Segunda, 13 de agosto de 2012
Repórter da Agência Brasil
O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, defensor do
ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) no processo do mensalão
disse hoje (13) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não só
sabia, como ordenou o esquema de compra de votos no Congresso Nacional
conhecido como mensalão. Segundo ele, ministros do governo da época e o
PT pagavam para partidos votarem a favor de projetos de interesse do
ex-presidente.
Para Barbosa, os projetos eram de interesse de Lula e não do governo,
pois o ex-presidente era o único com legitimidade para enviar projetos
de lei ao Congresso Nacional. "Não é de interesse do governo [os
projetos de lei], governo é Leviatã. Vamos parar com esse negócio de
governo, é interesse do presidente da República. […] Tudo isso aconteceu
sobre suas barbas e nada. Não só sabia como ordenou tudo isso ", diz
Barbosa.
De acordo com o advogado, Roberto Jefferson procurou Lula para
alertá-lo sobre o esquema do mensalão. Barbosa relatou ainda que Lula se
mostrou surpreso e chegou a "lacrimejar" após ser informado da compra
de votos. “O tempo passou e ainda nada [de tomar providências]”.
Barbosa também criticou a postura do Procurador-Geral da República de
não incluir o nome de Lula na ação penal. “Não se pode afirmar a partir
disso que o presidente fosse um pateta, um deficiente. [Lula] é safo, é
doutor honoris causa. Aqueles ministros eram apenas executivos
dele. Os auxiliares obedeceram o patrão e o patrão ficou de fora. O
procurador-geral deixou [Lula] de fora [do processo]"
Durante a sustentação oral, Barbosa confirmou que Roberto Jefferson
recebeu R$ 4 milhões do PT, no entanto, alegou que o valor foi usado nas
eleições de 2004 e, não, para votar a favor do governo. De acordo com o
advogado, foram acertados anteriormente R$ 20 milhões, mas Jefferson
recebeu apenas R$ 4milhões. “As direções nacionais do PT e do PTB
ajustaram apoio material por meio da transferência de recursos em
dinheiro.”
Segundo o advogado, Jefferson não sabia se o dinheiro recebido tinha
origem lícita ou ilícita. Barbosa disse ainda que o PT afirmou ter
tomado empréstimos bancários nos bancos BMG e Rural para fazer o
pagamento de deputados para garantir a aliança nas eleições. “Não há
nada nos autos, a não ser sua própria palavra de que ele [Jefferson]
recebeu. Isso é algum tipo de dissimulação? Não, isso é um
arrombamento”.
De acordo com o Ministério Público Federal, o ex-deputado recebeu
dinheiro do esquema operado por Marcos Valério em troca de apoio
político do PTB ao governo. Além do dinheiro ao partido, ele próprio
teria se beneficiado do esquema, ficando com milhares de reais. No
processo, Jefferson responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro.