, a convocação de ambos foi rejeitada n reunião desta quinta-feira 16.

Com informações da Agência Câmara e da Agência Senado.
Foto: Agência Câmara / Beto Oliveira.

Depoimentos

Tanto Agnelo Queiroz quanto Marconi Perillo negaram envolvimento com o contraventor Carlos Cachoeira.

Marconi Perillo prestou depoimento por mais de oito horas e disse que está sendo vítima de uma “grande injustiça, originada em ataques odiosos e sem limites”. Ele negou ter qualquer relação de proximidade com o contraventor goiano Cachoeira e disse jamais ter tido contato com o ex-presidente da construtora Delta, Fenando Cavendish.

O governador de Goiás afirmou que a venda da casa em Goiânia foi legal. Ele explicou que foram colocados anúncios em jornais e que o ex-vereador Wladimir Garcez, apontado pela Polícia Federal como operador do esquema de Cachoeira, ligou interessado no imóvel. Disse que foi acertado o valor de R$ 1,4 milhão, que se daria em três parcelas, março, abril e maio de 2011. De acordo com o governador, a escritura só foi passada depois que os três cheques foram compensados e que nunca se preocupou em saber a origem dos recursos pagos pelo comprador.

Agnelo Queiroz depôs por quase dez horas e insistiu na tese de que o grupo de Cachoeira fracassou ao tentar se infiltrar na máquina pública do Distrito Federal para levar vantagem em contratos e em processos licitatórios. Ele afirmou que foi xingado e tratado como inimigo pelo contraventor goiano em gravações telefônicas captadas pela Polícia Federal na operação Monte Carlo.

O governador negou a existência de favorecimento à empresa Delta , que, segundo ele, começou o trabalho na coleta de lixo do Distrito Federal em 2007 por licitação na gestão de José Roberto Arruda. Ele se antecipou e disse que disponibilizaria espontaneamente seus sigilos bancário, fiscal e telefônico – e foi aplaudido por correligionários que acompanhavam a reunião. Após fazer esse anúncio, o Perillo divulgou que também faria o mesmo.

A quebra dos sigilos foi aprovada na reunião desta quinta.


Saiba mais sobre o depoimento do governador Agnelo Queiroz, clicando no link:
 
Com informações da Agência Câmara e da Agência Senado.
Foto: Agência Câmara / Beto Oliveira.